MITOLOGIA GREGA COMO INSTRUMENTO FACILITADOR NO PROCESSO DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO: Um estudo de caso

 

MARTINS, Roseli Gomes. Mitologia grega como instrumento facilitador no processo de leitura e interpretação de texto: Um estudo de caso. 2015. 39 p. Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa e da Literatura na Educação Básica – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Ariquemes, 2015.

RESUMO

Este artigo tem como temática a mitologia grega no processo de leitura e interpretação de texto, visto que é essencial a formação de leitores seletivos, críticos e reflexivos. Essa situação contemporânea é delicada e se tornou um enorme desafio, em especial à escola que busca incessantemente solucionar esse déficit de leitura da atualidade. Com base em pesquisa bibliográfica e com estudo de caso, buscou-se compreender a mitologia como instrumento facilitador no processo de leitura e interpretação de texto, bem como apontar as vantagens em se trabalhar textos mitológicos no processo de leitura e interpretação, ressaltando ainda a influência da mitologia grega na cultura ocidental e como aplicar os contos mitológicos gregos através da linguagem simbólica, visando os benefícios que essa atividade propicia para a formação de leitores. Nessa perspectiva, os contos da mitologia grega são peças de fundamental importância para o desenvolvimento da leitura e do leitor.

 

 

Palavras-chave: Leitura. Interpretação. Diversidade textual. Mitologia Grega.

 

 

 

 

 

MARTINS, Roseli Gomes. Greek mythology as a facilitator in the process of reading and interpreting text: A case study. 2015. 39 p. Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação em Especialização em Metodologias do Ensino de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira na Educação Básica – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Ariquemes, 2015.

 

ABSTRACT

This article is subject to Greek mythology in the process of reading and interpreting the text as it is essential to the formation of selective, critical and reflective readers, the situation is delicate, and became a huge challenge, particularly in the school who tirelessly sought address this deficit. Based on a literature review and case study, we sought to understand the mythology as facilitator in reading and reading comprehension process, as well as point out the advantages of working mythological texts in the reading and interpretation process, further highlighting the influence Greek mythology in western culture and how to apply the Greek mythological tales through the symbolic language, which has the benefits that this activity provides for the formation of readers. From this perspective, the tales of Greek mythology are parts of fundamental importance to the development of reading and the reader.

 

 

Key-words: Reading. Interpretation. Textual Diversity. Greek Mythology.

 

 

 

 

 

1  INTRODUÇÃO

A leitura é fundamental para a formação de uma sociedade consciente, crítica e reflexiva, no entanto, estamos vivendo numa era de grande rejeição acerca da leitura literária, os fatores que contribuem para exacerbar o problema da leitura e interpretação de texto são diversos, entre eles podemos citar a falta de atratividade, uma vez que para os alunos a leitura necessita ser extremamente convidativa.

Com os adventos tecnológicos da “Era Digital” e a crescente apelação das mídias, as exigências acerca da leitura e interpretação de textos são extremamente gritantes, pois todos os dias somos atropelados por um turbilhão de leituras fazendo com que nos deparemos com “novas maneiras de “ler”, de “escrever” e de “publicar” fatos, atos e opiniões”, não basta mais para a escola formar um leitor decodificador e entendedor de textos, será preciso formar um leitor/navegador.

A escola é o cenário mais que perfeito para motivar a leitura e interpretação textual, ela é capaz de aperfeiçoar e tornar a leitura um hábito constante, fornecendo acesso a inúmeros textos em inúmeros formatos.

Este artigo propõe auxiliar o educador, numa prática que busca atrair os educandos para a leitura e interpretação de boa qualidade, fazendo com que os mesmos construam uma nova realidade, embasada nos contos da mitologia grega, favorecendo ainda a criação de elos que transformam a leitura em fonte de lazer e cultura.

Seguindo a linha de pesquisa 01 que engloba o Ensino de Língua Portuguesa, Multiletramento e as Novas Tecnologias, a escolha do tema e a nossa proposta vai ao encontro de uma das práticas centrais da linguagem sugeridas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN’s: a prática da leitura.   

O objetivo principal deste artigo é compreender a mitologia grega como instrumento facilitador no processo da leitura e interpretação de textos, bem como, apontar as vantagens em se trabalhar textos mitológicos para o processo de leitura e interpretação, assinalando a influência da mitologia grega na cultura ocidental, e ainda aplicar os contos mitológicos gregos através da linguagem simbólica.

Com base no exposto, o presente trabalho, constituiu-se primeiramente numa pesquisa bibliográfica qualitativa que, segundo Rodriguês (2007) se propõe a readquirir o conhecimento científico acumulado sobre a temática em questão e consequentemente a um estudo de caso”, demonstrando a realidade dos alunos acerca de tal questionamento, tomando como referência a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professora Carmem Ione de Araújo, localizada à Rua Ursa Maior, nª4563, Rota do Sol, Ariquemes/RO.

Optamos pela pesquisa qualitativa, pois esta segundo Rodrigues (2007), é descritiva e as informações obtidas não podem ser quantificáveis, os dados obtidos são analisados indutivamente e, já a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa.

Em relação ao estudo de caso Gil (2008) discorre que esta é a procura de aprofundamento de uma realidade específica, sendo basicamente realizada por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar as explicações e interpretações do que ocorrem naquela realidade.

 A pesquisa foi realizada da seguinte forma: no período referente ao terceiro bimestre, durante a ministração das aulas de Língua Portuguesa foi aplicado aos alunos dos 6º anos A, B e C um questionário prévio com questões fechadas no qual se apanhou informações relevantes para contribuição à pesquisa, com todas as informações recolhidas, os alunos tiveram seu primeiro contato com um conto da mitologia grega ao assistirem o filme HÉRCULES – 3D com Dwayne Johnson, após este contato durante todas as aulas eles receberam um conto pré-selecionado em conformidade com suas etárias com o intuito de tentar instigar a leitura e posteriormente aprimorar a interpretação textual e, após cada leitura, trabalhou-se a interpretação oral e escrita. Para finalizar este processo, eles responderam as questões finais do questionário.

A área de Língua Portuguesa contempla uma vastidão de conhecimento. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais- PCN’s, como Diretrizes que orientam o ensino da Língua Portuguesa no Brasil, como disciplina de fundamental relevância no âmbito escolar e em especial na Educação Básica, tem seus objetivos voltados à “valorização da leitura como fonte de informação, via de acesso aos mundos criados pela literatura e possibilidade de fruição estética, sendo capazes de recorrer aos materiais escritos em função de diferentes objetivos”.

