PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 07.02.2010:

Depois da “Assembleia-Geral” realizada na cidade de “Treze Tílias”, em cujo evento pouco mais de setenta sócios (a maioria esmagadora presente formada de Delegados novos e alguns aposentados) aprovou a proposta de “Carreira Jurídica”. Nessa ocasião o Delegado Renato Hendges – à frente da direção da entidade e em véspera de eleições -  parece que elegeu esse um dos seus projetos para encapsular os Delegados na sua calda de cometa:

“Presidente da Adepol  de SC visita Secretário de Articulação Política pela aprovação da PEC dos Delegados de Polícia - Na tarde desta quinta-feira (03/02/2011), o presidente da ADEPOL-SC, Delegado Renato Hendges visitou o Secretário de Estado de Coordenação e Articulação Politica, Sr. Antônio Ceron, com o propósito de apresentar e dar seguimento ao projeto de Emenda Constitucional que trata da carreira jurídica dos Delegados de Polícia no Estado de Santa Catarina. A visita foi motivada pelo fato da PEC ter sido arquivada na Alesc, pois segundo o artigo 181 do Regimento Interno, no fim da legislatura todas as propostas em andamento que não foram a votação são automaticamente arquivadas.  Desta forma, na data de ontem o presidente da Adepol requisitou uma audiência de urgência com o Secretario de articulação Política do Atual Governo sendo que tal solicitação foi atendida em menos de 24 horas. Na reunião, o Delegado Renato Hendges cobrou um posicionamento do novo governo a cerca da aprovação da matéria, tendo em vista se tratar de direito iminente da carreira dos Delegados de Polícia Judiciária. No encontro estavam presentes além do presidente, o Deputado Estadual Mauricio Eskudlark, os Delegados de Polícia, Dr. Valerio Alves de brito (Delegado-Geral Adjunto) , Dr. Marlus Malinverini, Dr. Carlos Diego, Dra. Juliana Renda Gomes e Dra. Monica Coimbra, os quais compareceram a fim de dar apoio ao projeto e demonstrar a vontade da classe no Estado. Por sua vez, O Secretário Antônio Ceron se declarou favorável ao projeto, assumindo o compromisso de já nas próximas semanas articular com o governo para que a PEC dos Delegados possa ser desarquivada e aprovada junto á Assembleia Legislativa, o que gerou boa expectativa por parte dos Delegados presentes na reunião. O presidente ainda afirmou que a luta não para por aqui, sendo que no decorrer da semana, ainda se reunirá com todos os demais representantes do Grupo Gestor, e não descansará em quanto a PEC dos Delegados não for aprovada. Ratificamos que tal objetivo só se concretizará com o apoio e união de toda a classe, evidenciando assim a força e o mister da nobre e imprescindível carreira de Delegado de Polícia (Adepol 07.02.2011).

Horário: 17: 20 horas:

Estava na minha sala na Corregedoria de Polícia, em cuja ocasião havia recebido uma ligação do Delegado Renato Hendges. Logo que atendi a ligação percebi que era ele que como de costume nem chegou a se identificar, ou seja, foi falando de forma quase que impositiva num monólogo tipo na “lata”. De  início interrompi a ligação para uma saudação:

- “Alô Renato, é você?”

Renato retribuiu ao cumprimento e continuou:

-  “Você sabe que eu sempre tive o maior respeito por ti. Eu li a tua nota, não vou ficar respondendo na rede, não me presto para isso. Fiquei ofendido com o que tu escrevesses. Tu não sabes dos bastidores. Eu quero saber se tu és contra a ‘carreira jurídica’, tu és contra? Eu já estou de saco cheio com isso aqui, vou pegar as minhas coisas e vou embora, pode assumir isso aqui!”

 Interrompi:

- “Não! Não faça isso, Renato. Você não pode agir assim emocionalmente, primeiro esfria a cabeça. Isso faz parte do jogo. É importante saber conviver com a oposição, mostra grandeza, fica frio...”.

Renato continuou:

- “Não, não, não quero mais saber. Tu me ofendesses, quisesse me ridicularizar, o pessoal agora está gozando. Tu escrevesses que ‘parece que estamos sem norte’. Então, eu quero saber se tu és contra a carreira jurídica para os Delegados, porque eu vou colocar isso na rede, veja bem, Genovez, eu vou colocar isso na rede prá todo o pessoal!”

Interrompi:

- “Sim, só que você não entendeu o meu artigo”.

Renato me interrompeu:

- “Sim senhor, claro que entendi muito bem, da forma como você colocou você é contra. Tudo bem, então apresenta alguma sugestão”.

Interrompi:

- “Renato, eu escrevi que sou contra o projeto como foi formatado e se encontra na Assembleia.”.

Renato me interrompeu:

- “Que Assembleia? Que Assembleia? Não tem projeto nenhum na Assembleia. Foi arquivado. Agora o trabalho é para desarquivar. Nós estamos trabalhando agora é para isso, é para desarquivar o projeto que já tinha sido aprovado”.

Interrompi:

- “Bom, se foi arquivado melhor. Eu sugiro, olha bem Renato, vou sugerir que você coloque isso na ordem do dia. Convoque os Delegados para uma assembleia extraordinária e volte a discutir esse projeto como está, ou então solicite sugestões via rede”.

“Renatão” me interrompeu:

- “Que rede? Que Assembleia? Isso já foi aprovado na assembleia de Treze Tílias pelos Delegados, não tem mais o que discutir”.

