PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 18.06.2012, horário: 09:40 horas:

Estava na ‘Corregedoria’ da Polícia Civil e encontrei o Delegado Nilton  Andrade que veio me cumprimentar. Mas o que me chamou a atenção foi o seu aperto de mão efusivo, fato sem antecedente na nossa relação convívio profissional e de amizade. Respondi ao seu gesto da mesma maneira, até porque tínhamos uma boa convivência correcional, apesar dos percalços e vissitudes ideológicas no campo institucional.

Horário: 10:40 horas:

Estava na minha sala na Corregedoria e recebi um telefonema do Delegado Jefferson perguntando se eu poderia conversar com ele. Respondi que sim e fui até seu gabinete. Jefferson logo foi avisando que o Delegado-Geral Aldo estava bastante chateado comigo em razão das minhas manifestações na ‘Rede’ e que em razão disso teria solicitado a minha saída e do Delegado Douglas do órgão correcional. Fiquei sabendo que o dia em que conversaram o Delegado-Geral estava meio em dúvida quanto a decisão dessa minha saída, chegando a comentar com “Jefferson” que não gostava de tirar ninguém do local de lotação ou de onde estava prestando serviços.

De início fui cortando as frases de Jefferson que  parecia tentar se impor de forma autoritária, talvez isso fosse resultado da sua posição hierárquica (Corregedor-Chefe). Num determinado momento interrompi:

- “Nem te preocupes, eu já sei tudo, eu sei tudo o que aconteceu, sei que tu entrasses de graça nessa história...”.

Jefferson novamente tentou retomar a conversa  o que me levou  a insistir:

- “Não Jefferson, nem precisa, eu sei o que aconteceu...”..

Jefferson saiu com uma reação inusitada que dava bem o tom do seu momento e temperamento:

- “Cala boca, deixa eu falar, deixa eu falar!”

Não me calei e mantive a tranquilidade, pois  além de ter mais de dez anos de polícia que ele, era mais antigo como Delegado de carreira e com idade superior. Diante desse cenário,  continuei a nossa conversa:

- “Eu sei que tudo isso foi coisa lá de cima!”

Em seguida, depois que ele pareceu se acalmar, conversamos sobre outros assuntos, como por exemplo,  sobre a história da Polícia Civil... No curso da conversa Jefferson relatou que as manifestações na rede por parte de um Corregedor são censuráveis e que minha lotação era na 10ª DP/Capital. Interrompi para afirmar que pensava que era na Corregedoria. Jefferson argumentou que houve uma “promoção” e que em razão disso foram feitas escolhas de vagas. Interrompi:

- “Mas eu não fui promovido. Eu já era Delegado Especial, então que promoção foi essa?”

Jefferson argumentou que o Delegado Abnur estava deixando a Corregedoria do Detran e vindo para a Corregedoria da Polícia Civil,  que aquele era o seu local de lotação. Contestei que não era possível e Jefferson argumentou que na última promoção o Delegado Abnur havia escolhido a vaga de Wilmar Domingues, vindo para a Corregedoria. Contestei argumentando que não sabia de vaga alguma na Corregedoria e que  se tivesse sido "oferecida" para promoção certamente que teria aceito. Jefferson tentou argumentar que foi feita a promoção (na época do Delegado-Geral Maurício Eskudlark) e que o preenchimento dessa vaga foi decorrente de promoção. Reiterei que não soubia de nada. Depois Jefferson afirmou que a sua escolha para Corregedor partiu do próprio Delegado Nilton Andrade e que não esperava por esse convite. Relatou que antes disso, ou seja, bem antes da escolha do Delegado-Geral, do convite do Delegado Nilton, o Delegado Paulo Koerich  havia sido convidado para ser Delegado-Geral, Diretor da Academia, Corregedor-Geral, porém, por motivos desconhecidos não foi escolhido.

No final da conversa Jefferson quase que pediu para que não me manifestasse mais na “rede” sobre assuntos institucionais. Argumentei que via aquilo como um pedido, não como uma determinação e que em razão disso iria procurar respeitar seu estilo e que se anteriormenteb me manifestei foi porque o Delegado Nilton Andrade havia sempre sido tolerante (inclusive , integrou a minha chapa da Adepol nas últimas eleições). Jefferson pediu para que eu confirmasse que aceitava trabalhar com ele na Corregedoria. Respondi que sim, e que gostava de trabalhar muito... Ao final, consultou um “controle” de procedimentos e me perguntou se poderia me passar processos disciplinares. Respondi que sim e ele se levantou e me cumprimentou com um sorriso.

A bem da verdade Jefferson me dava a impressão de ser um profissional dedicado e bastante comprometido com o que fazia, muito embora trabalhasse a favor dos ventos, nunca e jamais contra!!!

