O que fazer de certos momentos,
Quando são eles portais de um breve paraíso
Flutuante e imaginário
Construído entre quatro paredes azuis
E fazem valer um dia, uma vida inteira?

Tais momentos
Talvez sejam as únicas coisas
Unicamente minhas.
São singelos, mas singulares
Instantes de uma noite
Encaixados entre aquelas paredes celestes
Ouvindo melodias repetidas
Que a cada breve execução
Desperta nova emoção

Meus momentos
Permitem a continuidade da vida;
A vida ante as quatro paredes,
Pois entre elas me encontro intacta
Gozando de momentos únicos
De prazerosa solidão
Dialogando com o espelho
Dedilhando o violão
Lendo novas páginas dos velhos livros
Grafando novos versos dos velhos sentimentos

Momentos assim,
Momentos afins,
São preciosidades,
Me permite a liberdade,
A inspiração
Permite até que eu repinte
Minhas próprias paredes...