PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 25.03.2011, horário: 10:30 horas:

Estava na Corregedoria da Polícia Civil e resolvi ir até a sala ao lado para uma conversa com o Delegado Nilton Andrade que logo foi me questionando:

- “Aquele negócio dos cem reais é que não pegou bem, podia ter deixado de lado neste momento...”.

Aproveitei para rebater:

- “Ah, Nilton, aqueles cem reais foram apenas uma forma simbólica que eu tive para sentir o pessoal, foi uma forma de provocação para ver a reação...”.

Nilton argumentou o que já tinha me dito antes:

- “A gente sabe que não dá para ganhar, é muito difícil, mas depois disso que tu fizestes, desse agito todo, fica para a próxima, mas esses cem reais tu poderia ter deixado para depois, não achas...?”

Interrompi porque sentia o peso da preocupação de Nilton com o futuro:

- “Bom, como eu te disse, a história dos cem reais foi mais um desafio para medir como estamos, pode ser que nunca seja proposto, mas eu acho que se for para a gente ganhar vai ter que ser com legitimidade, não pelos cem reais. Imagina, se mesmo assim o pessoal resolver votar em nós com ou sem esses cem reais, significa que estão dispostos a tudo e apostando em nossas ideias, é pagar para ver, do contrário, prefiro que percamos. Mas podes ter certeza que se o pessoal votar em nós com esses cem reais aí é porque nós estamos como legitimidade...”.

Nilton concordou dizendo que eu estava certo e comentei: 

- “Olha, Nilton, às vezes a gente tem que perder para ganhar, e isso está acontecendo agora...”.

(...)”,

Horário: 14:15 horas:

Já tinha recebido dois telefonemas da Delegada Sandra Andreatta avisando que estava me esperando em frente da sede da Adepol.  Estava já próximo do cruzamento das Ruas Felipe Schmidt com a Jerônimo Coelho (centro de Florianópolis) e encontrei o Delegado Nilton Andrade que já tinha votado e retornava para a Corregedoria. No encontro Nilton bateu no meu ombro e com um riso provocativo foi dizendo: “Vai lá, vai lá vaí!”

Horário: 14:25 horas:

Estava em frente ao Edifício Joana de Gusmão (sede da Adepol) e encontrei Sandra Andreatta e Julio Teixeira conversando no meio do calçadão. Fui me aproximando e observei que Julio Teixeira fumava dando a impressäo que “comia” o cigarro. Dei um beijo na Sandra e, em seguida, insinuei um abraço em Julio, entretanto, ele foi se esquivando, deixando escapar a impressäo de muita proximidade... Obstei o gesto quando notei que Julio interpretou que iria beijá-lo. Fiquei pensando: “Esse Julio é meio sismático e às vezes doido!” Perguntei para Julio Teixeira se já tinha estado lá encima e votado e ele mostrou o cigarro dizendo que só desceu para fumar mais um. Observei que  a Delegada Ivete (esposa do Delegado Alber) já tinha votado e parou para me cumprimentar, deixando escapar um sorriso que expressava confiança. Fui ao seu encontro e a beijei. Em seguida, Sandra estava me aguardando e notei que uma outra Sandra se aproximava (era a Delegada Sandra Mara Pereira, Delegada Regional de Säo José que estava chegando para votar). Lembrei que as duas “Sandras” haviam rompido uma amizade de anos em razão da Agente Nádia - que segundo me contaram – teria dado encima do “n.” de uma delas (o tal do “Vado”...).  Sandra Mara olhou e chamou pelo meu nome, com um sorriso que me chamava ao seu encontro. Procurei retribuir também com um beijo, mas näo pedi seu voto porque sabia que ela havia se manifestado na “rede” favorável a chapa do Delegado Renato Hendges (RUMO CERTO).