Horário: 12:15 horas:

O Delegado Douglas veio até minha sala para perguntar se eu não queria ir também para a “Polinter” e que ele agora estava bem mais tranquilo. Douglas já parecia outra pessoa, sorria, estava leve e chegou a falar do último final de semana quando foi jantar na Pizzaria Papparella, na Beira Mar Norte (Florianópolis).

Horário: 13:30 horas:

Voltei do almoço e fui conversar com Nilton Andrade na Corregedoria e percebi que ele estava às voltas com acertar a situação de suas quase quinze férias atrasadas. Relatei a Nilton parte da conversa que tive com o Delegado-Geral e ele me disse que quando estava despachando com Aldo dias atrás, quando trataram  sobre a instauração de processo disciplinar contra o Agente Guilherme da Delegacia de Itapema teria dito que o referido policial que era para figurar como acusado juntamente com o Delegado Carlos Dirceu, entretanto acabou ficando de fora, e que Aldo teria feito uma colocação irônica: “Vai ver que quando ele (Felipe) fez a portaria do processo do Carlos Dirceu estava fazendo naquele ‘jornal’ dele?” (por isso não teria incluído o outro acusado).

Pelo relato de Nilton Andrade a ironia do Delegado-Geral Aldo teria sido no sentido de que eu teria esquecido de incluir na portaria o acusado Agente Guilherme porque estava mais preocupado com o “Jornal” que lancei durante à campanha da Adepol 2010/2011. Custava crer que o Delegado Aldo que vi e conheci na Delegacia-Geral fosse uma pessoa com esse perfil, será? Quem estaria faltando com a verdade? Comentei que Jefferson me disse que toda a “coisa” (a minha saída e do Delegado Douglas da Corregedoria) partiu do próprio Aldo... E, naquele momento o Delegado Nilton fez aquele comentário... “Quem, afinal, era Aldo?”, me perguntei. Na verdade tudo o que comentavam não dava para se saber o que tinha de verdade e mentira, além disso, os fatos poderiam ser distorcidas para escamotear verdades... Depois disso conversei com Nilton e percebi que ele estava às voltas com suas férias, tentando localizar documentos que comprovassem seus direitos.

Horário: 14: 50 horas:

O Delegado Douglas veio até a sala do Delegado Nilton Andrade para se despedir. Já de longe doeu o coração e a minha vontade era pegar a Silvane, apanhar a “CI” de apresentação e também ir embora. Depois Douglas veio se despedir de mim e, ao final, da Silvane. Disse que depois faria contato e ele já entendeu. Era um dos dias mais tristes dos últimos tempos... um dia muito triste!!!

Horáriio: 15:30 horas:

Estava na minha sala na Corregedoria e percebi que passou uma mulher pelo corredor, andando a passos rápidos, mas me olhando de solascio e ao mesmo tempo mirando o final do corredor, dando uma risada, o que me fez pensar: “Só pode ser a Delegada Larizza, com seu casaco vermelho”, porém, estranhei sua conduta, pois antes quando passava pela minha sala fazia questão de sorrir, vir me cumprimentar, abraçar, porém, agora teve um comportamento estranho e ´pensei: “Ah, deve ser bobagem da minha cabeça, vai ver ela nem te viu, a não ser que a minha possível saída da Corregedoria mostrou toda a minha vulnerabilidade perante meus pares e superiores?” Ouvi Larizza entrar na sala do Delegado Jefferson (anterior sala da Delegada Eliane) e ao mesmo tempo vozes altas, como se tivesse vindo felicitá-lo pelo novo cargo de Corregedor-Chefe. Lembrei que Larizza e Jefferson trabalharam juntos na Central de Polícia e depois na Delegacia-Geral (ele como Assistente Jurídico e ela no cargo de Gerente de Projetos). Depois de uma meia hora Larizza deixou a sala de Jefferson, acompanhada pelo mesmo a caminho do elevador, e tão logo passou pela minha sala (a porta continuava bem aberta), Larizza novamente olhou para dentro, e de solascio, continuou conversando com Jeferson aos risos, sem que sequer me dirigisse uma única palavra como fazia das outras vezes...

A seguir, pensei: “O que se esperar...?” Lembrei também do Imperador Julio Cesar e o seu “peso da ação”, de Maquiavel com o seu “Príncipe” e as pessoas escolhidas para comandar os exércitos, exercer funções de confiança...

Data: 27.06.2012, horário: 12:15 horas:

Estava no Shopping Gardem de Joinville me preparando para almoçar e depois iniciar uma audiëncia na Delegacia Regional de Polícia, quando me defrontei com o Delegado Rodrigo Gusso na saída do banheiro que dava acesso à “praça de alimentação”. Tanto eu como Gusso estávamos aguardando o retorno de nossas acompanhantes e ficamos conversando enquanto elas não retornavam. Perguntei para Gusso como estavam as coisas e ele fez um desabafo:

- “Ah, ninguém quer saber de nada, tá todo mundo muito revoltado”.