Interrompi: 

- “Renato, pelo amor de Deus, tu não dissesses que o projeto foi arquivado na Assembleia?”

Renato voltou à carga:

- “Sim, foi, e daí?”.

Continuei:

- “Bom, tu não vais querer que uma Assembleia lá em Treze Tílias com setenta Delegados, a maioria todos recém egressos da Academia, tivessem condições de deliberar um assunto dessa relevância, por favor, brincadeira, né!”

Renato:

- “Espera aí meu filho, meu filho, isso já foi deliberado lá na Assembleia de Treze Tílias, não vou, não adianta eu não vou mais voltar atrás...”.

Interrompi:

- “Renato, a gente tem amizade já há tanto anos, vou sugerir como amigo, olha bem, esse projeto aí pode ser um ‘ovo da serpente’, colocar Oficiais como carreira jurídica...”.

Renato me interrompeu:

- “Felipe, escuta, o nosso projeto não tem nada ver com Oficiais, nada a ver, é independente, é nosso...”.

Interrompi:

- “Bom, queres dizer que os Oficiais não estão buscando o mesmo objetivo nessa calda de cometa? Queres me dizer que eles não possuem um projeto lá na Assembleia Legislativa nesse mesmo sentido? Ah, para, né Renato!”.

Renato:

- “Tu não sabes, mas quando a gente conversar pessoalmente eu te conto. Logo que for aprovado o projeto da carreira jurídica eu entro com uma ‘Adin’ pedindo a inconstitucionalidade da ‘PEC’ dos Oficiais, já tem decisão do Supremo, tu já tens a decisão do ‘Fename’, tens?”.

Interrompi:

- “Eu sei, eu sei, mas isso pode ser um ‘ovo da serpente’, nós temos que batalhar pelo projeto da autonomia institucional, esquece isso agora. Vamos brigar para criar um segundo grau acima dos Delegados e Oficiais, aí sim, poderemos juntos brigar pela carreira jurídica, mas antes de jeito nenhum, esquece isso”.

Renato sempre fazendo o contraponto, continuou:

- “Não, não, depois que for aprovada a carreira jurídica eu vou pedir subsídios para os Delegados, tu vais ver...”.

Interrompi:

- “Renato, tu achas que é assim?”.

Nesse momento pensei no teto salarial, pensei nas mobilizações dos Oficiais  da PM dentro de uma perspectiva corporativista, de todas as carreiras que integravam o universo da segurança pública, e preferi ficar ouvindo o monólogo que mais parecia um “Renatum”:

“...Bom, eu fui atacado, ofendido, que moral tem aquela Sandra Andreatta, ela foi ‘p.’ ‘f.’ ‘v.’ de ‘f.’, uma vergonha. O Natal foi escrever que eu fui lá para ‘Miami’ com o Pavan fazer tour, eu falei com ele, me senti ofendido, perguntei a ele se fosse convidado se também não aceitaria? Eu perguntei: ‘Natal, eu duvido que se você fosse convidado se você não aceitaria, com tudo pago, é o sonho de todo mundo fazer curso nos Estados Unidos’. Eu duvido Genovez se você fosse convidado se você também não aceitaria, claro que sim!”

 Interrompi no ato:

- “Não, não, de jeito nenhum aceitaria! Nem pretendo viajar para os Estados Unidos tão cedo”.

Quando a conversa foi chegando ao seu fim, Renato propôs:

- “Eu acho que se você sutilmente for na rede e se..., dá sugestões, coloque se você é contra a carreira jurídica, coloca isso publicamente”.

Interrompi:

- “Olha, Renato, o meu artigo foi contra o projeto como foi formatado, não contra o projeto original que eu sei que é o que você sempre defendeu, entretanto, acho que primeiro nós teríamos que por meio da Adepol, procurar os Oficiais para negociar com eles um projeto muito maior que isso”.

Renato:

- “Eu tenho culpa se o André lá no gabinete resolveu... Os Delegados lá em Treze Tílias aprovaram a proposta, eu fui voto vencido, eu fui voto vencido!”

 Interrompi:

- “Eu sei disso, por isso te peço, aproveite o momento até para te fortalecer, convoque uma assembleia-geral extraordinária ou então coloque o assunto em discussão na rede, faça isso!”

Renato me interrompeu:

- “Não vou fazer isso! Não vou, já foi aprovado!”

- Interrompi: “Bom, se essa é a tua decisão...”.

A conversa se encerrou sem que conseguíssemos chegar a uma conclusão, como eu já esperava e Renato finalizou:

- “Bom, tu podes ter certeza que eu não vou para a rede responder, te atacar, já pensou? Eu não vou fazer isso, tu sabes que eu te considero, por isso resolvi te telefonar, mas vou preparar uma nota”.

Argumentei:

- “Bom, tu tens o ‘site’ da Adepol para escrever, se manifestar, então faça isso!”

Renato me interrompeu:

- “O ‘site’ está a disposição de todos os sócios, você pode mandar sugestões também”.

Antes de responder, lembrei das sugestões que já mandei e que até hoje não obtive resposta alguma. Em seguida conclui:

- “Bom, eu leio diariamente o ‘Diário Catarinense’, e lá tem a ‘coluna do leitor’ que quase ninguém lê, então tu queres que eu mande sugestões para o ‘site’ da Adepol onde ninguém lê, dá licença, ah, dá licença!”

E nesse clima terminamos nossa conversa.