PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 28.03.2011, horário: 14:30 horas:

Estava na Central de Polícia de Blumenau e encontrei a Delegada Brícia que foi me confidenciando que votou na nossa chapa, mas que seu namorado (Delegado Denis), não pode votar porque teria viajado. Lamentei.

Data: 29.03.2011, horário: 14:20 horas:

Estava na DRP de Joinville e me dirigi até o gabinete do Delegado Regional para saber das novidades. Para minha surpresa encontrei Dirceu Silveira abatido e quando me viu entrar foi desabando:

- “Olha Felipe, fiquei mal com o resultado, sinceramente, não esperava, pensei que seria diferente. Fiquei mal não com nós, mas com os Delegados que não souberam escolher o melhor para a instituição. Agora o futuro ficou preto, não chego nem a ver futuro para nós. Na minha opinião agora é só uma questão de tempo, a gente só vai morrendo. Tu sabes onde é que o ‘Grubba’ foi passar o Carnaval, tu sabes com quem ele foi passar? Ele foi passar em Piratuba, ele e a mulher com o Coronel Nazareno. Então, agora nós estamos perdidos de vez. Essa cúpula aí, coitados!”

Não dava para dizer que Dirceu Silveira não “vestia a camisa da instituição” como poucos... Interrompi:

- “Mas dizem que nós temos três Delegados fortes aí no governo, o ‘Marlus’ (Malinverne), o ‘Marcio’ (Fortkamp) e o Aldo (Pinheiro D’Ávila), não é?”

Dirceu continuou seu desabafo, demonstrando certo ar de decepção com o resultado das eleições “Adepol”:

- “Coitados! Olha Felipe, fiquei muito triste com o resultado das eleições, esses Delegados novos aí me decepcionaram, no que eles pensam, heim? Bom, dizem que cada povo tem o governo que merece, então nós fizemos por merecer. Sinceramente, eu esperava que eles olhassem as nossas propostas, mas não olharam”.

Interrompi:

- “Ah, Dirceu, que nada, vamos partir para outra, não perca o otimismo, já pensou os policiais te verem assim aqui em Joiinville? Procure pelo menos demonstrar otimismo, a gente vai voltar”.

Dirceu insistiu que para ele tudo estava acabado. Argumentei ainda que o Delegado Alber havia postado uma mensagem na “rede” informando que a “semente havia sido plantada”. Dirceu Silveira não manifestou qualquer otimismo e parecia completamente desolado, enquanto eu me sentia verdadeiramente impotente para poder mudar seu estado de ânimo. Perguntei quem foram os Delegados da região que votaram na chapa do Delegado Renato Hendges e Dirceu Silveira foi enumerando um a um:

-“Ah sim, Felipe (Luiz Felipe Solar Dal Fuentes), foi o Zulmar (Valverde), a Lurdes Zachi, o Rogério Zattar, o Wolf e o Enio. Eu sei que nós enumeramos sete Delegados aqui que votaram nele”.

Depois da conversa com Dirceu Silveira minha visão sobre ele passou a ser muito mais profunda, estava ali um homem frágil, sensível, atingível e que talvez por baixo da sua pequena estatura, corpo franzinho e fraco, estava ali alguém realmente preocupado com o futuro da instituição, com o nosso fortalecimento institucional, com o nosso futuro e que acreditava que juntos poderiamos ter feito a diferença.

Horário: 22:10 horas:

Depois de encerramos os trabalhos correcionais em Joiinville, já de retorno para a Capital, chegamos no restaurante “Recanto da Sereia”, em Itapema, onde fomos jantar. Sentamos na mesa eu, Silvane, Ester e Sandra Andreatta. Num determinado momento, Sandra começou a relatar que uma fonte segura tinha afirmado que o Governador Colombo se negava a receber em audiência o Delegado Renato Hendges, na condição de Presidente da Adepol. Aproveitei para relatar parte da conversa com o Delegado Dirceu Silveira, especialmente, sobre o que comentou a respeito do Delegado Renato Hendges que lhe telefonou tempos atrás perguntando se tinha condições de agendar uma audiência com o governador e que achou aquilo esquisito, como é que o Presidente da Adepol queria que ele...