Em seguida retornei até Julio Teixeira e Sandra Andratta e percebi que já era hora de subir para votar e acompanhar os acontecimentos na sede da Adepol. Julio preferiu permanecer embaixo e imaginei que não tinha mais interesse de retornar até a sede da Adepol. Quando subia pelo elevador na companhia de Sandra fiquei pensando em Julio que ficou para trás e pensei: “Deve ter subido e o pessoal não deu muita importância, passou despercebido... Também, com todos aqueles Delegados aposentados que devem estar lá em cima. Depois, alguns não iriam  perder a oportunidade de melindrá-lo, ignorá-lo até como forma de uma chamada moral, já que integra nossa chapa...”. 

Logo que entrei na sede da Adepol avistei o Delegado “Renatão” na porta de entrada, tendo o Delegado Artur Carlos Sell na sua companhia, dando a nítida impressão que estavam “recepcionando” os Delegados que chegavam fazendo “ boca de urna”. Aproveitei para alfinetar:

- “Olha, assim não dá, não vale ‘boca de urna’, aí não tem condições, se não bastasse terem a ‘maquina’ da Adepol nas mãos...”.

Fui cumprimentando os Delegados que encontrei pelo caminho enquanto que Sandra ficava para trás porque foi cumprimentando conhecidos. Logo que passei pelo local do cafezinho encontrei os Delegados Aldo Pinheiro D’Àvila e Antonio Marlus de Arruda Malinverne conversando e fui cumprimentá-los. Aldo procurava manter aqueles ares de discrição  temperado com um misto de “estadista”, ao mesmo tempo que encarnava a figura de “Chefe de Polícia”. Marlus transpirava um pouco de “afetadão” em razão da visibilidade ao lado de Aldo.

No momento que fui cumprimentar Marlus pude perceber no ar que que havia sido dada uma ordem de “abandonar” o local. Um detalhe, havia um balcão no local do cafezinho e obervei que havia um Delegado quase que careca sentado de maneira sóbria conversando com algum colega. Olhei e não reconheci, razão porque não o cumprimentei, depois fiquei sabendo que se tratava do Delegado Eloi Gonçalves de Azevedo, já aposentado, vivendo pelos lados do município de Rancho Queimado, numa comunidade terapeutica de recuperação de drogados.

No momento que cheguei na mesa para votar encontrei a comissão formada pelos Delegados Wilson Maes, Clovis e mais um outro. O Delegado Maes chamava a atenção porque já estava com a idade bem avançada, e mesmo assim usava um óculos de surfista. Fiquei pensando: “Esses são todos do lado do Renato e do Sell, tudo gente simpática a eles... “.  Depois que votei retornei até a área do cafezinho e encontrei o Delegado Jonas, piloto de helicóptero da Polícia Civil, que tinha me indagado na “rede” sobre a política a respeito do “plano de saúde”. Conversamos sobre o assunto e Jonas explicou que tinha sérios problemas de saúde na família e estava preocupado com o futuro do plano da Adepol que se expiraria em alguns meses. Argumentei que já tinha postado a minha sresposta na “rede” e Jonas confirmou que leu. Em seguida constatei que chegaram os Delegados Jorge Xavier e Alber. Jorge veio se justificar sobre o motivo do seu atraso, já que era próximo de quinze horas. Observei que junto da janela frontal que dava para rua, no meio da sala estava sentado o Delegado Pedro Benedeck Bardio, com seus oitenta e dois anos, ladeado por fieis escudeiros, ou seja, Delegados Adílio (doente em razão de um AVC), Adalberto (com problemas no coração) e um outro que não lembrava o nome. Fui ao encontro do Delegado “Pedrão” e o cumprimentei fazendo uma “concha” com as minhas duas mãos, eu de pé e ele sentado, já que apresentava sérias limitações de locomoção em razão do seu peso, diabetes, idade... Enquanto cumprimentava “Pedrão” e mirava diretamente seus olhos ele exclamou:

- “Meus pêsames, Genovez, meus pêsames, Genovez pela morte do teu pai”.