Durante a execução deste estudo foi possível obter algumas constatações acerca dos objetivos específicos que visavam à compreensão, demonstração e conscientização acerca da importância da leitura como instrumento de interação social e a mitologia grega como instrumento facilitador neste processo.

2  A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

Leitura s.f. 1. Ato de ler. 2. Aquilo que se lê. 3. Arte ou habito de ler. 4. Indicação dada por um instrumento de leitura (RIOS, 2010, p. 321).

Para Percilia (2014), a leitura é um ato de suma importância para a vida do ser humano, pois através deste simples ato ele é capaz de interagir com o mundo a sua volta desvendando caracteres, letras e números, instigando a sua capacidade intelectual, fazendo com que o mesmo encontre as respostas para seus questionamentos e, é pela intercessão da leitura que ele será capaz de obter riquezas incalculáveis, uma vez que, entre uma palavra e outra, terá a sua disposição um turbilhão de conhecimentos e em cada nova descoberta sentir-se-á a magia do ator de ler, tornando um ser humano cada vez mais crítico e reflexivo para aproveitar a leitura de acordo sua necessidade.

A leitura é algo crucial para a aprendizagem do ser humano, pois é através dela que podemos enriquecer nosso vocabulário, obter conhecimento, dinamizar o raciocínio e a interpretação. Muitas pessoas dizem não ter paciência para ler um livro, no entanto isso acontece por falta de hábito, pois se a leitura fosse um hábito as pessoas saberiam apreciar uma boa obra literária, por exemplo (PERCILIA, 2014, p. 1).

Bamberger (1991) reforça dizendo que não há nada mais instigante e provedor de conhecimento do que o ato de ler.

[...] Comparada ao cinema, ao rádio e á televisão, a leitura tem                          vantagens únicas. Em vez de precisar escolher dentre uma variedade limitada, posta a sua disposição por cortesia do patrocinador comercial, ou entre os filmes disponíveis no momento, o leitor pode escolher dentre os melhores escritos do presente ou do passado. Lê onde e quando mais lhe convém, no ritmo que mais lhe agrada podendo retardar ou apressar a leitura, interrompê-la a seu bel-prazer. Lê o que, quando, onde e como bem entender. Essa flexibilidade garante o interesse contínuo pela leitura, tanto em relação à educação quanto ao entretenimento [...] (HARIS apud BAMBERGER, 1991, p.13).  

É através da leitura que o ser humano pode alcançar a sua liberdade e estimular sua capacidade de desenvolver suas aptidões e reparar suas fraquezas. Ele revive e reinventa a história, realiza viagens por todo o universo e com isso vai adquirindo novas concepções que melhorarão sua relação com a sociedade, a leitura tornar-se primordial no cotidiano.

Lajolo (1994, p.106), em seu livro “Do mundo da leitura para a leitura do mundo”, escreve: “Mas ler, no entanto, é essencial. E não apenas para aqueles que almejam participar da produção cultural mais sofisticada, dos requintes da ciência e da técnica, da filosofia e da arte literária”.

De acordo com a autora, a leitura é essencial a qualquer indivíduo, pois é através da leitura que o mesmo se socializa e interage com o mundo, e sem este ato simbólico da leitura, o indivíduo estaria estagnado no tempo, já que sem a leitura não haveria o progresso tal como conhecemos, visto que a capacidade de explorar e compreender a realidade estariam restritos, de fato a história da humanidade, do universo, teria se perdido, pois não teríamos quem a documentasse, nem tão pouco quem a lesse depois.

A autora supracitada explicita de forma taxativa que o ser humano só aprende e torna-se capaz de progredir através da leitura, ou seja, é por intermédio da leitura que o indivíduo tem acesso a todos os conhecimentos de que necessita para tornar sua vida hábil em sociedade, é através da leitura que ele retém conhecimentos que foram reunidos ao longo da história, conhecimentos esses que são capazes de elevar o seu processo mental e espiritual a níveis nunca antes imaginados, isso faz com que seu intelecto seja ampliado garantindo dessa forma a progressão individual e coletiva.

Segundo Kleiman (2007) a nação que lê passa a ter outra compreensão da realidade, torna-se autodidata, crítica e ao mesmo tempo reflexiva. Quanto maior for o número de leitura maior será a capacidade adquirida para compreensão e interpretação. A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. 

A cada leitura surgirão novos resultados, independente do contexto em que esteja inserido, o leitor passa não apenas a decifrar códigos, mas sim a enxergar a finalidade de cada texto, criando sua própria interpretação. Desse modo, o leitor amplia seu raciocínio, discernimento, absorvendo tudo que poderá ser utilizado no seu cotidiano, tendo total convicção que sempre precisará ler nas entrelinhas.

Essa ideia é reforçada por Bamberger (1991) que nos relata que o direito de ler significa igualmente o de desenvolver as potencialidades intelectuais e espirituais, o de aprender e progredir.

O autor supracitado enfatiza que a leitura é uma ferramenta qual tende a favorecer a remoção de barreiras educacionais de que tanto se fala, concedendo oportunidades mais justas de educação, principalmente através da promoção do desenvolvimento da linguagem e do exercício intelectual, além de aumentar a possibilidade de normalização da situação pessoal de um indivíduo.

Ao mesmo tempo, o autor destaca que só é possível o progresso de um país onde o povo é dotado de conhecimento, onde ele, “o povo”, é conhecedor dos códigos impressos, onde o direito de ler se torna um dever. A leitura dá sentido à vida.

Rossafa (2012) reforça ao discorrer que a leitura é a base para o saber, pois nos leva a lugares nunca dantes imaginados onde o desconhecido torna-se conhecido, é uma fonte inesgotável e imensurável de conhecimento, a leitura é uma forma exemplar de aprendizagem, uma boa leitura é uma confrontação crítica com o texto e as ideias do autor sendo um dos meios mais eficazes de desenvolvimento sistemático da linguagem e da personalidade.

2.1   A CRISE DA LEITURA NA ESCOLA

A escola é o espaço privilegiado para o desenvolvimento da leitura, é nela que se dá o encontro do aluno com a leitura, pois para muitas crianças a escola é o único lugar onde há livros. 

