Moko da bananeira afeta produção em Sergipe
Publicado em 03 de dezembro de 2009 por Ivan Brscan
Estudos da doença são necessários para estabelecer um programa de detecção, controle e erradicação em Sergipe e assim evitar a disseminação. A Embrapa Tabuleiros Costeiros vem trabalhando no desenvolvimento de um sistema de diagnose que permitirá ao produtor eliminar plantas com e sem sintomas, evitando disseminação ao longo da propriedade.
O Brasil é o
segundo maior produtor de banana do mundo alcançando 7,1 milhões de
toneladas
anuais em uma área estimada de 504 mil hectares tendo o Nordeste como a
maior
região produtora do país com 39% deste total. Com estes dados podemos
ver que a
bananicultura possui considerável importância sócio-econômica nesta
região,
sendo importante fonte de renda principalmente para pequenos
agricultores.
Em Sergipe, um
dos problemas fitossanitários relatados é a ocorrência do moko da
bananeira ou murcha bacteriana que é causado pela bactéria Ralstonia
solanacearum raça 2, considerada uma praga quarentenária com
ampla distribuição em regiões tropicais, sub-tropicais e temperadas em
todo o
mundo. Além de Sergipe ocorre também nos Estados da região Norte à
exceção do Acre.
A disseminação
da bactéria pode ocorrer de diferentes formas, dentre as quais se
destacam o
uso de ferramentas infectadas, contaminação de raiz para raiz ou do
solo para a
raiz e por insetos (abelhas, vespas, mosca-das-frutas e muitos outros
gêneros).
Em nossa
região, a transmissão da bactéria não ocorre via solo como na região
Norte do
país e se dá, provavelmente, pela visita de insetos às inflorescências (parte da planta onde se
localizam as flores) uma vez
que os sintomas são mais severos de cima para baixo nas plantas
infectadas.
Devido a reincidência da doença, é possível que a bactéria permaneça na
área
associada a alguma das mais de 234 espécies de planta hospedeira ou
inseto
transmissor.
Isolados da
bactéria Ralstonia solanacearum raça
2 também têm habilidade de infectar e colonizar a bananeira sem causar
sintomas, provavelmente pelos cultivos em locais com condições
ambientais
distintas.
O uso de cultivares resistentes seria a
alternativa
mais simples e efetiva para o controle do Moko, porém até o momento não
há fontes
conhecidas de resistência contra o Moko no germoplasma de banana, razão que reforça a
aplicação de outras práticas e estratégias de controle baseadas em
diferentes
investigações. A geração de
plantas
transgênicas possibilitaria a obtenção de materiais resistentes à
doença.
Diante da
importância do moko para a bananicultura de nosso Estado e do escasso
conhecimento sobre este patossistema na região, estudos da população da
bactéria e da epidemiologia da doença são necessários e urgentes para
estabelecer um programa de controle/erradicação eficiente em Sergipe e
assim
evitar a disseminação da doença para outros Estados produtores da
região
Nordeste.
Além disso, é
necessário verificar se há diferenças moleculares entre os biótipos da
raça 2 que
infectam a bananeira e criar desta forma um sistema de diagnose
molecular que
permita sua detecção de forma rápida e segura quando comparada com as
diferentes raças de R. solanacearum
de outras culturas. E é exatamente isso que a Embrapa Tabuleiros Costeiros vem
trabalhando.
O projeto que
esta em desenvolvimento visa auxiliar os trabalhos de defesa
fitossanitária
para o moko da bananeira no estado de Sergipe, comparando a nível
molecular as
diferentes biovares de R. solanacearum
entre diferentes culturas, incluindo a raça 2 da bananeira e a partir
desta
comparação desenvolver um sistema de diagnose específico para banana.
Desta
forma, este sistema de detecção rápido permitirá ao produtor erradicar
plantas
sintomáticas e assintomáticas, evitando uma maior disseminação ao longo
da
plantação.
* Leandro Diniz é especialista