MULHERES E HUMORES: O CICLO DOS AFETOS CONTEMPORÂNEOS E...

Por ADRIANA CRISTINA ALVES FERREIRA | 14/09/2016 | Psicologia

MULHERES E HUMORES: O CICLO DOS AFETOS CONTEMPORÂNEOS E O ADOECIMENTO PSÍQUICO

ADRIANA CRISTINA ALVES FERREIRA[1]

JOSÉ WILTON DE ARAÚJO [2]

Resumo

O presente artigo vem elucidar a evidência do mal-estar contemporâneo,a depressão, considerando as condições psicossociais de desenvolvimento, mostrando suas características e possíveis causas. Traz os tipos mais graves de transtornos. Faz um paralelo entre o humor triste do luto e da melancolia. Tem como objetivo conhecer os sintomas e as consequências que devastam o ser humano nos mais variados graus de sofrimento psíquico e traçar frente as pesquisas, a prevalência de gênero feminino.

INTRODUÇÃO

            A assombrosa e cruel psicopatologia que aos poucos invade a vida das pessoas chega silenciosamente  é devoradora  de  ânimos  impede pessoas de agirem, exercerem suas atividades laborais e se socializarem. Sem saber do que se trata, muita gente sofre silenciosamente, outros são estigmatizados por apresentarem um perfil triste, inerte, dormirem parte do dia ou ficarem acordadas parte da noite, preferem  a solidão do que a socialização. A partir da grande incidência de depressão em pessoas em todas as idades convém que se saiba como lidar com esse mal conhecendo um pouco mais sobre ele e como se sobressair no caso de ser vítima desse transtorno ou como lidar com quem está próximo e precisa de ajuda.  

            Segundo dados da (OMS)Organização Mundial da Saúde, descritos por WHO (2001, apud SANTOS E KASSOUF (2007), diversos fatores podem implicar transtornos mentais, sendo alguns dos principais: pobreza, sexo, idade, conflitos e desastres, a maioria das doenças físicas e o ambiente familiar e social. Dessa forma o nível socioeconômico , as condições de subsistência, fatores como alterações hormonais, conflitos familiares, condições precárias de vida, moradia, saúde e educação, perdas importantes, não somente de pessoas próximas mas também financeiras. Tem como objetivo conhecer os sintomas e as consequências que devastam o ser humano nos mais variados graus de sofrimento psíquico e traçar frente as pesquisas, a prevalência de gênero feminino como vítimas mais atingidas.

            Mediante pesquisas realizadas por Dalgalarrondo (2008), e em consonância com a necessidade de se obter um melhor esclarecimento sobre o sofrimento psíquico, ressalta-se que as síndromes depressivas são tidas a partir da OMS(Organização Mundial de Saúde) como um problema de saúde pública, o que representa um alerta para que se providencie uma melhora na qualidade de vida das pessoas tanto no âmbito familiar quanto no laboral. A pressão subjetiva exercida no campo trabalhista pode trazer como consequências o adoecimento psíquico do sujeito, bem como os conflitos familiares ou falência.

          Para que se compreenda um transtorno depressivo farei aqui um esclarecimento sobre o que seria um transtorno de humor, vista que suas classificações  podem variar de acordo com sua intensidade e especificidade sintomática, pois conforme Dumas (2011), os transtornos de humor se manifestam por mudança acentuada e prolongada das emoções do sujeito. Já Dalgalarrondo (2008), caracteriza as síndromes depressivas considerando os sintomas afetivos, instintivos, neurovegetativos, ideativos e cognitivos relacionados à autovaloração, à vontade e a psicomotricidade.

No geral não dá para considerar o mal como sendo específico de uma faixa etária exclusiva pois, os estudos reconhecem que os critérios de identificação dos transtornos se manifestam de forma semelhante nos adultos e nas crianças, a partir das conclusões de Dumas (2011), inclusive que os sintomas são idênticos em todas as idades sendo que há uma variação de intensidade e sintomas .

TIPOS MAIS COMUNS DE TRANSTORNOS DE HUMOR

            De acordo com Dumas (2011) os transtornos de humor quanto aos tipos podem ser: o depressivo maior, o distímico e o bipolar, considerando também que esses são os mais importantes. Assim sendo a nível de esclarecimento, mastra-se aqui as principais características que distinguem um do outro.

TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR

O transtorno depressivo maior conforme  Dumas(2011), caracteriza-se pela ocorrência de episódios depressivos com uma duração de pelo menos duas semanas cada um, onde o sofrimento psíquico ao intensificar-se pode levar o corpo a apresentar sintomas que não são explicados pela medicina convencional. Faz-se necessário compreendermos que nem toda tristeza representa um transtorno, assim sendo os critérios diagnósticos para o transtorno depressivo maior, são estabelecidos a partir do DSM IV e CID-10, onde Dumas (2011) estabelece uma comparação entre tais critérios e chega a conclusão de que o que define tal transtorno consiste em um humor depressivo ou irritável ou em uma diminuição acentuada do interesse ou do prazer pela maioria das atividades.