Cagliari (1989, p.148) afirma que “o melhor que a escola pode oferecer aos alunos deve estar voltado para a leitura. Se um aluno não se sair muito bem nas outras atividades, mas for um bom leitor, penso que a escola cumpriu em grande parte sua tarefa”, por isso cabe a escola a tarefa de levar o aluno a adquirir o hábito de leitura. O autor continua sua reflexão ressaltando que “A leitura é a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da escola. A leitura é uma herança maior do que qualquer diploma. A grande maioria dos problemas que os alunos encontram ao longo dos anos de estudo, chegando até a pós-graduação, é decorrente de problemas de leitura”.

                   Ainda segundo ao autor a atividade de leitura na escola hoje em dia, vem sendo transformada em um ritual burocrático, onde o aluno lê sem poder discutir, lê sem compreender, tem que responder a questionários mecanicamente. Para que os alunos sejam leitores capazes de produzir a sua comunicação no mundo, Cagliari (1989, p.149) defende que “a escola precisa ensinar aos alunos a ler e a entender não só as palavras, as histórias das antologias, mas também os textos específicos de cada matéria, as provas de cada área, as instruções de como fazer algo etc.”, e para isso é necessário trabalhar a prática de leitura não só em português, mas também em história, geografia, ciência. Os professores precisam assumir o papel de mediadores da leitura, pois cada vez mais é comum atribuírem o fracasso do aluno em suas disciplinas ao fato de não saberem ler, e nem interpretar.

Cabe, portanto, à escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Isso inclui os textos das diferentes disciplinas, com os quais o aluno se defronta sistematicamente no cotidiano escolar e, mesmo assim, não consegue manejar, pois não há um trabalho planejado com essa finalidade. Um exemplo: nas aulas de Língua Portuguesa, não se ensina a trabalhar com textos expositivos como os das áreas de História, Geografia e Ciência Naturais; e nessas aulas também não, pois considera-se que trabalhar com textos é uma atividade específica da área de Língua Portuguesa (PCN,1997, p.30).

Essa ideia é reforçada por Cagliari (1989) “A leitura deve ser trabalhada em todas as disciplinas, por isso, todas as disciplinas têm a responsabilidade de ensinar a utilizar os textos de que fazem uso, mas é a de Língua Portuguesa que deve tomar para si o papel de fazê-lo de modo mais sistemático”.

O motivo da crise da leitura na escola não está relacionado somente ao professor, mas a vários outros fatores, como o desinteresse de muitos estudantes pela prática da leitura, falta de acompanhamento escolar, falta de bibliotecas em especial nas escolas públicas.

Muitas escolas não têm uma biblioteca, e as que têm guardam os livros como se fossem pedras preciosas, trancados. Cagliari (1989) pondera que alguns diretores transformam as bibliotecas em museus que os alunos vão visitar uma vez por ano, quando, ao contrário, a biblioteca de uma escola tem que ser o mais dinâmica possível, indispensável à formação dos alunos, tanto quanto as aulas e os professores.

Os alunos preferem a TV e o cinema que são mais interessantes do que os livros, utilizado na escola, que para eles são chatos e entediantes, pois os meios de comunicação visual são mais fáceis de compreender, mais prático, não requer um exercício intelectual mais aprimorado, como ler um jornal ou romance.

Com relação à falta de interesse dos alunos pela leitura, muito deles tem preguiça de ler, porque toma muito tempo. É necessário que o professor trabalhe texto literário divertido, que abordam temas da realidade do aluno, e que sejam textos curtos que não exijam tanto do aluno.

Uma prática constante de leitura na escola pressupõe o trabalho com a diversidade de objetivos, modalidades e textos que caracterizam as práticas de leitura de fato. Diferentes objetivos exigem diferentes textos e, cada qual, por sua vez, exige uma modalidade de leitura (PCN, 1997, p.57).

Uma prática de leitura na escola tem que ser prazerosa, e admitir várias leituras, e não apenas textos cansativos como os livros didáticos. Freire (1985) defende a prática de que a imposição de o que deve-se ler e como ler, que os professores insistem em perpetuar inibem o aluno e, aos poucos, destrói o prazer natural da leitura.

Outro fato que abordar-se aqui, é que segundo Bamberger (1991), o hábito da leitura começa quando criança e em casa, o exemplo familiar é muito importante ao prazer de leitura, o fato dos pais gostarem de ler pode influenciar os alunos ao hábito de leitura.

Através da educação dos pais (noites de palestras, televisão, livros especiais, conversas com o professor etc.), estes aprendem a reconhecer que o ensino da leitura começa no primeiro ano de vida da criança. Uma das primeiras coisas que as crianças devem pegar e ver são livros de gravuras. Antes mesmo que a criança seja realmente capaz de compreender o texto, os pais devem ler em voz alta e falar-lhe sobre o livro, contemplando com elas as gravuras e nomeando as coisas que nelas se veem. Dessa maneira, a linguagem da criança se desenvolve juntamente com o seu interesse pelos livros. Se os pais mostrarem as palavras que explicam os livros de gravuras, também despertarão o interesse pela leitura e assim se formará o primeiro “vocabulário ocular”, o que já é uma boa preparação para a leitura (BAMBERGER, 1991, p.71).  

Portanto, é importante a participação dos pais na leitura da criança, esta terá mais interesse pela leitura se vê que os pais também gostam de ler, os pais por sua vez devem estimular o interesse da criança presenteando com livros e montando uma pequena biblioteca para elas, com isso estará proporcionando o interesse pela leitura e, no futuro esta irá frequentar as bibliotecas públicas.

 

 

2.2 DIVERSIDADE TEXTUAL

 

O Brasil é um país em que as pessoas leem pouco, de acordo com João Batista, o governo já chegou até a promover uma política nacional de livro e leitura, lançada em 2005 com o nome de Fome do livro, que tinha como meta aumentar em 50% o índice de leitura na Brasil, para conseguir isso o governo prometeu incentivar editoras e livrarias com financiamento e redução na carga tributária, distribuição gratuita de livros e campanhas publicitárias, buscando com isso impulsionar a leitura entre os brasileiros.

Frente a essa campanha nacional, compreende-se que também é responsabilidade do educador buscar inovações para transformar a leitura em prazer. Devendo aqui trabalhar com a diversidade textual, onde o aluno possa adquirir o hábito de leitura com textos diversos que possibilita maior interação do leitor com o texto.

Para De Bortoli apud DAL VESCO e GALEAZZI (2002, p.9).

