PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 17.03.2011, horário: 09:00 horas:

Havia me deslocado para cidade de Blumenau porque precisava muito conversar com o Delegado Henrique Stodieck, especialmente,  pedir que no dia seguinte ele participasse da reunião na DRP/Blumenau com meu adversário (eleições da Adepol – SC - Delegado Renato Hendges, cabeça da chapa “Rumo Certo”). Acabamos nos encontrando no “Shopping Neumark” localizado no centro daquela cidade, i cujo encontro estava marcado para cerca de  quatorze horas.

Na conversa que tive com Henrique ele se comprometeu de participar da reunião, inclusive, relatou que o DRP de Blumenau Rodrigo Marchetti estaria apoiando a chapa do Delegado “Renatão”. Procurei conversar um pouco sobre as propostas da nossa “Chapa” e pude observar que Henrique às vezes parecia meio disperso, especialmente quando passavam próximo de nós algumas beldades... O olhar de Henrique parecia fugidio, voraz e rápido..., especialmente, no sentido de captar as informações que iam e vinham como “torrentes”, mercê de minha motivação... Meu quase "pupilo" às vezes fixava seu olhar nos meus enquanto eu falava, mas quando alguma coisa o fisgava..., em questão de segundos seus olhos piscavam, mas rapidamente se dirigiam a outro ponto, dando a impressão que entrava no modo eclipsado... Acabei fazendo o mesmo todas as vezes que ele repetia esse seu gesto, até para ver se ele compreendesse as amplitudes, as grandezas, dimensões...

Horário: 19:20 horas:

Já estava na Delegacia Regional de Rio do Sul na companhia do  Delegado Luiz Carlos Gonçalves que ficou aguardando ansiosamente a minha chegada em seu gabinete na Delegacia de Polícia da Comarca (primeiro piso da DRP). Luiz era uma figura legendária, um verdadeiro “gentleman”, uma grande pessoa que transpirava humildade e confiança, era uma unanimidade entre as pessoas que tinham o privilégio de gozar da sua amizade.  Conversamos sobre seu amigo Delegado Mauricio Eskudlark e Luiz fez algumas revelações:

- “Ah, nós somos como irmãos, fizemos a faculdade de Direito juntos, tambem moramos juntos em mil novecentos e setenta e seis...”.

Interrompi para comentar  que pensava que a amizade deles vinha de São Miguel do Oeste, especificamente, que remontava ao ano de mil novecentos e oitenta e sete. Luiz relatou que estava envolvido com a maçonaria e que adorava o que fazia, ou seja, a vida policial era tudo, inclusive, citou que Maurício Eskudlark também era maçon, porém se encontrava licenciado. No  curso da nossa conversa Luiz me aconselhou  a fazer uma reunião com os Delegados da sua região já que principalmente os novos pareciam estar em dúvida sobre em quem votar. Acabamos nos despedindo e Luiz fez questão de comentar que estava comigo.

Horário: 22:10 horas:

Já estava em Curitibanos para jantar com o Delegado Toninho (Antonio Carlos Pereira), Diretor de Polícia do Interior. Cheguei na pizzaria de sempre, localizada no centro da cidade e constatei que Toninho ainda não havia chegado. Resolvi então pedir algo para comer e beber quando eis que finalmente chegou o meu anfitrião. Logo que passamos a conversar pude perceber que Toninho parecia estar com algum probleminha de saúde, pois seus olhos estavam avermelhados  e ele confessou que não poderia jantar porque realmente não se sentia bem. Conversamos sobre a campanha eleitoral e Toninho comentou que “estávamos fortes” no oeste, enfatizando que o pessoal de Caçador havia fechado conosco. Com relação ao Delegado Henrique Costa (ex-Delegado Regional e ex-Diretor de Polícia do Interior) Toninho fez questão de frisar que era uma pessoa de difícil trato, não confiável, “f.”... e que só pensava nele. Fiquei impressionado com seu relato e comentei que conhecia Henrique desde a década de oitenta quando ele frequentava a sede da “Fecapoc” (depois Sintrasp), órgão classista dos policiais, sediado no centro de Florianópolis, quando ainda era Comissário de Polícia e transpirava ser uma pessoa muito simples, humilde... e que jamais imaginei que um dia chegaria ao cargo de Delegado, mas conseguiu.

Depois de muita conversa, já por volta da meia noite, “Toninho” insistiu para que eu fosse dormir no seu apartamento, mas não aceitei e viajei para Lages onde me hospedei no Hotel Map.