O que se sabe sobre esse mal mediante Dalgalarrondo (2008) é que fatores biológicos, genéticos e neuroquímicos têm importante peso no desenvolvimento de quadros depressivos, porém, as perdas têm um peso significativo que podem funcionar, em pessoas com predisposição genética, como verdadeiros gatilhos desencadeadores de alterações biológicas, tais como a diminuição de serotonina que levarão à alterações de humor importantes, isso para cada pessoa em especificidade acontece de maneira diferente, frente a estrutura psíquica de cada sujeito, mesmo assim precisa-se considerar como estressores importantes  conforme o mesmo autor, perdas de pessoas queridas, emprego, moradia, estatus socioeconômico.

No que se refere a faixa etária, o transtorno depressivo pode afetar todas as idades, sendo que, no que se refere aos sintomas psicóticos que acompanham pessoas depressivas, ocorrem  em crianças e adolescentes mais do que em adultos. No que tange ao gênero, tal transtorno segundo Dalgalarrondo (2008), afeta meninas na mesma proporção que os meninos, e as comorbidades  de acordo com esta literatura são transtornos de ansiedade e de comportamento.

Em casos mais graves ideias suicidas ou mesmo até as tentativas de suicídio acompanham sentimentos de aflição e de desespero, o que representa um fator de risco considerável de consumação de atos suicidas principalmente em pessoas do sexo masculino, conforme pesquisas realizadas por Dumas(2011). Tais ideias recorrentes de desesperança podem ocorrer levando o sujeito a perder a razão de viver. A pessoa podem tal sofrimento denunciar através da fala, deixar sinais, pedir ajuda, porém precisa de todo o apoio da família para superar o quadro que segue em sofrimento, para que possa ressignificar sua vida e das demais pessoas que o circundam.

TRANSTORNO DISTÍMICO

Dumas (2011) descreve o transtorno distímico como sendo uma variação do humor que tem sintomas depressivos por no mínimo um ano, são menos acentuados porém uma tendência maior a serem crônicos. Dessa forma, ao comparar os critérios diagnósticos do DSM IV e CID-10, Dumas(2011) descreve em sua pesquisa os itens que foram consonantes nos seguintes aspectos: falta de interesse generalizada, perda de energia, perturbações do sono ou do apetite, falta de autoestima e de autoconfiança, baixa concentração. Como o quadro é comprometedor, ainda conforme o mesmo autor, ocorre do sujeito depressivo apresentar dificuldades de tomar decisões ou de enfrentar responsabilidades, tem sentimentos de pessimismo e de desespero. Mediante esse quadro o sujeito passa a ter um comprometimento acentuado em termos gerais.

TRANSTORNO BIPOLAR

Esse transtorno segundo Dumas(20011) tem como características, episódios acentuados durante os quais se passa de uma elevação do humor(mania) e de um aumento de energia e de atividade para o rebaixamento do humor.

Os sintomas são, conforme Dumas(2011), aumento acentuado de energia e de atividades agitadas, febris ou distraídas, redução da necessidade de sono, tendência a falar continuamente, busca de atividades e de projetos agradáveis, mas irrefletidos, porque expõem a pessoa a um nível elevado de perigo e decepção. Essa alternância do humor triste para o estado de mania o autor descreve como sendo a inversão da polaridade quando o transtorno evolui de um episódio depressivo maior para um episódio maníaco.

Ao distinguir os tipos de transtorno de humor faz-se necessário ressaltar em consonância com Dumas (2011) que os transtornos  são a convergência de fatores de risco que levam o sujeito a reagir a acontecimentos estressores por uma alteração afetiva acentuada que se tornará crônica em alguns casos.

[...]meninas e meninos  têm taxas de comorbidades semelhantes, mas que, nas meninas, os transtornos afins são os de ansiedade e de condutas alimentares ( em particular nas adolescentes), e, nos meninos, os de comportamento Anderson e McGee, et al (1993 apud DUMAS 2011, p. 357)

              Conforme Dumas(2011) a comorbidade elevada é uma característica marcante dos transtornos de humor, ou seja indivíduos deprimidos apresentam psicopatologias múltiplas, como mediante as pesquisas, no que se refere ao gênero praticamente ambos os sexos apresentam alterações extras o diferencial é apenas no tipo de transtorno associado como veremos abaixo           

            Faz-se necessário compreender como o sujeito é afetado pelo transtorno de humor, uma vez que os sintomas associados podem trazer prejuízos na vida funcional e social,  pois o quanto antes os sintomas forem detectados, mais possibilidades surgirão de minimizar os prejuízos a partir do auxílio de profissionais da área  psiquiátrica e psicológica para ajudarem a diminuir tão intenso sofrimento psíquico. Com a elucidação dos sintomas acima descritos que configuram um quadro depressivo há  a possibilidade de se compreender melhor o que se passa com um sujeito em sofrimento. Tão brutal sofrimento ainda pode ser confundido com outros tipos de sofrimento, motivo pelo qual os sintomas devem ser bem observados e avaliados antes de se estabelecer um diagnóstico para que se evite medicalização ou estigmatização desnecessariamente.

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