Ler é condição de estar no mundo, de recebê-lo, de interagir com ele, de recriá-lo, de escrevê-lo e de inscrever-se nele. Pensar a leitura desde o texto escrito – primeiro é indispensável contato com um sistema de significação, deliberadamente tornado consciente por exercícios metalinguísticos, minimamente conscientizável pelo usuário – e por ele, pouco a pouco ir aprendendo a interpretar, a construir sentido para as representações, para as situações, para o mundo, enfim, em sua linguagem plurais, depende hoje substantivamente de que a formação do leitor tenha um caráter multi, inter e transdisciplinar. Isso favorece a diversificação das práticas de leitura e interpretação, propiciando a criação de oportunidades para o aluno entrar em contato com diversas formas de apresentação da informação e diversos modos de abordar os textos segundo os subjetivos da disciplina, cujo trabalho deve ser abordado com uma meta de equipe.

É fundamental que o educador use diverso tipo de texto, onde possa ter interação entre o leitor e o escritor, para que os alunos possam ter através do texto, aquisição de conhecimento de vários meios, como uma forma de desenvolvimento humano, porque a leitura pode ser um instrumento de cidadania, como cita Bamberger (1991, p.12).

Os livros desempenham inúmeros papéis nessa autoeducação. Primeiro há a necessidade de satisfazer os interesses, necessidades e aspirações individuais através de seleção individuais do material de leitura. Todo  ser humano pode ser ajudado pelos livros a se desenvolver à sua maneira, pode aumentar sua capacidade crítica e aprender a fazer escolha entre a massa da produção geral dos meios de comunicação.

 A diversidade textual é muito importante para desenvolver nos alunos o prazer de ler e de escrever textos relacionados a fatos reais do cotidiano, sendo também instrumento poderoso para desenvolver interesses sobre vários assuntos, inclusive de cunho social, político e econômico.

Entretanto, é fundamental que se ofereça grande quantidade de material de leitura capaz de interessar e divertir os alunos, não só aumentando a sua capacidade de leitura, como também induzindo a um permanente hábito de leitura (BAMBERGER, 1991, p.28).

Porém a instituição escolar preocupa-se só em trabalhar com gêneros textuais que enfatiza a narração, descrição, dissertação etc., e esquece que o papel da escola é promover situações que favoreçam aos alunos o reconhecimento dos gêneros textuais como uma forma de motivação de leitura e não só para realização de atividade em sala de aula.

  Kleiman (2007) nos afirma que o contexto escolar não favorece a delineação de objetivos específicos em relação a essa atividade. Nela a atividade de leitura é difusa e confusa, muitas vezes se constituindo apenas em um pretexto para cópias, resumos, análise sintática e outras tarefas do ensino de língua.

É preciso, portanto, oferecer-lhes os textos do mundo: não se formam bons leitores solicitando aos alunos que leiam apenas durante a atividades na sala de aula, apenas no livro didático, apenas porque o professor pede. Eis a primeira e talvez a mais importante estratégia didática para a prática de leitura: O trabalho com a diversidade textual (PCN, 1997, p.55).

  A escola é o centro primordial da iniciação à leitura, e nem sempre os profissionais dessa área são bons leitores, um professor para motivar seus alunos precisa gostar de ler, precisa ler muito, precisa envolver-se com o que lê. Lajolo (1994) afirma que a formação de um leitor exige familiaridade com grandes números de textos.

 Ao se trabalhar com leitura de livro em sala de aula não se pode obrigar que toda a classe leia um mesmo livro, com a justificativa de que o livro é apropriado para a faixa etária daqueles alunos. A escola tem que trabalhar livros diversos, com temas presente no cotidiano do aluno, fazendo dessa leitura um ato de ler prazeroso.

A tarefa do professor: treinar jovens leitores bem-sucedidos, apresentando-lhes o material de leitura apropriado, de modo que o êxito não somente inclua boas habilidades de leitura, mas também o desenvolvimento de interesses de leitura capazes de durar a vida inteira (BAMBERGER, 1991, p.31).

Sendo assim, o professor deve proporcionar aos seus alunos os mais variados textos, mas para isso tem que dispor de um bom acervo literário. Deve levar os alunos à biblioteca, para que eles possam usufruir desse ambiente que muitas vezes só é utilizado por eles para fazer trabalhos escolares. Mas para isso, as bibliotecas escolares devem oferecer escolha suficiente para os interesses dos alunos, pois muitas vezes quando vão lá eles tem que pegar o que encontram, e às vezes são  livros que não se ajustam a seus interesses e com isso eles se sentem decepcionados, resultando que, em vez deles desenvolver o hábito de leitura, isso acaba afastando-os desta.

Segundo Bamberger (1991) As bibliotecas são os meios que os alunos tem de desenvolver o interesse de leitura e nem sempre existe uma boa biblioteca capaz de satisfazer todas as exigência do leitor.

A diversidade dos tipos de leitor entre os jovens deve ser levada em conta na biblioteca da escola. Cumpre proporcionar felicidade à criança à sua própria maneira, dentro dos limites do bom gosto. O direito que tem a criança ao material de leitura que se ajusta aos seus gostos e à sua natureza deve ser mais do que nunca enfatizado numa era em que tudo nos empurra para a cultura de massa (WOLGAST apud BAMBERGER, 1991, p.36).

 

 

2.2.1     CONTO

De acordo com o dicionário Aurélio a palavra conto significa “narração falada ou escrita”, uma ilusão, uma mentira.

É uma narrativa mais curta, que tem como característica central condensar conflito, tempo, espaço e reduzir o número de personagens. O conto é um tipo de narrativa tradicional, isto é, já adotado por muitos autores nos séculos XVI e XVII, como Cervantes e Voltaire, mas que hoje é muito apreciado por autores e leitores, ainda que tenha adquirido características diferentes, por exemplo, deixar de lado a intenção moralizante e adotar o fantástico ou psicológico para elaborar o enredo (GANCHO, 1991, p.8). 

Segundo a Barsa (2001) “o conto enfoca um único tema”, e para as civilizações ocidentais antigas o conto embasava-se em temas fantásticos, extremamente fabulosos inspirados na mitologia e esses contos transmitidos oralmente passavam de geração a geração sempre sendo reavivados e ganhando uma nova roupagem. O conto era, enfim, outro sinônimo para algo que os povos de cultura ocidental naquela época consideravam sagrado, o “mito”.

2.2.2 MITO

Segundo Rocha (1985), o mito é uma narrativa que existe desde a Antiguidade Clássica, tem um caráter voltado para a religião, pois, procurava aclarar os acontecimentos da vida por meio do sobre-humano, do divino. Foi transmitido a princípio oralmente com personagens mortais e imortais (homens e deuses) com o intuito de justificar fatos que era numa determinada época, cientificamente inexplicáveis, imperfeitos, totalmente rudimentares, como as forças da natureza e outros aspectos da vida humana.