Argumentei que a direção da Adepol estava entrando na reta final do mandato e perguntei se havia algum candidato disponível na região. Gusso aparentando agilidade nos pensamentos e visão de futuro foi dizendo:

- “Não tem ninguém, não tem nenhum outro nome, só você”.

Contive o meu espanto e logo me apercebi que o que havia plantado estava agora sendo colhido. Perguntei para Gusso se havia lido minha “Carta Aberta dos Delegados” e ele no início pareceu hesitante. Insisti, sim, faz um mês aproximadamente, publiquei a “Carta” e logo em seguida um artigo sobre a “Defensoria Pública” e Gusso aí respondeu:

- “Ah, sim, acho que li, li, sim!”

Respirei aliviado porque eram matérias de cunho ideológico forte e não poderia deixar passar esses fatos em “brancas núnvens”. Logo em seguida chegou Silvane e depois dos cumprimentos Gusso revelou que estava investindo na sua “pós” (pós doutorado em Sociologia). Em seguida também chegou a esposa de Gusso e acabamos abreviando nossa conversa com cumprimentos quase que formais. Depois que saímos Silvane me perguntou que “pós” o Gusso estaria fazendo e respondi que era “pós doutorado”. Silvane comentou:

- “O doutor Gusso realmente é uma pessoa muito inteligente, uma pessoa chave...”. Concordei.

Horário: 16:40 horas:

Num intervalo de audiéncia fui até o gabinete do Delegado Regional Dirceu Silveira e depois dos cumprimentos iniciais relatei os últimos acontecimentos da Capital, especialmente a pressão que recebi para deixar a Corregedoria da Polícia Civil. Dirceu Silveira me oubiu atentamente demonstrando que estava alheio a tudo o que ocorria no comando da Polícia Civil. A seguir,  conversamos sobre o Delegado Bada e eu relatei que tinha concluído a sindicância do mesmo e pedi o arquivamento. Dirceu me interrompeu para relatar que estava em reunião na Acadepol naquela semana e que lá Delegados e Diretores comentavam que a situação dele era insustentável. Interrompi para contestar:

- “Ah, esse pessoal não sabe de nada, ficam julgando por aí, só porque ouviram falar, eu estive por lá e investiguei tudo. Olha, Dirceu, pedi o arquivamento, é um absurto, a direção da Polícia Civil sempre soube de tudo e aprovava...”.

Dirceu Silveira a certa altura me perguntou:

- “Então pedisse mesmo o arquivamento”.

Reforcei que sim, externando meus argumentos, inclusive, que na apresentação musical no Teatro do Senac de Lages  o Delegado Bada teria se deslocado à tarde e à noite no seu Fiat/F500 que tinha tirado da concessionária no dia anterior e que quem estaria com viatura durante o “show”  era o Delegado Toninho (Corregedor da Diretoria de Polícia do Interior) que esteve no espetáculo prestigiando o seu diretor, possivelmente sendo filmado ou fotografado entrando ou saindo da viatura. Mencionei que mandaram para a Jornalista O.  Salmória (Correio Lageano) fotos à noite onde na verdade a viatura que aparecia pertencia ao Delegado-Corregedor Toninho de Curitibanos não ao Delegado Bada que segundo testemunhas estaria com seu carro particular (várias testemunhas que confirmaram essa informação)

Relatei, ainda, que quando conversei com o Delegado-Geral o mesmo disse que teria que pedir a exoneração do seu amigo Delegado Bada do cargo de Diretor de Polícia do Interior em razão das denúncias contra o mesmo... Dirceu Silveira cortou minha fala:

- “O quê, Felipe? O Aldo disse isso para ti? Meu Deus, um dos que colocou ele lá na Delegacia-Geral foi o Bada, como é que esse homem pode ser assim tão 'f.'...? Olha o que o Aldo fez contigo? É muita 'f.', não esse homem é muito 'f.'...”.

Depois que deixei o gabinete de Dirceu fiquei pensando na minha conversa com o Delegado "Toninho" e agora com "DSJ" e me recusava a acreditar no que me disseram. Continuava com uma excelente impressão do Delegado-Geral, me recusando acreditar nos fatos, muito menos que fosse um profissional "firuleiro", "fanqueiro", "fatoeiro", "futriqueiro"... , isto sim, uma pessoa fantástica com quem se poderia contar. No caso do Delegado Bada a situação era bem mais delicada, complexa, justamente porque antes da sindicância não conseguiu provar que estava com seu novíssimo F/500, e que era o "Corregedor Toninho" que estava com a viatura no espetáculo musical lhe homenageando com sua presença (?), daí a jornalista (O.S.) ter se equivocado quanto à sua denúncia... Já no caso "F/470", me negava a acretiar na "fabricação de fofocas", em finais nada felizes para pessoas e uma instituição que precisava de gente grande, projetos de peso... e, especialmente, do fator "f" de futuro.