MULTIDÃO

 

A música “Mais um na multidão” do cantor Erasmo Carlos me fez refletir sobre a palavra multidão, que obviamente não cabe definir   nesta crônica. Me detive na frase  porque acho a multidão um mistério.

Multidão remete  turbulência - pessoas inseridas  nos shoppings centers, restaurantes, filas, cinemas, teatros, elevadores, ruas, ônibus, trem. Na multidão, objetos se perdem, mas sentimentos podem ser  encontrados.

Para algumas pessoas, ficar na multidão pode desencadear distúrbio, como agorafobia, medo de sentir pavor diante de espaços abertos ou no meio de uma multidão. Para outras, a multidão dá a sensação de que  não estamos sozinhos.

Há pessoas   sensíveis que  observam em volta; essas, são capazes de  captar nuances nos aglomerados; esbarram com sutileza e  desenvoltura.

É como se  surgisse uma dança entre parceiros; que  gradualmente, vão formando pares na multidão.

Quando o fluxo da multidão fica intenso, a dança de parceiros se estreita, o olhar se apega e afinidades vão fluindo. E, mesmo na  multidão, você  enxerga  o  ser especial - a mãe enxerga  os filhos,  amores se enxergam na multidão.

E a pessoa deixa de ser mais um na multidão: torna-se  um ser único, essencial.