O mito é uma narrativa. É um discurso, uma fala. É uma forma de as sociedades espalharem suas contradições, exprimirem seus paradoxos, dúvidas e inquietações. Pode ser visto como uma possibilidade de se refletir sobre a existência, o cosmo, as situações de “estar no mundo” ou as relações sociais (ROCHA, 1985, p. 7).

E o autor segue sua reflexão verificando que, a questão do surgimento de todas as coisas desde sempre inquietou o espírito do ser humano, e isso fez com que o mesmo originasse diversos mitos para suprir sua necessidade de compreensão da existência de todas as coisas. Reforçando ainda, que o mito seja capaz de tornar a imaginação da sociedade fértil, explicando-lhe muitos fenômenos através de histórias maravilhosas. Por meio do mito tornou-se possível a compreensão de todos os fenômenos naturais, espirituais, físicos, que assolavam a sociedade, foi possível justificar tudo. O que foi tornando a sociedade apta a viver com seus temores controlados.

O mito é, pois, capaz de revelar o pensamento de uma sociedade, a sua concepção da existência e das relações que os homens devem manter entre si e com o mundo que os cerca. Isto é possível de ser investigado tanto pela análise de um único mito quanto de grupos de mitos e até mesmo da mitologia completa de uma sociedade (ROCHA, 1985, p. 12).

Continuando o mesmo afirma que o mito dever ser pensado pela sua eficácia e não pelo critério de verdadeiro ou falso, porque a verdade aqui é facultativa, não é valorizada. O que se valoriza são os efeitos positivos e o seu valor social.

A eficácia do mito e não a verdade é que deve ser o critério para pensá-lo. O mito pode ser efetivo e, portanto, verdadeiro como estimulo forte para conduzir tanto o pensamento quanto o comportamento do ser humano ao lidar com realidades existenciais importantes. Em última instância, a própria idéia de verdade é um conceito discutível (ROCHA, 1985, p. 14). 

Enfim, os mitos para a sociedade que os criava funcionavam como verdades para esclarecer questões sobre o mundo e a vida.

A narração mitológica envolve basicamente acontecimentos supostos, relativos a época primordiais, ocorridos antes do surgimento dos homens (história dos deuses) ou com os “primeiros homens” (história ancestral). O verdadeiro objeto do mito, contudo, não são os deuses nem os ancestrais, mas a apresentação de um conjunto de ocorrências fabulosas com que se procura dar sentido ao mundo (BARSA, 2001, p.85).

Ainda segundo a Barsa (2001), o mito surgiu e funcionou como um símbolo de ordem para o mundo, o mesmo interligava simbolicamente o abençoado e o profano, e isso mantinha uma relação equilibrada entre os seres, era enfim, uma forma de comunicação humana. Com o passar dos séculos essa forma de comunicação e conhecimento passou a ser estudada num sentido mais literal, estudo esse denominado mitologia.

2.2.3 MITOLOGIA

       Segundo Grimal (1965), a mitologia é o estudo de narrativas relacionadas aos mitos que serviram durante muito tempo como guias para o comportamento dos seres humanos.  A mitologia pode nos revelar através de interpretação dos mitos como a sociedade ocidental e latina encarava seus temores e encontrava explicações a respeito das origens do universo, dos seres humanos e de todas as coisas existentes.

Para Commelin (1955), ao estudar a mitologia estaremos iniciando a concepção de um mundo primitivo, percebido na penumbra misteriosa durante longos anos e com uma enumeração de crenças mitológicas, que foram aceitas pelos povos antigos onde, a imaginação e a fantasia eram os ingredientes principais. E com o passar dos séculos os números de deuses e heróis aumentaram, suas maravilhas e seus milagres também. De acordo com o autor “Nessa longa enumeração de crenças mitológicas, aceitas pelos povos antigos, a imaginação e fantasia têm uma grande parte. Os séculos e as gerações aumentaram o número dos seus deuses, dos seus heróis, das suas maravilhas e dos milagres” (COMMELIN, 1955, p.7).

O conjunto de narrativas que mais se destacou e que até os dias de hoje serve como fonte de inspiração e estudos para muitas culturas são, sem sombra de dúvidas as maravilhas dos mitos e contos presentes na mitologia grega.

           

3     MITOLOGIA GREGA

 

 

De acordo com Grimal (1965), A mitologia grega compreende o conjunto de narrativas dos mitos gregos, enfatizando seus significados e sua relação com mitos de outras origens. A mesma influenciou toda cultura, artes e literatura das nações ocidentais e latinas, apesar dos seus três mil anos, continua a manter sua influência sobre a cultura ocidental.

Dá-se o nome de “mitologia” grega ao conjunto de narrativas maravilhosas e lendas de toda a sorte que, como revelam os textos e monumentos figurados, tiveram curso nos países de língua grega, entre o IX e VIII século antes da nossa era, época a que nos reportam os poemas homéricos, e o fim do “paganismo”, três ou quatro séculos depois de Cristo (GRIMAL, 1965, p.7).

O autor supracitado destaque, a mitologia era de suma importância no ensino das culturas no ocidente que buscavam entendimento sobre fenômenos naturais que não dependiam da vontade do querer humano, ou seja, a humanidade se deixava guiar pela necessidade de conhecer a razão das coisas e dos seres. Assim para sanar essa sede de conhecimento os indivíduos eram instruídos por intermédio de mitos, que durante séculos tiveram o poder de dogmas e realidades inspirando várias gerações de artistas, poetas, literatos entre outros que criaram verdadeiras obras-primas.

A cultura grega elaborou uma série de mitos para explicar o surgimento da Terra, dos mares, do céu, dos deuses e dos homens. Assim, do Caos, princípio do Universo, teria nascido Eros (o Amor), Gaia ou Géia (a Terra) e Urano (o Céu). Estes se uniram por diversas vezes, gerando outras entidades, os titãs. Das várias uniões e sínteses entre esses seres resultaram novas divindades. A mitologia grega entende o universo como constituído pela sucessão de varias gerações divinas, que sintetizam uma evolução anterior e rompem com as ordens que cada geração institui e representa. É esse princípio geral que nos permite entender como Cronos (divindade do tempo) destrona seu pai Urano e, posteriormente, é destronado Por seu filho Zeus, o maior deus do Olimpo (Pedro, 2005, p. 63)

Segundo Stahel (2000), os textos mitológicos eram repletos de deuses que possuíam sentimentos humanos, ou seja, apesar de imortais eram movidos por sentimentos extremamente humanos, se assemelhavam aos seres humanos, eram ciumentos, furiosos, às vezes mentirosos e cheios de artimanhas para viver aventuras amorosas com mortais. Esses deuses figuram arquétipos humanos que se firmaram no tempo tornando-se ícones.

