PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 22.02.2011, horário: 09:00 horas:

Estava na DRP de Joinville e me dirigi até o gabinete do DRP Dirceu Silveira para um balanço geral sobre os acontecimentos, especialmente, sobre a conversa de ontem. Jogamos muita conversa fora e eu acabei me estendendo no relato sobre minha passagem pelo sistema prisional entre 1995 e 1997. Depois conversei com Dirceu Silveira a respeito da Delegada Sandra Andreatta e defendi seus atributos pessoais, além da nossa amizade. Dirceu Silveira reiterou que Sandra só tirava votos. Aproveitei para argumentar que não era bem assim e que o Delegado Renato Hendges estava fazendo pressão porque tinha interesse no nosso desgaste, a começar pelos nossos pontos mais vulneráveis. Cheguei a relatar parte da conversa que tive com “Renatão”, em cujas circunstâncias o mesmo telefonou chamando Sandra de “l.” de flores e que isso era uma vergonha para a Polícia Civil.

Resolvi perguntar para Dirceu Silveira se ele havia recebido “pressão” de Renato Hendges nesse mesmo sentido e ele imediatamente rebateu dizendo que não (mas eu entendi justamente o contrário o que explicaria aquela reunião com os Delegados de Joinville...). Dirceu Silveira confidenciou que à época que passou pela “Deic” o Delegado Renato Hendges respondia pela Divisão de “Furtos e Roubos”. Dirceu Silveira comentou que já na segunda semana começou a “arrepiar” com Renato, e que pôde perceber seu estilo de trabalhar, a briga por “seguros de carros” e outras coisas, inclusive, chegando a temer que a qualquer hora poderia haver um “estouro” naquele órgão por conta desses fatos. Dirceu Silveira ainda fez alguns comentários a respeito do Delegado Julio Teixeira:

- “Tu vê, Felipe, outro dia eu fui a reunião do Conselho Superior e encontrei o Julio lá arrumando as cadeiras para nós sentarmos. Eu fiquei olhando para ele e imaginando ‘como é que pode um cara que chegou a ser cogitado para ser Secretário de Segurança’...”.

Interrompi:

- “Mas que atitude bonita, Dirceu, que gesto heim? Ele realmente fez isso? Puxa...!”.

 Dirceu se contorceu na cadeira e riu. Aproveitei para completar:

- “Imagina Dirceu se Jesus Cristo chegasse agora para a nossa reunião, eu tenho certeza que se as cadeiras estivessem desarrumadas ele certamente que as arrumaria humildemente para que nós pudéssemos sentar..”.

Dirceu colocou a mão direita no rosto, contorceu-se na cadeira levando o tronco, pescoço e cabeça no balanço da cadeira para trás, à esquerda e sorriu de forma irônica, vaticinando:

- “Pera lá Felipe, pera lá!”

Reiterei que tinha certeza que Jesus agiria daquela maneira. Em seguida relatei a história que o Delegado Alex Boff Passos de Chapecó havia me contado a respeito do Secretário Grubba ter dito para o Governador Colombo que não aceitava nomeação de amigo traficante para cargos. Dirceu Silveira se “contorceu” novamente na cadeira e disse:

- “Puxa, Felipe, como nós estamos mal, mas tu achas mesmo que isso tenha ocorrido? ”

 Argumentei:

- “Bom, já ouvi algum comentário, mas a gente tem que filtrar tudo, não tem prova alguma de que o Grubba tenha disso isso, é tudo conversa, pode ser contrainformação...”.

Dirceu Silveira parece que não gostou e insistiu:

- “Mas Felipe isso é muito ruim, imagina...”.

Interrompi:

- “Olha, Dirceu, é o mesmo caso da Sandra, até o meu caso, eles estão procurando nos fragilizar e eu acho que nós não vamos entrar nesse jogo”. 

Dirceu insistiu:

- “Mas Felipe veja bem nós não podemos aceitar pessoas que tem problemas, eu acho que o Julio só tira votos, a não ser que ele apresente alguma coisa mais consistente...”.

