NÃO QUERO MAIS IR Á ESCOLA ELA NÃO ME ATRAI

Flávio da Silva Lopes

 

RESUMO

 

INTRODUÇÃO

A atual educação brasileira vem passando por uma crise de identidade, não está conseguindo se firmar como um projeto político educacional capaz de despertar o interesse e a motivação dos estudantes que vão as escolas em busca de um lugar que lhes satisfaça academicamente e como sujeito humano, tornando-os sujeitos emancipados, que sejam capazes de lutar por seus interesses pessoais e coletivos.

As escolas sejam elas públicas ou particulares tem deixado de oportunizar uma educação que faça o aluno participar dela e nela com entusiasmo e querer permanecer, tendo a condição de se tornarem protagonistas de seus próprios saberes. O que temos visto são alunos que estão freqüentando escolas pelo Brasil sem interesse, motivação vontade de estudar, pois, não conseguem enxergar nela uma oportunidade de vida que lhe faça está nela, mas muito pelo contrario, freqüentar uma escola hoje tem sido quase uma obrigação imposta ora pela família ora pelo governo e nesse sentido o apelo do governo se torna muito mais forte, pois, busca a permanência do aluno na escola com políticas de assistencialismo que não efetivam de fato o ensino como algo transformador e possibilitador de novos caminhos para os estudantes.

A definição do termo escola pode ser entendida como uma instituição voltada para o ensino de conteúdos que visam a formação intelectual e moral do aluno, lugar que proporciona momentos de trocas de experiências entre as mais variadas culturas e por esse motivo podemos dizer que é o lugar de experimentar as mais fortes emoções, e é nela que passamos em média onze anos das nossas vidas, vivendo essas aventuras. Portanto, pensando nesse lugar de vivencias de formação de trocas de experiências lugar que se torna nossa “casa” por vários anos, não podemos pensar em uma escola que entremos nela e não desejamos permanecer nela. Diante disse tudo, várias indagações surgem em nossas mentes, quais são os fatores que tem levado cada vez mais alunos e famílias a estarem insatisfeitos com o atual modelo de escola em nosso país? Algumas hipóteses poderão ser levantadas na tentativa de clarificar essa questão, são elas: as escolas que vivem na modernidade e alunos na pós modernidade. O atual modelo de ensino público não oferece certezas de um futuro melhor para os estudantes. Professores desatualizados e alunos no mundo das inovações.

1. ESCOLAS MODERNAS VERSUS ALUNOS PÓS-MODERNOS

A escola é sem dúvidas uma das instituições mais importantes em nossas vidas, nela passamos boa parte dela, vivemos experiências positivas e negativas que contribuem para formação do nosso caráter e personalidade, que favorece o nosso crescimento enquanto sujeito emancipado

Da um conceito de escola ou defini-la não é tarefa tão fácil assim, pois, abarca uma abrangência muito grande, que envolve uma serie de significados e signos construídos ao longo de muitos anos, nesse sentido, ela pode ser visa e entendida de diversas maneiras, mas essa escola marcada por ideologias elitista e segregacional tem resistido às grandes mudanças sociais e culturais mantendo ainda que de forma clafumada esses ideais em nossa sociedade.

Deixando de lado um pouco a definição do termo escola e de seus significados ao longo de sua historia, passamos agora a refletir sobre o atual modelo de escola vigente em nossa sociedade e quem são os seus alunos, para falar desse assunto devemos recorrer aos modelos de escola e tendências que a cercaram durante vários anos, essa instituição de ensino era o lugar aonde o aluno ia para ser depositário dos conhecimentos detidos pelos professores, não tinha liberdade de expressão e seu comportamento era moldado aos interesses sociais, políticos e industriais do tempo, ou seja, as escolas eram verdadeiras fabricas de sujeitos dóceis, fortes e prontos a atender aos interesses da classe dominante, essas escolas se tornaram como diz Rubem Alves “gaiolas” verdadeiras prisões de sonhos, idéias que privam o homem de usufruir daquilo que tem de mais especial que é a liberdade de voar, sonhar e conquistar.

Nesse sentido, RUBEM ALVES trás uma contribuição muito importante ele afirma:

Nossas escolas são construídas segundo o modelo das linhas de montagem. Escolas são fábricas organizadas para a produção de unidades biopsicológicas móveis, portadoras de conhecimentos e habilidades. Esses conhecimentos e habilidades são definidos exteriormente por agências governamentais a que se conferiu autoridade para isso. Os modelos estabelecidos por tais agências são obrigatórios, e têm a força de leis. Unidades biopsicológicas móveis que, ao final do processo, não estejam de acordo com tais modelos são descartadas. É a sua igualdade que atesta a qualidade do processo. Não havendo passado no teste de qualidade-igualdade, elas não recebem os certificados de excelência ISSO-12.000, vulgarmente denominados diplomas. As unidades biopsicológicas móveis são aquilo que vulgarmente recebe o nome de “alunos. ( Rubem Alves, 2001).