Sandra reiterou que de fonte segura soube que o governador não queria nada com o “Renatão”. Aproveitei para esclarecer que o Delegado Julio Teixeira tinha me confidenciado que realmente o governador não queria receber o Presidente da Adepol  e que tinha perguntado para Renato Hendges se essa informação procedia, tendo ele esclarecido que não era bem assim e que na verdade o governador não queria recebê-lo para não dizer um “não”, pois sabia qual era o seu pedido. Ester me olhou e fez o seguinte comentário:

- “Tá vendo, o Renato disse que vai te procurar para vocês dois trabalharem juntos, ele quer aproveitar algumas das tuas idéias, que é hora da gente se unir...”.

Pensei comigo: “Duvido que isso ocorra, duvido que o “Renatão” tenha essa humildade, esse discernimento, muito provavelmente quis fazer média com Ester Fernanda porque sabe da nossa amizade. Também, duvidava que ele fosse aderir as nossas propostas, em especial, a de “autonomia institucional”, mas deixa o tempo rolar”.

 

Data: 01.04.2011 – “Lúcia Stefanovich em evidência”:

“A PIONEIRA E A DEPUTADA - Um encontro promovido pela bancada feminina da Assembleia, ontem, trouxe à cena política a atuante delegada Lúcia Stefanovich – da 5ª DP da Capital –, que aparece, à esquerda, ao lado da deputada Angela Albino (PC do B). Lúcia, sempre filiada ao seu PMDB, foi a primeira delegada de polícia concursada, primeira delegada-geral da Polícia Civil e a primeira secretária de Segurança Pública do país. Tanto pioneirismo não passaria em branco no evento onde foi lançado o livro Os 25 Anos da Delegacia das Mulheres de Florianópolis – coordenado por Luiz Fernando Neves Córdova, com as participações de Marilande do Rocio Teixeira, Maria Toneli e Caio Simão –, que relembra a instalação da segunda unidade do gênero no Brasil. Delegacia, aliás, criada por Lúcia Stefanovich. Angela Albino propôs fazer a divulgação da obra em Brasília e entregar um exemplar à presidente Dilma Rousseff. Um abaixo-assinado, que circulou entre as presentes, pede à prefeitura a instalação de uma casa-abrigo para mulheres vítimas da violência” (DC, Roberto Azevedo, 01.04.2011).

Data: 05.04.2011, horário: 14:30 horas:

Estava na DRP/Joinville e fui fazer uma diligência com o Delegado Luiz Felipe Solar Fuentes (segundo Dirceu Silveira ele teria sido um dos votos na chapa de Renato Hendges) até o pátio de estacionamento de veículos apreendidos a fim de constatar a existência de um veículo reclamado pela Justiça. Durante o percurso conversei com Luiz Felipe e perguntei o que o pessoal de Joinville tinha achado do resultado das eleições da Adepol. Ele me respondeu que conforme o Delegado Alber havia escrito na rede foi lançada uma “semente”, referindo-se a idéia de “autonomia institucional”.

Aproveitei para comentar com Luiz Felipe que se tivéssemos ganho as eleições a estratégia seria nos três primeiros meses começarmos uma campanha institucional direcionada à valorização dos Delegados, mostrando no horário nobre da televisão a importância dos serviços prestados pela Polícia Civil, dando ênfase à questão das ingerências políticas nos serviços policiais e da necessidade de se mudar esse quadro. Nos três meses seguintes, a campanha institucional seria a “Defesa da Mulher vítima de violência doméstica”, procurando orientar as pessoas como proceder nesses crimes e cobrando da direção da Polícia Civil a adoção de medidas necessárias para que a instituição aperfeiçoasse esses serviços. No segundo semestre o foco seria colher quinhentas mil assinaturas para fins de uma “PEC” de iniciativa popular, formando comitês em todas as cidades, com a participação de Delegados e policiais civis numa campanha intensa e permanente no sentido de esclarecer as pessoas sobre a importância de se ter uma “polícia” a serviço da sociedade, também, a importância de se mitigtar ingerências políticas na Segurança Pública, ao mesmo tempo fazendo uma frente parlamentar para que Deputados passassem a apoiar nosso projeto que teria que dar entrada na Assemblelia Legislativa até o final do ano. Luiz Felipe ouviu meu relato e comentou que a partir do resultando das eleições da Adepol/SC a pressão sobre a direção da entidade passou a ser muito grande. Duvidei em silêncio do que ele tinha acabado de me dizer e pensei: “mas milagres acontecem”. Quando chegamos no “pátio” do estacionamento, Luiz Felipe parecia focado em encontrar o “Fiat Tipo” e de me mostrar os números nos pára-brisas, comentando:

- “Olha, tá vendo esses números aí, fui eu que fiz, ainda bem que eu que fiz!”

Luiz Felipe queria me dizer que se não tivesse tomado essa iniciativa ficaria muito difícil se obter informações sobre tantos veículos existentes naquele depósito. Diante disso, pensei: “Tudo bem, tudo bem, mas como nossa pessoal está cheio de serviços para ocupar suas mentes, certamente que não teremos tempo de pensar na Adepol, no nosso futuro institucional, e todos acabam sendo consumidos pelo quotidiano trivial, e assim vendo a vida vai passar, passaremos todos nós”.  

Horário: 16:00 horas:

Ainda me encontrava na DRP/Joinville e fui conversar com o Delegado Dirceu Silveira que quando me viu entrar em seu gabinete passou a desababar que estava gripado. Pensei: “Puxa, esse cara realmente tem uma saúde frágil”. Mas Dirceu naquele “círculo deérrepeano” mais parecia um maestro fazendo firulas e piruetas, sem perder jamais o foco na DRP. Pude observar que Dirceu Silveira ainda estava sentido com o resultado das eleições da Adepol, muito embora já parecesse mais resilente, fazendo o seguinte comentário:

- “Olha, Felipe, agora nós estamos muito mal. Eu me preocupo porque a nossa cúpula está muito fraca. Imagina, o Aldo está dando aula na faculdade lá em Rio do Sul, tem que ir para lá à noite e eu aqui na DRP não tenho tempo nem de me coçar, então imagina ele...”.

 Depois que deixei a DRP de Joinville fiquei pensando no que teria dito a Delegada Ester Fernanda Coelho, sobre a possibilidade de Renato Hendges me procurar. Obviamente que se isso viesse a ocorrer certamente que eu teria que detonar novamente a “Assembleia-Geral de Treze Tílias”, os projetos da “carreira jurídica” e dos “subsídios”... A seguir me veio a última frase do Delegado “Pedrão” (Pedro Benedeck Bardio), quando passei por ele na sede da Adepol-SC (ele estava numa cadeira de rodas sendo conduzido pelo seu fiel escudeiro Delegado Adalberto Ramos), após as eleições e ele vaticinou que na próxima eu chegaria à presidência. Só que ele não sabia que a aprovação dos projetos de “Renatão” (tão combatidos por mim), inviabilizariam qualquer postulação no futuro... Aliás, seria um paradoxo, porque qualquer futuro presidente teria que reivindicar melhorias salariais encima dos “subsídios”, o que se transformaria num desafio indômito considerando que isso dependeria da boa vontade dos governos, mais, ainda, beneficiaria todo universo da “Segurança Pública”, inclusive “IGP” e, talvez, o “Sistema Prisional”. Então, teriam os Delegados tanta força para mover essa “montanha?” A questão é que os futuros presidentes da Adepol terão que enfrentar um verdadeiro dilema em suas gestões: “jogo de habilidades desenvolvendo uma gestão baseada em brindes, encontros anuais, defesas jurídicas... e, outros, terão que partir para o enfrentamento com o governo”. O problema é que no enfrentamento o que estará em jogo é mover essa montanha habitada, especialmente, pelo universo de  policiais (civis e militares), peritos e, talvez, agentes prisionais. Sim, fé e esperança que são capazes de mover essa imensidão e do outro lado os governos negociando moedas. Quanto ao futuro da Adepol-SC? Certamente que não eu...!!! De qualquer maneira o jeito é se esperar os próximos passos do Delegado Renato Hendges esperar que ele venha nos procurar?!?!