Olhando bem pra janela da memória;
um sol se pondo.
Eu vi um velho me olhando
com o desdém da amargura.

Eu vi o velho me olhando
com seu desprezo tão nítido
entorpecendo minha alma e destruindo a esperança.

Eu vi a criança brincando
e ali estava o seu mundo
e nada mais existia para ele
além dele próprio.
Ele mesmo e o seu mundo.

Olhando bem pra janela do meu mundo
eu vejo a rua
e lá a vida passa se cruzando percebida
que as vidas passam na esquina.

Olhando pra rua; via amigos mortos
e o sangue no chão corria em minhas veias
como os carros nas ruas.
Amigos mortos!

E sei a vida continua, mesmo sem a paz de um tempo já ido.
E lembrando... eu vejo no cristal que eu olho
que nada mais me perde e guia além de um desejo;
claro, cíclico, findo...