Foi a primeira vez que vi sinceridade, humildade naquele que durante anos procurou me afrontar, desafiar, numa espécie de “perseguição”.  Agora, “Pedrão” reveleva respeito e fiquei pensando em frações de segundos: “Será que foi porque o tempo revelou quem realmente eu era, toda a minha luta institucional? Que nunca estive atrás de poder.  Ou será que foi por meu trabalho na Corregedoria, junto com Nilton Andrade? Ou, ainda, será que foi em razão dos procedimentos que presidi, em especial, para investigar Delegados antigos? Bom, acho que foi tudo isso e muito mais”. Em seguida “Pedrão” foi me aconselhando:

- “Genovez, você é uma pessoa inteligente, não te esqueça, você é uma pessoa inteligente, então se não der dessa vez tu podes ter certeza que da próxima tu vais”. 

Na verdade eu já tinha ouvida aquilo do Nilton Andrade e dava para perceber que o grupo do “Pedrão” estava fechado comigo e acreditava nas minhas ideias, só que não passava por minha cabeça ser novamente candidato, já que minha missão estava cumprida (divulgar o projeto da autonomia institucional). “Pedrão” aproveitou minha presença para rememorar fatos do passado, chegou a citar numa das passagens do Capitão Jurandir na cidade de Joaçaba, naquela época em que era Delegado Regional (década de setenta), mas só que eu não entendia quase nada que ele “remungava”. Dava para perceber que “Pedrão” estava na reta final  e enquanto rememorava seus feitos o Delegado Adalberto fazia coro, dando vivas aos seus contos. Já o Delegado Adílio se esforçava para estar ali, todos se sentindo honrados com a minha presença. Um fato que me chamou a atenção foi como “Pedrão” ainda demonstrava ser uma pessoa quase que “sobrenatural”, com uma energia de “guerreiros vikings” ou coisa parecia e pensei: “Deve estar acessando a internet, deve estar informado de tudo o que ocorre na ‘rede PC’, ou então, Nilton Andrade, Adalberto, Ademir Serafim e outros se revezaram na sua residência relatando tudo o que ocorria na instituição, quem era quem”. Num determinado momento recebi a informação de que havia uma ligação para mim na recepção. Estranhei o fato e fui atender a chamada, descobrindo que se tratava do Delegado Regional de Tubarão querendo conversar comigo a respeito de uma denúncia que fizeram contra o mesmo e que resultou na instauração de uma sindicância. Pensei que o Delegado Poeta tinha me ligado para dar apoio, mas logo percebi que não era nada daquilo, e sim uma preocupação com quem o teria denunciado. Argumentei que era para Poeta entrar em contato com Silvane na Corregedoria e dizer que eu havia autorizado receber cópia da portaria da sindicância.

Em seguida liguei para Silvane que me relatou que o denunciante havia feito contato e estava apavorado porque não imaginava que havia sido instaurado um procedimento disciplinar e que pensava que seria feita uma investigação sigilosa, a partir de um serviço de inteligência. Orientei Silvane a remeter a portaria inicial só com as iniciais do nome do denunciante (Sr. Bressan, de Tubarão). Depois dos telefonemas fiquei pensando: “O denunciante disse que Poeta e outros policiais estavam envolvidos na prática de c. c. que vão de envolvimento com “t”. de “d”., donos de “m”. “c”. “n”., “b”. e etc...”.

Voltei minha atenção ao processo eleitoral e procurei me aproximar do Delegado Renatão que agora estava sentado na cadeira do seu gabinete, dando a impressão que passou a adotar uma postura mais discreta depois de ouviu meus protestos de que estava fazendo “boca de urna”.

Logo que entrei em sua sala fui reiterando:

- “Assim não dá, é uma campanha desproporcional, é uma luta de ‘David contra Golias’”.

Renato contraditou:

- “Eu não conheço essa história”.

Argumentei:

- “Como não conheces?” 

Renato Hendges esboçou um sorriso carreado de ironia enquanto permanecia afundado em sua poltrona de presidente.

A seguir Renato Hendges se ergueu e veio ao meu encontro para irmos tomar um cafezinho. No percurso, logo que ganhamos a sala, na presença de todos os Delegados ele me puxou e arrematou em voz alta para todos ouvirem:

- Genovez, diz pra todo mundo ouvir que tu és contra a carreira jurídica, que tu és contra os subsídios. Diz aí para o pessoal ouvir, diz!”