Interrompi:

- “Sim, eu conversei com ele, essa história do ‘Grubba’ aí que eu te relatei eu acho que já foi superada. Hoje eu acredito que o ‘Grubba’ já tem outra visão, tanto isso é verdade que o Julio me falou que foi chamado pelo          ‘Grubba’ que lhe ofereceu qualquer cargo de diretor que ele tiraria o titular para colocar ele no lugar, mas ele não aceitou. Ora, se isso é verdade então o ‘Grubba’ já superou essa situação, provavelmente fizeram algum dossiê. Mas, veja Dirceu, deixa eu te contar, quando você deixou a Delegacia-Geral em razão daqueles fatos que todos conhecem te colocaram aqui na Sexta DP, lembras? Depois veio o Thomé e te afastou do cargo por denúncias de prevaricação e outras irregularidades. O teu nome foi para os jornais, e eu ouvi pessoas na época te criticando. Então, imagina se isso fosse agora e eu te convidasse para participar da nossa chapa e depois te desconvidasse num momento tão difícil...”.

Dirceu Silveira parece que repensou melhor os fatos, porém, não externou nenhum comentário. Depois, conversamos novamente sobre o Delegado Alex Boff Passos e perguntei para Dirceu Silveira se ele o conhecia. Dirceu Silveira argumentou que sim e que não era confiável, tecendo alguns comentários... Até aquele momento eu imaginava que o Delegado Alex se tratava de Eduardo Pianalto...  Dirceu Silveira esclareceu o mal entendido:

- “Não, Felipe, o único Delegado Alex que nós temos lá em Chapecó é o Alex Passos, não tem outro, estais confundindo com o Eduardo que está aposentado. Tu conversasses mesmo foi com o Alex...”.

Respirei fundo e relembrei das conversas que tive com o Delegado Natal e apesar de tudo mudei meu conceito sobre aquela autoridade policial  que me pareceu humilde, simples.  Depois que encerrei a conversa com Dirceu Silveira fiquei refletindo por que Alex - que foi um grande aliado Maurício Eskudlark – naquele momento estaria mudando de lado e lembrei quando a Delegada Tatiana, DRP de Chapecó, me comentou que o mesmo estava na expectativa de ser nomeado para uma Diretoria de Polícia por sua indicação, o que não veio a ocorrer... Acabei lembrando do Delegado Moacir Bernardino que também foi convidado para trabalhar no gabinete de Maurício Eskudlark na Assembléia e que depois levou um “fora”.

Horário: 17:35 horas:

Como já tinha acertado, fui até a Delegacia da Mulher de Joinville para apanhar a assinatura da Delegada Marilisa Bohem para participar da nossa “chapa” com vistas às eleições da Adepol. Logo que chequei fui recepcionado pela Escrivã Ivonete que me convidou para ir até seu cartório já que Marilisa estava atendendo uma pessoa no seu gabinete. Na conversa com Ivonete pude perceber que se tratava de alguém especial e lamentei que nunca havia dispensado maior atenção a mesma. Logo em seguida Marilisa veio me buscar e fomos até seu gabinete para conversarmos reservadamente. Relatei a conversa que tive com o Delegado Dirceu Silveira naquela manhã. Marilisa fez alguns comentários:

- “Puxa, tu dissestes isso para o Dirceu? Realmente alguém tem que dizer essas verdades para ele.”.

Marilisa fez um sinal de “reizinho”, levantando o nariz com o dedo...

Horário: 20:15 horas:

Tinha acabado de chegar em São Francisco do Sul e pedi para que Silvane ligasse para Sandra Andreatta que estava bastante “adrenada” na campanha. Silvane tinha me comentado que num dos contatos com Sandra esta soltou os cachorros na Delegada Ester chamando-a de “traíra”, “vira-casaca”..., por ter apoiado o lançamento da minha candidatura e depois mudou de lado, passando a integrar a chapa do Delegado Renato. Logo que comecei a conversar no telefone Sandra me disse que tinha acabado de ler minha nota na “rede” e que achou muito boa, bastante didática...

Apesar de ser verdadeiro os comentários de Sandra Andreatta, não teria como não perdoar Ester Fernanda Coelho em razão da nossa amizade, entretanto, muito maior com o Delegado Renato Hendges...? Ou será que “Renatão” convenceu Ester a se bandear para o seu lado, especialmente, em razão das críticas à Sandra Andreatta de quem seria inimigo declarado, usando o caso das “flores” para nos vulnerar perante nossos pares... Jamais poderia abandonar Sandra Andreatta porque acreditava na sua inocência naquele caso rumoroso que resultou na sua detenção por causa de uma simples vaso de flores, cujo protagonista teria sido seu “namorado”, com bastante repercussão midiática...