MORRER

 

Nascemos para morrer

Ou morremos antes de nascer

Mas morrer é sempre, sempre

Uma imposição

Uma forma de sacrifício

Pelo privilégio de existir

Para morrer não há previsão

Não tem hora marcada

É o acaso do acaso

A morte não existe

O que existe é morrer

Morrer é o verbo

Um corpo que para

Como um seixo jogado na estrada

Que percorre o espaço

Estancando de repente

Morrer não é perder

Morrer é deixar

É partir sem viajar

Sem bilhete de volta

Sem check in

Sem chegada

É um sono profundo

Sem despertar

Que não será recordado

Morrer é não ter dia seguinte

É não ver o dia amanhecer.

É o esquecimento eterno.