MORTE SOBRE DUAS RODAS
Publicado em 13 de maio de 2014 por NERI P. CARNEIRO
MORTE SOBRE DUAS RODAS
Até parece frase feita com efeito apelativo. Mas não se trata disso. Trata-se apenas de chamar a atenção para o fato de que muitos jovens estão morrendo em acidentes com motocicleta: por fatalidade, por excesso de velocidade, por condução irresponsável, por causa de imperícia de terceiros, por causa das ruas e estradas com defeitos, por negligência ou por burrice mesmo. Ser imprudente sobre duas rodas é pedir para morrer!
Mas comecemos com um fato fácil constatar: A vida sobre duas rodas é uma maravilha! Motocicleta é um estilo de vida! É uma aventura! O contato com a natureza é constante, direto e radical. Ela não se presta à velocidade mas à curtição do trajeto. A sensação de liberdade quase equivale à sensação de estar voando e a brisa no rosto produz aquela sensação que só se experimenta sobre duas rodas. Sem contar a economia de combustível!!!
Se isso não bastasse, a moto é mais ágil, mais versátil, mais econômica, mais fácil de manobrar, de estacionar, entra em vários lugares que um automóvel não entraria... E se estamos com a namorada na garupa tem aquele abraço apertado com seus seios aquecendo nossas costas....um abraço que dura todo o percurso....
É claro que, proporcionalmente ao carro, o imposto da moto é bem mais caro. Os riscos de acidente, também são maiores. E, pior ainda, as consequências do acidente são sempre piores. Daí aquela afirmação de que “para-choque de moto é o peito do motoqueiro”.
Enquanto no carro os ocupantes têm um monte de lata e vidros como barreira e proteção a única proteção, na moto, é o bom senso do condutor. Nem o capacete é cem por cento seguro, pois dependendo da queda ou do impacto o peso a mais do capacete pode ser um perigo adicional para uma eventual quebra de pescoço – o que não significa que se deva andar sem capacete. Por isso, mais uma vez: a maior segurança da moto e do seu condutor é o bom sendo só motoqueiro. E é neste ponto que o bicho pega.
Por ser um veículo usado majoritariamente por jovens, o bom senso nem sempre acompanha o trajeto e a trajetória pois, de modo geral, o jovem, por ser mais dinâmico, acaba sendo menos prudente. Junta-se a imprudência com a agilidade da moto e o perigo se instala. Mas isso tem explicação: qualquer um de nós tem esse comportamento: sentimo-nos eternos!
A irreverência e a vitalidade do jovem levam-no a pensar que o pior só acontece com os outros. Todos nós somos assim: se estarmos saudáveis nos imaginamos imortais. E isso se acentua no jovem. Cada um de nós pensa que é melhor, possui mais perícia, tem maior domínio e autocontrole do que efetivamente temos e por causa dessa crença abrimos mão da prudência e entre os jovens a imprudência é uma característica existencial. E a imprudência atrai acidentes. E isso é uma constância entre os jovens. Enfim, como tudo isso está muito mais presente no jovem ele se considera o melhor sobre duas rodas. E, mais negligente, está mais propenso ao acidente; a imprudência aproxima o jovem do acidente do qual ele se imagina livre por que se considera perito, excelente piloto e imortal.
Tudo isso somado produz o resultado dos acidentes trágicos e fatais entre motoqueiros. Sem contar a burrice que produz imprudência fazendo com que o condutor atropele as normas de trânsito gerando riscos impensados. E essa irresponsabilidade não é privilégio dos jovens. São muitos os que dão causa a acidentes porque passam por cima das normas de segurança.
Podemos admitir que muitos acidentes envolvendo um jovem e uma moto são resultado de uma fatalidade ou de fatores externos. Mas se é verdade que terceiros ameaçam os motoqueiros também é verdade que existem muitos motoqueiros se ameaçam e aos outros com sua irresponsabilidade.
E se cresce o volume de morte sobre duas rodas isso nos convida a rever a maneira de conduzir... moto é um estilo de vida por mais vida e não combina com irresponsabilidade.
Neri de Paula Carneiro
Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador
Rolim de Moura - RO