Percebi que era uma provocação na frente dos Delegados que cessaram as conversas para ouvir o resultado da provacação com ares de triunfo de Renato Hendges. Sem perder muito tempo para pensar, argumentei em voz alta com ares de discurso:

- Espera aí, eu já escrevi na rede, o que nós defendemos é a incorporação das horas extras e adicionais noturnos aos vencimentos de todos os policiais. Neste momento não podemos reivindicar subsídios, é um risco, vamos ficar com os salários congelados durante anos, não tempos as garantias que têm a magistratura e o Ministério Público. Renato, nós precisamos de uma ‘Pec’ federal para repor a redação do artigo duzentos e quarenta e um da Constituição Federal. Antes disso vamos continuar com os nossos vencimentos e lutar pela incorporação das horas extras e adiconais noturnos que já integram o nosso patrimônio, o governo não tem como nos tirar, a não ser que nós abríssemos mão, como no caso dos ‘subsídios’. Eu tenho certeza que isso é presente de grego, não podemos aceitar. A nossa proposta de incorporação das horas extras e adicionais noturno é muito melhor, além disso, no futuro poderemos negociar nossas vantagens, diferentemente dos ‘subsídios’ que vão engessar nosso política de reajustes salariais, é só esperar para ver.

“Renatão” interrompeu meu quase discurso:

- Genovez, Genovez, eu vou cumprir a Constituição Federal que diz que os nossos salários tem que ser por meio de ‘subsídios’, tá na Constituição!”

Como ninguém se manifestava seguimos para o cafezinho nos fundos da sala e a sós aproveitei para argumentar:

- Renato, eu proponho que nós dois vamos ali na frente do pessoal e façamos uma manifestação conjunta. Eu retiro a minha candidatura e passo a te apoiar, mas com uma condição, que você convoque uma nova ‘Assembleia-Geral’ para rediscutir a questão dos ‘subsídios’. Por favor, faça isso! Vamos ali agora fazer esse manifesto conjunto!”

Renato argumentou:

- Eu ja te disse, eu sei que tu tens razão sobre os subsídios, eu também concordo contigo, mas eu  não posso mudar o que já foi deliberado em‘Treze Tílias, não vou mudar a decisão de setenta e dois Delegados que estiveram lá na assembleia-geral. Lá foi aprovado os ‘subsídios’, consta de ata, eu não posso mais mudar isso”.

Rebati:

- “Quem disse que não podes mudar? Claro que podes. Vamos ali agora fazer esse manifesto na frente do pessoal eu passo a te apoiar, retiro a minha candidatura”.

- Não, não! Eu não posso mais mudar isso!

Tomamos o café naquele clima e “Renatão” me deixou na companhia do Delegado Abreu que havia se aproximado e reiterou o que já havia me dito momentos antes:

- “Genovez, eu tenho só que te elogiar, que coisa boa tu teres saído candidato, isso foi muito bom, parabéns, Genovez, parabéns!”

Num determinado momento percebi que chegou na Adepol o Delegado Lourival Mattos (aposentado) que passou pelo meu lado e fez questão de me ignorar, ao mesmo tempo que cumprimentava a todos que encontrava. Porém, parecia resistente em não me cumprimentar, dando a nítida impressão de desdém, lembrando de certa forma os tempos em que “Pedrão” fazia a mesma coisa, só que o tempo... Procurei me manter tranquilo. Depois, enquanto estava conversando com um Delegado, Lourival retornou da votação e interferiu na conversa, procurando se colocar entre eu e meu interlocutor, de costas para mim.

