MOVIMENTO ARMORIAL O QUE É E? SAIBA QUEM FOI O PROTAGONISTA DESSE MOVIMENTO CULTURAL.

POR: J. Wilamy Carneiro

Ao nascermos já encontramos embutido o sentido de simbologia por nossos pais. Os desenhos nas fraudas, o brinquedos dependurados no berço, porta e na parede, o bordado feito pelos nossos avós, os sapatinhos, camisetas. É um ato in (voluntário), e pessoal que identifica cada prole ou família, até mesmo um povo de uma determinada região. Um mundo de símbolos identificados por cada pessoa. Posso lhes garantir que é como uma marca d´água nas famílias. Cada uma tem seu “Brasão” um distintivo que caracteriza sua raça, costume e nobreza. 

 E se seu filho for uma menina? Então, a criação dos artefatos e catálogos toma conta da casa inteira. Ademais, além desse introito depende de cada região. Ao nascer um nordestino, apresenta a caricatura da sanfona, o triangulo, o chapéu de couro. Na dança, o xaxado, o frevo, o forró, o maracatu, o bumba meu boi.

Na Bahia, a arte do candomblé, maculelê, festa junina, samba de roda. Em Olinda e Recife, o frevo, maracatu, os bonecos gigantes. No sul, o chimarrão, a bombacha, o lenço; na música gaúcha, o vanerão, balaio, facão e a valsa.  Essa simbologia marca cada um de nosso povo. Entre essas pluralidades chamamos de “Características Culturais”.  

Antecipando ao “Movimento Armorial”, abro um parêntese para explicação ortográfica e léxica da palavra. A palavra Armorial vem da flexão verbal Armoriar, na segunda pessoa aparece como Armoriais e a definição do adjetivo de dois gêneros e substantivo masculino e do francês armorier. O significado de “armoriar” é pôr armas, e no símbolo de nobreza empregamos os brasões. Armorial é então um catálogo de armas em descrever a arte nos brasões ou escudos, desenvolvido na Europa a partir do século XII.

No Brasil, na década de 70 surgiu uma vertente artista - cultural na valorização da Arte Popular Nordestina. Essa iniciativa partiu da iniciativa de um paraibano. O protagonista dramaturgo, poeta e escritor Ariano Suassuna, autor da Obra “O Auto da Compadecida”.

O Movimento Armorial foi uma iniciativa artística cujo maior objetivo era criar uma arte erudita a partir dos elementos, costumes da Cultura Popular do Nordeste Brasileiro.  A fundação oficial aconteceu no dia 18 de Outubro de 1980. Na apresentação do evento e Fundação Oficial, apresentaram um concerto da Orquestra Armorial com artistas da região.

Segundo Ariano Suassuna, o precursor desse movimento resultou num trabalho de 25 (Vinte e cinco anos) de pesquisa.

 O movimento é uma metáfora representativa à criação nordestina enquanto ao seu aspecto cultural vivido através de símbolos, figuras, artes gráficas, literatura popular, xilogravuras, renda e artesanato nordestino.

O Movimento Armorial visa incentivar, incrementar os costumes populares da Região Nordeste através da Cultura, a Arte Plástica, a Literatura de Cordel, a Música, o Teatro, o Cinema.  Em entrevista, o autor e incentivador do Movimento Armorial, descreve com muita ênfase como se apaixonou pela cultura nordestina ainda menino assistindo pela primeira vez o teatro de bonecos e mamulengo em seu torrão. Foi dali onde tudo começou e que teve a inspiração de se tornar um escritor, e dramaturgo. Para ele o movimento é uma “prática abeta” resgatando outro costume oriundo da região, desmitificando que podem surgir outras influências populares em toda região. Exemplifica o escritor paraibano com as características culturais e costumes que o sertanejo, e homem do sertão nordestino leva consigo com sua nascença.

Aqui, friso com alegria as boas lembranças de menino com as brincadeiras em sala de aula, nas calçadas, na igreja. Brincadeira de amarelinha, de danças de roda, as melodias “Ciranda e cirandinhas vamos todos cirandar,” os pulos na promessa das fogueiras pedindo ao santo padroeiro um bom casamento. A entonação das músicas e cantorias pelos repentistas nas varandas dos sertões, fazendas e nas residências. Os instrumentos tradicionais da música nordestina: O triangulo, o bumba, o baixo,  reco-reco. Os festejos da Festa de Reis.  O Bumba meu Boi nas casas. As novenas e quermesses. As vaquejadas, As montarias, cavalgadas e peregrinações com o santo padroeiro. As Festas da Padroeira de sua cidade. O forró pé- de - serra.  As peças teatrais por nossos atores mirins e outras tantas que vimos por nosso Nordeste através dos nossos antepassados, os escravos e indígenas que viveram na região do Pernambuco, Ceará, Maranhão, Bahia com suas manifestações culturais na dança do toré, da capoeira, o birimbau.  As festas do Rei Congo e Rainha nos festejos dos santos e dos pretinhos. Outras tradições musicais influenciadas pela Colônia Portuguesa quando aqui chegaram.

Sabiamente, quis o autor do movimento armorial registrar, marcar nossa crença e costume na memória de nossos  futuros descendentes. Vale destacar outros autores que colaboraram no movimento armorial. São eles: Gilvan Samico, Francisco Brennand, Antônio Nóbrega, Raimundo Carrero e Antônio Madureira, músico e compositor potiguar.   

Sites de pesquisas:

http://www.dicio.com.br. Acesso em 03 de março de 2020.

http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/indice-biografia/movimentosesteticos/movimento-armorial. Acesso em 04 de março de 2020.

Op. Cit. SUASSUNA, Ariano. O Movimento Armorial. Recife: Universitária da UFPE, 1974. Acesso em 03 de março de 2020.

__________________

Wilamy Carneiro como é mais conhecido, é professor, palestrante, cordelista, poeta, escritor, memorialista. Membro da  ALMECE - Academia de Letras dos Municípios do Ceará. Autor da Obra EINSTEIN E SOBRAL - A Cidade Luz. Em 2018 publicou a obra "Os Estados Unidos de Sobral." É Autor da Crônica - "Minha Cidade Princesa". "Diário de um Professor. Na poesia publicou "Doce Loucura" e "A  Poesia é um Saco." e " Soneto do Amor." Em cordeis  publicou " Padre Sadoc de Araújo - Um Homem de Mente Brilhante. o Cordel "O Barão de Sobral", LUZIA - HOMEM - A Mulher que traiu o Coração e Crapiúna."  Patativa do Assaré - Um Poeta Nordestino.Ainda em Litertura de Cordel - "A visita dos Arcanjos na Casa de Juvenal Galeno". Em 2020 publicou a Literatura Popular de " A Chegada do Cantor Belchior no Céu.