Não há um só momento em que esses deuses e heróis não venham ao encontro das ações humanas, envoltos em fantasia e imaginação, pois fazem parte da bagagem cultural dos povos, sobretudo ocidentais, iluminando nossas histórias e conservando nossos valores (VICTÓRIA apud SANTOS, 2001, p.2).

  

Segundo a Grimal (1965), a mitologia, que várias vezes foi confundida com a religião é fundamentada em relatos fictícios que abusam da imaginação e não tinha o intuito de estabelecer conexões com a espiritualidade. Ao contrário da religião que se embasava basicamente em cultuar e praticar rituais em nome de alguma divindade ou herói, esses dignos de homenagens e sacrifícios.

  

A essência da epopeia grega é enaltecer a luta dos homens, e pelo mito, ampliá-la até dimensões cósmicas. As suas narrativas, tomadas ao PE da letra, demonstram uma fé religiosa: Zeus e as divindades do Olimpo intervêm materialmente nos negócios humanos; é preciso honrá-los por meio de sacrifícios, acalmar o seu ressentimento, alcançar suas boas graças por todos os modos. (GRIMAL, 1965, p.10).

Enfim, a mitologia grega em todo seu contexto engloba mitos fantásticos de heróis humanos e deuses, e isso é o que tornou a literatura grega tão fabulosa, essa sua composição de fatos e lendas magníficas que mexeu e mexe com o imaginário de cada ser humano, como um tesouro de ideias que seduzem e faz-se seduzir.

Segundo Alamillo (1997), a mitologia clássica desempenhou um importante papel no mundo da cultura, o que fez com que todos conhecessem sua influência principalmente na literatura ocidental e latina. Para um melhor entendimento dessa influência cabe investigar e relacionar a influencia da mitologia grega na literatura.

3.1  MITOLOGIA GREGA E LITERATURA

       O que se chama hoje de literatura, surgiu na Grécia antiga, antes de Cristo, eram mitos de origem imaginativa, cujo objetivo era instruir os gregos. De acordo com Lajolo (1983, p.53) “Começando bem antes de Cristo, e para efeitos culturais confundindo-se com a origem de tudo, é na Grécia antiga que se costumam localizar as primeiras reflexões sistemáticas sobre aquilo que ainda hoje chamamos de literatura”.

Foi, portanto, segundo Lajolo (1983), na Grécia antiga de Homero, bastante conhecido da literatura ocidental e latina, autor de Ilíada e Odisseia que começou a ser formulado o conceito e prática de literatura cujas últimas transformações são as que se conhecem hoje, o mundo não se baseava somente na Grécia, e nem os gregos eram os únicos a enfatizarem a vida por meio da linguagem literária. O que os diferenciava do restante da humanidade era que eles eram o centro do mundo, pois os mesmos haviam lutado e conquistado esse mundo. E foi no mundo clássico dos gregos que surgiram as primeiras discordâncias sérias entre os que debatiam o fundamento da literatura. Sendo Platão o mais insensível com  a poesia querendo a todo custo abolir a mesma do convívio dos homens, por crer que ela era mentirosa, falsa, “era a imitação da  imitação da imitação... e o filósofo, vê-se logo, não sabia que as coisas podem também ser o avesso do avesso do avesso...” (p. 55). Já Aristóteles ao contrário defendia a poesia por sua máxima purificação das emoções, pois a literatura para os gregos era basicamente uma forma de representar por meio da arte sentimentos coletivos e sobre tudo uma forma de purificação das grandes emoções, era mais do que frios textos, era o que mantinha uma ligação com a vida pública e coletiva.

Os gregos e seus descendentes fizeram a cabeça de muitos poetas antigos (inclusive brasileiros, que recebiam via Europa) e de alguns modernos mais discretos. E ainda hoje invadem os lares, como por exemplo, quando entre um plim-plim da TV acompanham os passos de Hércules ou de Édipo. Mas entre o mundo grego e a luz azulada da TV muitos séculos nos contemplam. (LAJOLO, 1983, p. 57).

Alamillo (1997) destaca que, todos nós somos conhecedores da influência da mitologia na literatura, sobretudo nos períodos do Classicismo ou Renascentismo, Neoclassicismo, e Romantismo sem um prévio conhecimento da mitologia se torna impossível enxergar a beleza de certas obras literárias.

Segundo Lajolo (1983), somente depois da cristianização, onde os templos para cultuar os deuses foram sendo substituído um após outro por catedrais que o conceito de literatura passou a designar diferentes formas de expressão e começou a realizar outros papéis na vida da sociedade, e a única coisa que se manteve inalterada foi a “força da palavra como forma de simbolizar o mundo e o lugar das pessoas no mundo” (p. 58). A autora ainda ressalta que desse cruzamento do mundo simbolizado pela palavra literatura com a realidade diária dos homens que a literatura assume seu extremo poder transformador. Os mundos fantásticos criados pelo texto não caem do céu, nem têm gênese na inspiração das musas. O mundo representado na literatura, simbólica ou realistamente, nasce da experiência que o escritor tem de uma realidade histórica e social muito bem delimitada.  

      

 

 

 

4 MITOLOGIA: INSTRUMENTO FACILITADOR NO PROCESSO DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

 

Segundo Commelin (1955) os contos gregos exercem muita influência sobre nossa cultura, seus enredos são repletos de aventuras que envolvem deuses e mortais, tais contos possuem um poder de sedução sem igual, é capaz de despertar até no mais tímido leitor sensações extraordinárias. Os contos gregos despertam significados diferenciados a cada leitura, ou seja, um mesmo leitor independente de sua faixa etária ou motivo/interesse pode obter de um mesmo conto diferentes interpretações. Esses contos têm o poder de elevar um indivíduo à outra dimensão onde ele passa a ser a personagem central de sua leitura, vivenciando conflitos, amores, ciúmes e batalhas divinas. Esses contos mostram a realidade através de um espelho mágico onde todos são capazes de superarem suas limitações.

