Moral e a Maçonaria  

Wanderson Vitor Boareto

O tema moral é discutido em várias áreas da sociedade, como escolas, fórum, seminários e centros sociais. Na maçonaria não é diferente, o grau de aprendiz, a moral é estudada de forma efetiva, já que o aprendiz é a pedra bruta, que está sendo lapidada na coluna do norte. Todas as sete lições do aprendiz trabalha a moral de forma diferente, e uma instrução complementando a outra de forma gradativa. E como nos ensina Jesus Cristo: “Quem tem ouvido que ouça... quem tem olhos que veja...”. A base da sabedoria em qualquer área vem do compromisso de quem está ensinando e da vontade de quem está aprendendo.

Pensando por este parâmetro as instruções do ritual de aprendiz é muito mais complexo que parece. Nesse sentido, uma das coisas que muito tem a ver com  Maçonaria é a parte da filosofia que estuda a moral. Para o autor maçom Raimundo Rodrigues: “Moral é a parte da filosofia que trata dos costumes ou deveres do homem para com os seus semelhantes e para consigo mesmo”.

Símbolo maçon: O esquadro e o compasso.

Segundo Aristóteles, a Ética estabelece o que se deve ou se pode fazer e o que não se deve ou não se pode fazer. As virtudes éticas, morais, não são mera atividade racional, como as virtudes intelectuais, teoréticas; mas implicam, por natureza, um elemento sentimental, afetivo, passional, que deve ser governado pela razão, e não pode, todavia, ser completamente resolvido na razão. A razão aristotélica governa, domina as paixões, não as aniquila e destrói, como queria o ascetismo platônico. A virtude ética não é, pois, razão pura, mas uma aplicação da razão; não é unicamente ciência, mas uma ação com ciências.

Para Kant “A moral é um ato que está em harmonia com a natureza e com o Universo. Na maçonaria isso não é diferente os trabalhos em loja nos graus de Aprendiz Maçônico são carregados de energia. A simbologia do ritual trabalha a formação humana e sua formação como agente natural. Platão nos ensina no século IV a.c. “Que somos príncipes que perdemos a memoria”. Nesta visão platônica o homem é  um ser divino e com este principio a moral é a única verdadeira razão para se evoluir.

Em “A Ética de Nicômaco” Aristóteles começa por dizer que a educação dos jovens deve ser direcionada para o prazer e a dor, pois nada importa mais que saber amar ou fugir, pois o prazer e a dor se estendem pela vida inteira. E a formação moral é o principio de tudo.

O autor mexicano Sanches Vázquez nos ensina que “A Ética é a ciência que estuda a moral”. Em sua obra ele discute a formação moral na religião, na política, na sociedade e na formação humana. Lembrando que para Vázquez moral é a prática e ética está na ideia. Nesse pensamento, ser moral é viver dentro da moralidade no seu contexto de tempo e espaço.

“O Maçom tem por obrigação fazer tudo para melhorar intelectual e moralmente. Devemos nos lembrar de que existe uma coisa chamada dever, que nada mais é que a obrigação moral que cada um de nós tem que fazer ou deixar de fazer alguma coisa. O dever é obrigatório, absoluto, universal”. (RODRIGUES, pg. 59)

No ritual de aprendiz maçom na página 32 nos ensina: “A Pedra Cúbica é o material perfeitamente trabalhado e polido, de linha e ângulo reto, que o Compasso e o Esquadro mostram estar talhada de acordo com as exigências da arte”. Para os gregos antigos a arte é o caminho moral, justo e correto. Como diz São Tomás de Aquino: “Ser moral é ter a capacidade de viver o belo”. Para mim aprendiz Maçom, ser moral é viver o belo e ensinar o princípio da beleza que é o exemplo em Jesus Cristo.

Para mim, aprendiz maçom, moral é o próprio maçom. O que uniformiza  a ordem é a vida moral. O Irmão Márcio (2º vigilante) em uma de suas falas em loja descreve esta uniformidade, através do agir no dia a dia, e usa como exemplo uma fala de um profano, que pergunta... “se o irmão Helton é maçom”; “se o irmão Fabiano é maçom” e “se ele é maçom”? Ao ser indagado de porque pergunta, ele responde: “por que vocês são iguais”! Uma das coisas que me chamou atenção como estudante de filosofia, é que a moral maçônica é a mesma moral analisada e pensada por vários filósofos no decorrer da história. O interessante é que essa análise confirma o que diz vários autores maçons sobre a origem da Ordem.

Estou muito entusiasmado com o estudo da maçonaria e a busca por uma lapidação interior, visto que o homem real está no espírito humano, ou seja, o exterior é o reflexo do interior, nesse sentido a ética e a moral são os instrumentos de busca para tal aperfeiçoamento. 

Bibliografia

MAÇOM, Aprendiz, Instrução Grau I – R.`. E.`.A.`.A.`. 2012, Belo Horizonte, MG;

VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez, Ética, Ed Civilização Brasileira, 2005, Rio de Janeiro, RJ;

RODRIGUES Raimundo, A Filosofia da Maçonaria Simbólica, Ed Maçônica, 2000, Londrina PR.