Não deixem os fumês impedirem a visão dos meninos...

Ainda a pouco saí duma galeteria, gastei 43... Na saída, dois meninos me pediram um real... Baixei o vidro e atirei-lhes uma moeda. Vi que tinham mãos de adultos, rostos de sofrimento... Peles escamosas, de meninos encardidos, despejados de berços de vime...  Esmurrei vergonhas... Exumei sensibilidades...  Na tentativa de desmascarar sonhos roubados!...

Esbofamo-nos pelo direito de nascer, depois descansamos... Enquanto o mundo se descortina à frente de tantas crianças... Esticadas pra ser adultos... Num percurso longo, penoso, que definha coragens, traga sonhos... 

Desdita saboreia meninos...

Enquanto choramos ao tropeçar em pedras, em gente não...