Não podemos dizer que muitas escolas mesmo que de forma tímida não evoluíram juntamente com as transformações e mudanças sociais, mas a grande verdade é que as escolas atuais não satisfazem mais aos interesses de sua clientela, ir a escola hoje para muitos alunos é cumprir com uma obrigação imposta pelas leis de “incentivo” a educação e permanência na escola e por exigências familiares que lhes impõe uma carga dura e pesada de se levar que e freqüentar uma escola que não lhe atrai, ou seja, estamos em uma escola moderna e alunos em pleno vapor na pos modernidade, essa escola tem por finalidade formar sujeitos supostamente autônomos e emancipados apto a ser protagonista de seu próprio saber, como diz Basbaum, (1982) em Alienação e Humanismo: “Pelo trabalho, o homem se aliena. Pela educação, preparam-no para a alienação. A educação é assim a maior arma de que dispõem os senhores da propriedade privada, para que tudo continue como está”

2. O ATUAL MODELO DE EDUCAÇÃO NÃO SATISFAZ AOS INTERESSES DOS ALUNOS

 

Nossa educação ainda está fundamentada em métodos tradicionais que não conseguem satisfazer os desejos dos alunos, são requisitos dessa escola os ensinos pautados em notas, freqüência, filas, chamadas, salas com carteiras enfileiradas, etc. Esse modelo de educação sustenta a idéia de aluno como reprodutor, sujeito acrítico formado para obedecer a uma ordem já pré-estabelecida.

Diante desse cenário surgiu o “homeschooling” que propõe uma educação domiciliar, ou seja, crianças em idade escolar são instruídas em casa por um membro da própria família ou por outra pessoa que com ele habite, são vários os países que adotaram esse tipo de ensino como, por exemplo, Estados Unidos, Áustria, Bélgica, Canadá, Austrália, França, Noruega, Portugal, Rússia, Itália e Nova Zelândia, no Brasil esse tipo de ensino é crime previsto em lei, mas vale ressaltar que varias famílias insatisfeitas com o ensino oferecido no país lutam para regularizar o ensino domiciliar, sobre esse assunto, Ricardo Iene, cofundador do (ANED) Associação Nacional de Ensino Domiciliar, calcula que, pela quantidade de e-mails que recebe, sejam mais de 2 mil famílias educando seus filhos em casa no Brasil.

O que nos revela na verdade esse tipo de comportamento é o descrédito no atual ensino do Brasil, as famílias e alunos não sentem mais vontade de participar de uma escola em nosso país, e a busca por uma educação alternativa tem ganhado força e levantado ao menos uma reflexão profunda no tipo de educação que estamos vivenciando, se necessita de uma educação domiciliar não sabemos, pois precisa de muito debate para firmar uma proposta dessas, mas o que temos enxergado e percebido é a necessidade de rever o ensino no Brasil desde sua concepção seus métodos e objetivos, um ensino que não seja atrativo não tem poder de mudar e transformar uma realidade, para que isso ocorra o ensino precisa ser o que o aluno é dinâmico, criativo e inovador.

3. PROFESSOR, ISSO JÁ SEI

 

Não da para imaginar um aluno sentado em uma cadeira durante 05 cinco aulas ouvindo o professor falar por horas a fios de algo que o aluno já conhece, ou ouviu falar, chega uma ora que ele não está mais ali, e pede para que a aula termine o mais rápido possível, isso vem de encontro com o que diz Mozart Neves Ramos  "A informação hoje não está mais só com o professor. O aluno não vai mais agüentar alguém só falando por uma, duas, três horas e só escutar",

Ainda esse mesmo autor diz: "Temos uma Escola do século XIX, um Professor do século XX e um Aluno do século XXI". O que estamos a presenciar são escolas totalmente desprovidas de prazer, de atração e que não são suficientes para seus alunos, e nessas escolas estão também professores que não “mechem” mais com a criatividade e o potencial desses alunos, professores insatisfeitos com a sua profissão por questões de valorização profissional e salarial dentre outros fatores, mas também existem aqueles que estão acomodados e não buscam formações que lhes são muito importantes para sua formação e crescimento profissional.

O professor necessita independentemente de vários fatores que sabemos ser importantes e estimulantes para sua profissão e valorização que lhe são furtados, ter a coragem de se tornar um profissional desconhecido, que planta a semente da certeza de um futuro melhor, da coragem, do otimismo, da crença que é possível lutar por uma sociedade melhor e mais digna, no ambiente que muitos não enxergam e desvalorizam, mas que o professor conhece muito bem, ambiente esse chamado “sala de aula”. É esse professor que sabe que mesmo diante de seus maiores esforços não serão reconhecidos, vistos e valorizados, mas tem a certeza e convicção de que sua semente está germinando e ela dará fruto, e a coragem está aqui, no fato de que o “outro” colherá seus frutos e receberá seus elogios e prestígios, mas o professor desconhecido para muitos não para ele mesmo, saberá que valeu a pena plantar e que o sucesso maior é ter a sua consciência tranqüila e sabedora que cumpriu com sua missão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS;

 

ALVES, R. escola sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. [S.l.]: Campinas , 2001.

 

BASBAUM, L. Livro Alienação E Humanismo. [S.l.]: Global, v. 5, 1982.

 

FORMOSINHO, J. UTILIZAÇÃO DO CONCEITO DE ALIENAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR.disponivel em: http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223480121U4yXT2gk3Ee07BX1.pdf

 

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/11/131104_educacao_domiciliar_abre_vale_mdb acessado em: 5/03/2016. As 20:54 min

 

http://www.todospelaeducacao.org.br/educacao-na-midia/indice/32954/escola-do-seculo-xix-nao-consegue-atrair-jovens/