 

Guardada por tanto tempo e reconhecida como um tesouro da humanidade, a cultura grega antiga sempre despertou o entusiasmo de leitores apaixonados, em diferentes épocas históricas. São uma fonte inesgotável, onde sempre podemos beber. Para muita gente, eles são os mais fascinantes de todos os clássicos. Provavelmente são os que mais marcaram toda a cultura ocidental (MACHADO, 2002, p.26). 

A mitologia grega é essencialmente fantástica. Commelin (1955) observa que a natureza mágica que compõe seus contos atrai espontaneamente crianças e adolescentes, sendo os contos da mitologia grega, fontes riquíssimas para estimular a imaginação já que estão submersos em assuntos cruciais da humanidade e dos deuses, isso faz com que os leitores sintam-se seduzidos tendo uma ampla imaginação. Os contos da mitologia grega possuem em suas narrativas ingredientes que podem contribuir de forma positiva para a formação de leitores críticos, sensíveis, reflexivos e seletivos em busca de um melhor aprendizado sociocultural.

 

Os jovens que têm cultura clássica estão menos sujeitos a se deixarem escravizar por seitas limitadoras, por religiões aprisionadoras. Eles têm uma liberdade espiritual trazida pela consciência de que a cultura tem sua história, seu desenvolvimento, sua diversidade (TORRANO, 2005, p.6).

 

Pereira (2007) ressalta que as boas e antigas histórias místicas, mergulhadas nas temáticas sedutoras do amor e do ódio, da felicidade e da morte, são capazes de seduzir o leitor, pois a mesma é uma atividade complexa e ao mesmo tempo atual, rica em detalhes, prazerosa e surpreendente, com seus temas que aguçam a leitura, desencadeando o exercício da curiosidade, da intuição e da imaginação. E a autora segue sua reflexão ressaltando que através da mitologia grega aprende-se desde o princípio da origem do universo até os princípios da cidadania, da convivência humana, do relacionamento entre deuses e homens com suas aventuras e que, com toda certeza seriam fortes ingredientes para debates em salas de aulas, enfocando diferentes temas, tais como: sexualidade, amor, fidelidade, convivência harmoniosa, fé, honestidade, casamento, sabedoria, bem/ mal etc. E isso se torna uma submersão prazerosa com detalhes surpreendentes, repletos de seres fantásticos, magníficos com atitudes e sentimentos humanos.

 

A mitologia grega é bem forte e influenciou muitas gerações. É tema de filmes e teatro. Essa mitologia é composta por deuses, semideuses, mortais e outros seres. Os gregos dominaram o mundo com seu conhecimento e seus contos influenciaram outros povos. O poderio desta nação foi pela força do conhecimento que com suas divindades cultivaram a força interior do indivíduo. Homens e mulheres que possuíam poderes, força, sabedoria, beleza, vida pós morte, justiça e outros atributos que sempre inquietaram a humanidade. Observamos algumas divindades como Zeus, protetor dos clãs guerreiros e senhor dos estados atmosféricos; os deuses dos rios e dos ventos que exerciam poder sobre a natureza, hoje sabemos que são os fenômenos da natureza; Deméter, a deusa com cabeça de cavalo que encarnava o ciclo da vegetação. Os fenômenos da natureza eram regidos por um deus. Afrodite, era a deusa da beleza e da paixão sexual, ajudava seus amantes a superar todos os obstáculos, inclusive a infidelidade por parte das mulheres, pois como os homens saíam para a guerra suas esposas acabavam dormindo com outros homens. Aquiles, o grande herói dos guerreiros, esta lenda é um consolo para os familiares daqueles jovens que morriam nos campos de batalha. Eles diziam que os eleitos dos deuses morrem jovens, já que o herói preferiu uma vida gloriosa e breve à uma existência longa, rotineira e apagada, eles viviam pouco mas com glória.Os adolescentes se identificam com esse tipo de conto (CALDAS, EVANGELISTA, 2007, P.6).   

Através dos contos da mitologia grega o educador poderá estimular a leitura e a interpretação, pois esses contos possuem na sua composição ingredientes que despertam o interesse e a imaginação em crianças e adultos.

 

O bom educador ainda é aquele que propicia o exercício da curiosidade, da intuição e da imaginação, uma vez que, um aluno curioso é capaz de conjecturar, de comparar, de provocar. Estas inquietações deságuam na formação do espírito crítico e na pesquisa. A pesquisa, aliás, talvez seja a ferramenta mais importante, pois é com ela que auxiliaremos os alunos na formação da leitura. Leitura que remete à segurança, competência e generosidade (FREIRE apud PEREIRA, 2005, p. 1).

 

Entende-se então que os contos da mitologia grega são fontes inspiradoras para o incentivo da leitura, e interpretação de texto, sendo possuidores de características milenares que resistem ao longo dos tempos nutrindo a literatura mundial.

Aos educadores fica aberta a discussão sobre a importância da diversidade textual e quão rica são os contos mitológicos para se trabalhar em suas salas de aulas. E que deveriam explorar mais a diversidade textual e pensar o quanto os contos mitológicos poderiam ser utilizados como instrumentos  facilitadores no processo  de  leitura e interpretação de texto. Mostrando aos seus alunos a magia existente nesses contos e que podem, através da leitura, serem submersos a detalhes surpreendentes, repletos de seres fantásticos, dotados de sentimentos bons/ maus, que muitas vezes, suas dores, prazeres e dúvidas são tão parecidos com os da humanidade.

 

5 METODOLOGIA DA PESQUISA

5.1 NATUREZA DA PESQUISA

O estudo foi realizado em duas etapas distintas. No primeiro momento realizou-se a pesquisa bibliográfica, considerando a relevância do tema para a sociedade acadêmica e civil, visando conhecer sob a apreciação de diversos autores, a importância da leitura para a formação de cidadãos críticos e reflexivos, tendo a mitologia grega como instrumento facilitador para este processo.

A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32).

Gil (2007) reforça, afirmando que pesquisa bibliográfica é aquela desenvolvida a partir de material já organizado, fundamentada principalmente de livros e artigos científicos, onde sua principal vantagem está no fato de permitir ao pesquisador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla.

Por ser uma pesquisa de revisão sistemática bibliográfica será possível oportunizar uma fundamentação científica que permitirá através de material já publicado compreender como a mitologia grega se tornou indispensável para as civilizações antigas e como hoje, milênios depois, ainda podem contribuir para incentivar o hábito da leitura, tal tipo de pesquisa tem ainda como benefício à compreensão mais ampla do tema.

