Nosso começo um pouco atípico já me dizia que não seria fácil, mas esse é aquele tipo de sentimento do qual não se consegue fugir, por mais que um pressentimento de risco te atinja ou ainda que todos os sinais te digam pra se proteger. Você estava em todos lugares que minha mente pudesse habitar e uma força muito maior me puxava pra dentro dessa história. 

Então nossos primeiros dois meses foram como o de tantos outros casais no início de um relacionamento. Tínhamos aquela esperança ingênua de que qualquer problema seria resolvido porque éramos feitos pra durar pra sempre. 

Nas primeiras brigas já se tornou claro que nem tudo podia se concertar com beijos. Palavras  ditas no calor de um momento podem perdurar no tempo, transformando-se em mágoa guardada e futuramente em arma para novas intrigas. 

Queria ter enxergado o quanto sairíamos machucados e parado enquanto dava tempo. Mas ao contrário disso, cada dia mais me aperfeiçoava na arte de encontrar argumentos para te vencer. Tínhamos nos tornado inimigos, competidores. Mas eu não me dava conta disso, tampouco você. 

 No auge do nosso descontentamento, em um dos dias das nossas lutas verbais  eu olhei nos seus olhos e encontrei o meu cansaço refletido, que também era o seu. Nenhum de nós sabia como terminar isso. Nenhum de nós queria dar o braço a torcer e admitir que nós não éramos feitos pra durar. Nenhum de nós aceitava o que no fundo a gente já sabia, nós tínhamos acabado faz tempo.