Pensei em colocar a mão nas suas costas e avisar a minha presença , mas como aquilo era proposital, preferi humildamente continuar naquela condição, deixando ele se abastecer com seu ego de “rei”, se bem que mais para “rei-astro-kardón”. Em seguida notei que Jorge Xavier conversava com o Delegado Eloi que reconheci naquela momento, pedindo desculpas por tê-lo ignorado anteriormente. Voltei para o local do cafezinho e encontrei o Delegado Aldo Prates DÁvila, pai do Delegado-Geral (Aldo Pinheiro) que me contou que estava fora do poder, literalmente aposentado.

Num determinado momento percebi que chegou para votar o Delegado Heitor Sché, ex-deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa...  Heitor chegou meio que ignorando a todos, ou fazendo um cumprimento tímido, dando a impressão que não estava a fim de muita conversa. Lembrei que Julio Teixeira teve o mesmo comportamento, ou seja, teria entrado no recinto e como se sentiu meio que ignorado..., ambos que já foram magestades no passado e agora... Fiquei pensando: “O tempo é o tempo e me resta assitir tudo aquilo de camarote...”.

No cafezinho também encontrei o ex-Delegado-Geral Ilson Silva, ainda não aposentado, que logo foi me dizendo que tinha votado na nossa chapa. Depois encontrei o Delegado Landman, outro aposentado e um figuraço que sempre teve um comportamento intrigante (viveu momentos áureos no governo Konder Reis, trabalhou muito pouco na área policial porque sempre foi uma palaciano...). Landman sempre me chamou a atenção por seu estilo que lembrava de certa forma Fogaça, com sua fidalguia, porém, a polícia passava ao largo. Só que depois que virou paciente de meu irmão que me relatou o seu estilo, fiquei a vontade para puxar um papo. Landman parecia solitário e perdido na Adepol, sem amigos, tudo resultado de seu passado fácil e distante das linhas de frente. Logo que me aproximei e puxei conversa ele foi me perguntando:

- “Tu és irmão do doutor Guilherme, né?”

Confirmei e Landman passou a me contar sobre a sua condição de paciente e o que meu irmão fez por sua saúde. No final, com um gesto meio ao pé do ouvido ele me disse:

- “Não espalha, não conta para ninguém porque se não o pessoal aí vai..., mas votei na tua chapa”.

Achei possível, mas...  Outro que encontrei na sede da Adepol, usando bermudas, foi o Delegado Gentil João Ramos, agora aposentado e bem à vontade. Logo que me viu veio ao meu encontro quase que gritando:

- “Felipe, Felipe, fiquei sabendo hoje que tu eras candidato, não sabia, juro, não me procurasse. Votei em ti”.

Apenas retribuí ao seu sorriso e lhe dei o benefício da dúvida. Perguntei para Gentil se era verdade que somente na hora que foi votar é que tomou conhecimento da minha candidatura e ele confirmou. Aproveitei para arguentar:

- “Bom, é uma campanha desigual, é isso que dá o presidente ser candidato à releição e permanecer no cargo durante a campanha”.

Encontrei também a Delegada Eliane Viegas da Corregedoria no balcão do cafezinho e conversamos um pouco, ficando uma impressão bem diferente da que tinha da sua pessoa. Também, conversei com as Delegadas Veronice e Isabel. Procurei fixar um pouco minha atenção no Delegado Artur Sell que em silêncio andava de um lado para outro e não parava para conversar com os Delegados. Durante frações de segundo pensei: “Taí o homem que conhece tudo de Adepol e eleições, faz chover, conhece tudo e não aparece, articula tudo e não tem prá ninguém, faz contatos com aposentados, forma opinião, redige documentos, prepara as atas, editais de eleições...”. 

