AS PALAVRAS DAS IMAGENS 18

NÃO ME CALAM REDONDILHAS

(ilustraram mais algumas das minhas fotografias publicadas no facebook)

Do livro de Afonso Valente Batista, “A indiferença é morrer com a solidão aos pés da cama”:

"Não há uma página que não seja dolorosa, cruel, mesmo brutal, mas admiravelmente bem escrita" Do prefácio de Urbano Tavares Rodrigues (2012). Um poema sobre o título! Único.

"São os meus vizinhos.
Passam todos os dias à minha porta. Não batem.
Nunca bateram. Saem cheios de importância na solidão de seres solitariamente importantes. Já esperei que um dia batessem à minha porta. Foi uma esperança que se arruinou em desconsolo. Ficaram os ruídos, os barulhos, a ausência..."
(p. 43).

Agradecimento, em aniversário (62)

Fazer anos tão bem calha.
A vida mais pesa: certeza.
Mas meus queridos amigos,
Tantos mimos. Que leveza!

Jardim

Rasgai
Arado
O úbere 
Da terra
Jardim 

Esperado
O fruto
Puro
Assim

"Diário

Seja o que for
Será bom 
É tudo"

Daniel Faria, Poesia, Quasi

 Madrugada de Abril

Era noite e fomos acordados
Na prisão que trazia ao pó da terra.
Alguém velava. E à janela aberta
Ouvimos-lhes a voz livre:
"Livres sois!”

As paisagens dos nossos sítios são desmedidas!

Uns são muito, muito bons!
- Os outros
- dizem uns -
são maus.

E mais:
pregam alto terem dons
armados de varapaus!

 Castelo Novo, em abril

...verde que Abril alcança
no espelho do metal
da arma que o povo tem
garantia da esperança...

Liberdade

Já tenho uma certa idade:
Senti guerra e ditadura.
Conquistei a liberdade.
Com ela só com lisura.

E que bom esta vaidade!

Mas às vezes uns calafrios.
É ela mesmo a senhora?
Oh se a tratam por desvios
Não assina como autora."

Cerejas 

Como se o barco partisse
Em abundância medida
Na transparência das flores
De filhos rubros sortida. 


São noites de lua cheia…

Ergue-se, ainda o sol vai passar.
A noite amestra-se; 
ela cativa.
Enfrenta o sol 
e mostra-se altiva.

E o rei à noite a ela fá-la diva! 

A torre, o vento e as eólicas...

Ela, em si, rija e fiel,
Nunca teve descaminho.
O vento tentou-lhe a cruz
Porque há sempre um diabinho
Mesmo sendo de Jesus.
- Ah os cornichos além!
Vade retro, vento bruto,
Que és danado cem por cem!

(Souto da Casa)

Tenho os meus livros caóticos

Tenho os meus livros caóticos:
Goethe, Camões, Mao Tsetung…
Tantos colhi. Oh provei
no meu templo, apoteóticos!

Não! 
Não desminto, 
nem ajusta que resmungue!

Ilustração

Não sentencies…
Aprende. Sai desse lugar tão ínfimo,
Que cabe a cada homem -
A casa onde habitas, 
A pequena horta que te dá o pão
E o terreiro onde as pessoas já não vão -
E procura ver, 
Com olhos serenos e límpidos
Filtrados pelo teu juízo puro do bem e do mal,
Sem abalares
O teu ímpeto.

Sai e vai afoito para esses lugares que alvitras,
E conquista-os com o sabor da justiça.
E, já lá, não julgues ainda.
Então faz,
E deixa que os outros 
Façam o juízo de ti.