Data: 18.03.2011, horário: 15:00 horas:

Telefonei para o Delegado Roberto Castro e acertei apanhá-lo em sua residência para viajarmos para Chapecó. Logo que cheguei no local já avistei Roberto e a esposa (Séfora) me aguardando. Iniciamos a viagem já enturmados, falamos sobre “parapente”, “rock in roll”, “jazz progressivo”, instrumental...  “Robertão” se revelava um figuraço,  achei ótimo aquele nosso contato  que certamente nos proporcionaria estreitarmos ainda mais nossos laços de amizade Em termos de energia não havia dúvida que “Séfora” era o diferencial da família, a “pessoa”, mais parecia um “espírito” tipo “anjo” ou uma “fada”. Já Robertão era barulhento, “espaçante”, “volumoso”..., uma pessoa superdotada, cheia de talentos, em que pese que às vezes pudesse parecer um pouco autista e excêntrico. Quando chegamos na altura da cidade de São José do Cerrito comentei que tínhamos que arranjar uma campanha institucional para nossa chapa, olhando a Associação dos Delegados não só voltada a defender interesses dos Delegados, mas, sobretudo, discutir o que ela poderia fazer pela sociedade, razão de nossa existência como categoria e partícipes de uma instituição. Tentei externar essa preocupação e ao mesmo tempo pedi que me ajudassem a escolher um tema que funcionasse como nosso “slogan”. Para minha surpresa foi “Séfora” que acabou dando uma bela sugestão para a nossa campanha institucional, caso tivéssemos êxito: “focar a violência contra a mulher” ("obviamente que seria uma das metas", comentei).

Horário: 18:30 horas:

Fizemos uma parada estratégica na "CPP" de Concórdia, mas não havia Delegados no prédio, só dois policiais no plantão. Aguadei uns instantes enquanto observei que Roberto e Séfora davam uma volta nas imediações e os dois pareciam aproveitar aquele momento para renovar suas  juras de amor, algo meio que remissivo à fase de um namoro insurgente calcado no brotar da adolescência, tipo isto: beijinhos, juras no ouvido, afagos, passos juntinhos aqui e acolá, sempre de mãos dadas...  E, quando me dei conta, me peguei sorrindo  em silêncio vendo todas aquelas minhas efémedires.

Horário: 21:00 horas:

Chegamos na residência de Gladis (irmã de Séfora), na cidade de Chapecó, para deixamos nossas “bagagens” já que iriamos pernoitar por lá. Gladis tinha recentemente se separado do marido e estava morando com um filho. Era uma outra “fada” e percebi que vinham de uma família muito especial. O interior da casa denotava um certo descuido, abandono...  e a falta de um ser braçal. Depois soube que com a separação Gladis passou por sérios problemas emocionais, inclusive,  que estaria vendendo a residência para ir embora para longe de Chapecó.

Horário: 22:15 horas:

O Delegado Hélio Natal Dornsbach já havia me ligado avisando que os Delegados da região de Chapecó estavam no local reservado para a nossa reunião, seguida de um churrasco, o que fez com que nos apressássemos. Eu e “Robertão” nos deslocamos até a Imobiliária do “Tuco”, no centro de Chapecó e lá encontramos os Delegados Alex Boff Passos, Tatiana Klein, Natal, Fabiano Rizzatti, dentre outros. Aproveitei para fazer um discurso sobre nossas propostas "adepolianas" e comentar um pouco sobre nossa história. Soube que o Delegado Fabiano era da chapa adversária e pude observar  que trazia uma criança de colo que deveria ser seu filho, logo intuí que talvez estivesse ali para colher informações, também nos ouvir...  No início pensei que Fabiano  fosse o Delegado Morbini de São Lourenço do Oeste, depois que ele foi embora é que soube quem realmete era...

Já próximo das vinte e três horas e trinta minutos fui surpreendido por “Robertão” que me avisou que precisva de duas horas para dar uma volta... Logo lembrei da “Séfora”, mas comentei que não teria problema e acabei ficando na companhia do Delegado Alex que me convidou para dar umas voltas pela cidade com seu “Vera Cruz” Hyundai. Já tínhamos tomado uns “Norton” – DOC com o “Tuco”, dono da imobiliária que também estava presente no evento e, assim, saímos pela cidade. Alex mais parecia uma figura “lendária”, instintiva, saído de histórias de quadrinhos...

Fiquei intrigado porque o Delegado Natal sempre revelou nutrir muitas restrições contra o Delegado Alex (só que havia mudado de opinião, pois passou a elogiá-lo...) e eu acabei “exteriotipando” aquela figura que agora se revelava mais uma criança. Alex primeiro quis me levar para conhecer o “Hotel Lang” do seu sogro e foi me indagando:

- “Por que tu não me avisasses que vinhas para cá, vocês iriam ficar no hotel de graça, não precisariam pagar nada...”.

Descobri que “Robertão” (ex-DRP/Chapecó) e Alex eram muito amigos desde aquela época que meu companheiro de chapa foi seu chefe. Enquanto circulávamos pelo Hotel Lang nosso anfitrião – Delegado Alex - comentou  que seu sogro também possuía uma rádio FM em Chapecó, além de uma porcentagem numa emissora de televisão local e que estaria negociando mais uma outra rádio. Comentei em tom de provocação que rádio não dava lucro e Alex me contestou na hora dizendo:

- “Meu Deus, o meu sogro ganha dinheiro que nem água, tu não imaginas o que se ganha só com propaganda...”.