Depois retornei até a sala do Delegado Renatão que quis esclarecer um episódio envolvendo os Delegados Abreu e Mário Martins e que me foi relatado pela Delegada Ester (uma fofoca). Abreu desmentiu em parte o que o Delegado Mário Martins havia me dito (que flagrou uma conversa entre Abreu e Renatão na sede da Adepol onde este teria tentado dissuadir o outro a não votar na minha chapa sob a alegação que eu teria dilapidado o Sintrasp quando coloquei meu pai como advogado entre os anos de 1989 e 1991). Depois que Renato foi chamado para resolver um assunto fiquei sozinho com Abreu (segundo ouvi era a Delegada Lúcia Stefanovich que estava ao telefone querendo conversar com ele e imaginei que ela quisesse saber como é que estavam as coisas e que não poderia vir votar), depois se juntou a nós o Delegado Alber e ficamos alguns minutos conversando. Abreu reiterou a importância da minha candidatura e Alber advertiu que a “semente foi lançada”, referindo a nossa proposta de “autonomia institucional”. Em um determinado momento chegouo o Delegado Márcio Fortkamp, ágil e esvoaçante, bem diferente daquele “Delegado Márcio” calmo, tartaruga, comedido... Márcio me cumprimentou rapidamente com ares de “senhor dos anéis”... Depois de alguns minutos, Márcio retornou até onde estávamos e da mesma forma que chegou se despediu. Voltamos para a sala de votação porque fomos avisado que estava sendo contados os votos... Por volta de dezessete horas e quinze minutos já sabia que na capital tinha sido noventa a trinta e tres votos, o que fez o Delegado Abreu fazer uma provocação:

- “Genovez, trinta e tres é a idade de Cristo, viu...” (risos).

Naquele momento recebi uma ligação do Delegado Bini de Joinville relatando que lá o resultado tinha sido de dezesseis a sete para nós. Perguntei para Bini como é que a chapa do Delegado Renato tinha conseguido fazer sete votos naquela região e Bini comentou que foi obra do Delegado Zulmar Valverde.  Aguardei o resultado da contagem dos votos da Capital com Bini na linha e repassei o resultado. Em seguida chamei a Delegada Sandra num canto e pedi que ela ficasse até o final da coleta dos resultados, juntamente com o Delegado Jorge Xavier. Sandra quis protestar, pois não queria ficar sozinha e eu tranquilizei pedindo para que Jorge Xavier ficasse com ela.

Deixei a sede da Adepol e quando fui pegar o elevador encontrei “Pedrão”, Adalberto e outros Delegados antigos no interior do elevador (eles tinham entrado antes, só que ao invés de descerem, subiram). Embarquei de carona e no térreo saí na frente me despedindo. Na medida que ganhava distância escutei a voz de “Pedrão” chamando pelo meu nome:

- “Genovez, Genovez, não te esquece da próxima, heim!”

Andando de costas levantei a mão em sinal de um “tchal”.

No trajeto até à Corregedoria (altos da Rua Felipe Schmidt) fiquei me perguntando: "Por que 'Pedrão' não estaria apoiando 'Renatão'? Na verdade 'Pedrão' conhecia muito bem 'Renatão' e  'Renatão' conhecia muito bem 'Pedrão'... Então, essa aparente oposição deveria ter raízes passadas e ninguém ousaria falar, escrever..., nem eu! Minha percepção era que 'Pedrão' estaria em final de linha e no alto de sua existência deveria ter aprendido a conhecer quem é quem dentre os seus pares. Já 'Renatão' parecia firme, forte e seguro, muito embora a conversa que tivemos minutos antes no nosso 'cafezino' denotasse mais uma busca pessoal para se reeleger, a continuidade de um 'projeto' sem volta (como poderia explicar para seus seguidores uma mudança de rumo?), capaz de mantê-lo dentro do centro dos acontecimentos, na condição de astro", sem qualquer margem de oposição, como se fosse uma unanimidade. Quando irão cair as fichas desse pessoal que optou por  esse caminho? Não sei, porque o tempo apaga tudo... e até lá eles talvez não estejam mais por aqui para ver qual vai ser o resultado e o legado para as futuras gerações...".

Horário: 18:10 horas:

Recebi um telefonema do Delegado Jorge Xavier me avisando que fizemos uma boa votação e que não era para a gente se decepcionar, foi um terço dos votos. Comentei que esse um terço dos votos era de pessoas de qualidade, ativos, que estão na produção, diferentemente dos aposentados. Jorge Xavier concordou. Depois também me ligou o Delegado Isaias comentando que fizemos uma boa votação.