A Moody´s alterou ontem a perspectiva do Brasil de negativa para estável do rating Ba2 do Brasil. A agência baseou-se na leitura de alguns sinais de recuperação do país, como a inflação em queda, a recuperação paulatina das instituições, o funcionamento da estrutura de políticas econômicas e a visão particular que o cenário fiscal está “mais claro”.

Em fevereiro o risco médio do portfólio de instituições avaliadas pela agência e acompanhadas pela BRA era de Ba3/A2.br.

Na visão da agência, a recuperação incipiente do crescimento econômico é esperada em 2017 assim como as condições econômicas estão se estabilizando; visão compartilhada também por alguns analistas de mercado a despeito de ainda haver a possibilidade de um aumento da carga tributária a médio prazo. Os riscos de passivos contingentes de entidades relacionadas ao governo foram significativamente reduzidos ainda que na visão da BRA este cenário não seja tão claro uma vez que a situação financeira e fiscal de alguns   estados ainda permanece difícil e que a consultoria observe que no mesmo dia a agência não reverteu por exemplo a perspectiva negativa de empresas como a Petrobras atualmente classificada em B2, Perspectiva Estável desde outubro de 2016. Dito isso, a BRA ressalta que a agência já havia incorporado ao ser a primeira agência a aumentar a nota da companhia uma redução dos riscos de passivos contingentes relacionados a companhia mesmo que os principais fatores fossem sua liquidez e as iniciativas de melhorar seu perfil financeiro.

A Moody´s assim como as demais agências de rating e a BRA Advisory chama atenção para a importância da implementação de reformas estruturais para a continuidade da recuperação econômica e do perfil de risco do país.

“O rating de emissor Ba2 do Brasil reflete a solidez e as debilidades do perfil de crédito do país. O crescimento econômico abaixo do potencial e a frágil posição fiscal, que resultarão na continuidade do crescimento da dívida do governo nos próximos dois a três anos, são importantes limitadores do rating. Estes fatores são compensados, por outro lado, pela ampla e diversificada economia do Brasil, limitada vulnerabilidade externa e susceptibilidade a eventos de risco, e melhora no ambiente para reformas destinadas a resolver as fraquezas do perfil de crédito do país. A perspectiva estável para o rating Ba2 também incorpora nossa expectativa de um ambiente propício para as reformas nos próximos 12 a 18 meses. Esta expectativa é ponderada pelo risco de interrupção deste momento favorável às reformas, atrasos na aprovação da reforma da Previdência ou renovada incerteza política. ”

Segundo a agência o rating do país poderia se elevar se “as reformas estruturais restaurarem índices de crescimento mais elevados e/ou levarem a um ritmo mais acelerado de consolidação fiscal para estabilização da dívida do governo. Demonstração de continuidade das políticas e implementação consistente de reformas fiscais, incluindo o cumprimento do teto para as despesas do governo para além de 2019”. Assim como o rating poderia ser rebaixado caso haja “o ressurgimento de deterioração econômica e riscos fiscais. Em especial, o ressurgimento da desarticulação política e, ainda, a interrupção do momento para realização de reformas que ameacem a implementação das reformas fiscais e o cumprimento do teto dos gastos públicos -- especialmente atrasos na aprovação da reforma da previdência -- exercerão pressão negativa sobre os ratings. ”