Alex ainda comentou que seu sogro era muito  rico e que no seu caso, além de ser Delegado também possuía uma representação da “Avianca” no Brasil e que funcionava no Aeroporto de Chapecó, que por mês faturava uns trinta mil reais. Fiquei pensando: “Caramba, o que esse cara faz na polícia? Mas o dinheiro, a estabilidade talvez falassem mais alto”. Alex contou sua vida, como veio da Capital (Bairro Saco dos Limçoes) para Chapecó, de família pobre e que seu sogro o adorava. Alex comentou que seu pai era motorista da Prefeitura de Xaxim e que ajudava o mesmo a pagar suas contas. Também, confidenciou que comprou seu veículo “Vera Cruz”, mas que foi sua mulher que foi até a agência e pagou a diferença.

Depois de conhecer o hotel Alex me levou para dar uns voltas por Chapecó, passou em frente a sua residência (uma mansão) e comentou:

- “Eu financei a minha casa e entreguei todo o dinheiro do financiamento para o meu sogro poder investir lá no hotel. Eu sou o único genro com quem ele conversa e em quem ele confia”. 

A seguir Alex me convidou para ir até o aeroporto porque seu sogro e sogra estariam chegando de uma viagem. Logo que chegamos no nosso destino  estranhei o movimento de pessoas, mais parecia  a Capital. Em seguida chegaram os senhor e senhora Lang que embarcaram no banco de trás do “Vera Cruz”. Alex me apresentou como candidato a presidência da Adepol e, em seguida, após os cumprimentos, procurei ser ouvinte e soube que os “Lang” tinham viajado para a região de Garopaba (litoral catarinense) onde Alex “descobriu” uma pousada à venda de frente para o mar. Segundo soube os “Lang” adquiriram a pousada por setecentes e cinquenta mil reais sem conhecer o negócio e tinham feito aquela viagem justamente para saber no que tinham investido seu "dinheirinho".

Depois de deixarmos os “Lang” em sua residência eu e Alex fomos para frente da imobiliária já que “Roberto” tinha avisado que estava nos aguardando, isso já passado da uma hora da manhã. Quando estávamos chegando próximo da minha Toyota Hilux – SW4 branca (COT 5935), Alex me questionou:

- “Vem cá, quando tu quiseres trocar os pneus da tua caminhonete eu vou te dar a dica. Tu vai até Foz do Iguaçú e depois passa pela Cidade Del Leste uns seis quilometros, lá tem várias lojas de pneus. Tu vai lá e escolhe o pneu que tu queres, não paga nada. Depois tu voltas e logo na entrada de Foz tem uma borracharia a direita de quem vem, vai ali que os teus pneus já estarão ali, aí tu trocas rapidamente, e pagas. Com o dinheiro de um pneu tu pagas os quatro. Eu e a minha mulher sempre vamos para Miami, para Foz... A minha mulher tu precisas conhecer, meu Deus, ela é... “.

Alex estava querendo se referir que ela não parava um só minuto, era super agitada, muito ativa, pior do que ele que já era agitado demais para ganhar dinheiro. Fiquei pensando: “Existem aqueles que trabalham por dinheiro, e aqueles que defendem idéias e lutam por ideiais”.

Logo em seguida chegou “Robertão” que no meio da conversa dos “pneus” permaneceu na condição de ouvinte. Depois que nos despedirmos “Robertão” veio me perguntar se eu iria até a Argentina comprar pneus no dia seguinte. Respondi que não e que Alex era um “l.”, fazendo um relato sobre nossa conversa. “Robertão” botou as mãos na cabeça e foi dizendo:

- “Meu Deus, quando eu cheguei e ouvi vocês conversando sobre pneus eu pensei: ‘Pronto, o Felipe tá louco, foi perguntar para o Alex como é que faz para comprar pneus amanhã na Argentina...’. Eu pensei isso, achei que tu estávamos louco...”.

Nem perguntei para “Robertão” por que ele estava achando aquilo, só contei que quando cheguei no meu carro, sem que eu desse qualquer motivo, Alex veio me falar como é que se fazia “t.” de pneus no Paraguai. Depois “Roberto” parecendo renovado, “apavanzado”, “saltitante”, “entusiasmado”, “reenergizado”... passou a falar de uma professora, morena linda, de cabelos caidos no ombro, cheirosa... que havia acabado de deixar o local, dirigindo uma Fiesta dourado, com vidros escuros... Comentei que não tinha visto nada, que estava absorvido pela conversa com Alex.

Tinha lembrado como “Robertão” era apegado a sua mulher, aos seus dois incríveis filhos, inclusive, quando ele estava no apartamento do Delegado Godoi, no centro da Capital durante a “Operação Veraneio” (fevereiro/2011), Edifício Plaza Viena, apto 1406, tinha me dito que não aguentava mais a saudade de sua esposa e dos dois filhos, sim era o espírito forte de “Séfora” muito presente e trazendo luz a sua prole, e agora “Gladis” na mesma toada...

Sim, duas mulheres dotadas de auras que refletiam como “quasares” que poderiam iluminar a todos os quantos cruzassem seus caminhos num sentido de que a vida vai muito mais além...