Para se chegar a um resultado satisfatório seguiremos três etapas nesta fase bibliográfica da pesquisa, que se iniciará com uma exploração de fontes bibliográficas (livros, revistas, artigos, jornais, teses, boletins, entre outros), posteriormente, a leitura de material previamente selecionado para então, dar início a segunda etapa com a elaboração de fichas detalhando as fontes bibliográficas, sínteses de parágrafos, capítulos ou a obra integral, e a ordenação e análise da obra a luz das teorias pesquisadas.

Em um terceiro momento, após a coleta dos dados obtidos foi feita a seleção da base empírica, análise dos dados coletados através da aplicação de questionário semiestruturado e observação.

A pesquisa possuiu caráter qualitativo que nos permite de forma insidiosa nos aprofundarmos numa unidade individual, uma vez que comporta obtenção de respostas a muitos questionamentos sem que haja o controle do pesquisador do fenômeno estudado

Ludke e André (1986, p. 18/20) taxam as características deste tipo de pesquisa:

1 – Os estudos de caso visam à descoberta.

2 – Os estudos de caso enfatizam a ‘interpretação em contexto’.

3 – Os estudos de caso buscam retratar a realidade de forma completa e profunda.

4 – Os estudos de caso usam uma variedade de fontes de informação.

5 – Os estudos de caso revelam experiência vicária e permitem generalizações naturalísticas.

6 – Estudos de caso procuram representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista presentes numa situação social.

7 – Os relatos de estudo de caso utilizam uma linguagem e uma forma mais acessível do que os outros relatórios de pesquisa.

É válido ressaltar que se optou neste estudo, pela pesquisa de campo que conforme reforça Andrade (1995) “baseia-se na observação de fatos como ocorrem na realidade, nesta pesquisa o pesquisador-observador desenvolve a coleta de dados “em campo”, isto é, diretamente no local da ocorrência dos fatos” mas sem interferir nos resultados.

5.2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa desenvolveu-se na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professora Carmem Ione de Araújo, localizada à Rua Ursa Maior, nª4563, Rota do Sol, Ariquemes/RO.

A escola conta com duas orientadoras, sendo uma para atender todos os alunos do ensino fundamental I e os alunos dos 6º e 7º anos, enquanto a outra orientadora atende as turmas finais do ensino fundamental II e todo o ensino médio e uma coordenadora pedagógica que trabalha em conjunto com todos os docentes.

       A equipe gestora é formada por duas professoras que revezam a disponibilidade de horário para que possam regerem da melhor forma o ambiente escolar.

       A parceria entre a equipe gestora, orientadoras, coordenadora, docentes e comunidade escolar em geral têm rompido muitas barreiras, a escola e toda a comunidade são extremamente atuantes em prol da escola.

       A estrutura física da escola não deixa a desejar, estando disposta da seguinte forma:

  • 13 salas de aula
  • 1 sala de direção
  • 1 secretária
  • 1 sala do SOE
  • 1 sala de recurso
  • 1 sala da coordenação pedagógica
  • 1 sala com laboratório de química
  • 1 sala com laboratório de informática
  • 1 sala da biblioteca
  • 1 cozinha
  • 1 sala de despensa de alimentos
  • 1 refeitório
  • 1 área de serviço
  • 1 almoxarifado
  • 1 quadra poliesportiva coberta
  • 5 banheiros femininos
  • 5 banheiros masculinos
  • 1 pátio coberto

A escola conta com muitos aparelhos tecnológicos como TVs de LED, DVD, datas-show, impressoras multifuncionais, ares condicionados em todas as salas de aula e em algumas salas administrativas, amplificadores de som, computadores, além de uma lousa digital ultramoderna. Quanto ao pessoal, possui 61 profissionais, sendo 33 técnicos, 28 professores em exercício no ensino fundamental I, II, médio e EJA, e atende 939 educandos.

A instituição possui regimento escolar em concordância com os preceitos estabelecidos pela LDB, Eca, Leis Estaduais, e o Projeto Pedagógico Escolar foi elaborado pela comunidade escolar.

A priori da escola é a formação de cidadãos críticos e reflexivos, que consigam interagir além dos muros da escola, levando o que aprendeu em sala de aula para seu cotidiano, sendo autores de suas histórias, agindo com dignidade e respeito aos seus semelhantes.

6 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

 

 

6.1 AMOSTRA

Utilizou-se como amostra para a entrevista semiestruturada um total de 82 (oitenta e dois) alunos dos 6º anos A, B e C.

A entrevista semiestruturada apesar de muitas divergências acerca de sua definição Rocha (2004) a defini como peça fundamental para o pesquisador desenvolver sua pesquisa, pois permite quantos forem os entrevistados responderem a uma mesma questão.

O tipo de amostragem utilizada foi a não-probalística por acessibilidade, que segundo Gil (1991) constitui o tipo de amostragem menos rigoroso de todos. Por isso mesmo é destituída de qualquer rigor estatístico. O pesquisador seleciona os elementos, admitindo que estes possam de alguma forma, representar o universo. “Aplica-se a este tipo de amostragem em estudos exploratórios ou qualitativos, onde não é requerido elevado nível de precisão”. (GIL, 1991, p. 104)

A unidade de análises constitui a totalidade de 82 (oitenta e dois) alunos do ensino fundamental II, mais precisamente dos 6º anos A, B e C com faixa etária entre 12 a 15 anos, sendo que a pesquisa foi dividida em duas etapas onde a primeira foi realizada no dia 06 de agosto de 2014 e a segunda no dia 03 de outubro de 2014.

7 ANÁLISE E DISCUSSÃO

 

7.1 ANÁLISE DOS DADOS

Analisamos os dados a partir  das informações obtidas através das respostas do questionário, aplicado em duas etapas e que continha dez questões fechadas que foram nossa ferramenta para esta aquisição de informações sobre o estudo, as respostas dos questionários foram categorizadas por similaridade e dispostas em gráficos para melhor visualização e compreensão, além da fundamentação teórico-bibliográfica.

Os questionários foram entregues aleatoriamente aos 82 (oitenta e dois) alunos dos 6º anos A, B e C do Ensino Fundamental II da EEEFM Professora Carmem Ione de Araújo, respondentes da pesquisa, para a obtenção de dados primários que, estavam envolvidos com o problema deste estudo.

O questionário foi aplicado e recolhido na mesma aula, os alunos foram orientados a responderem somente as questões de número 1 a 5, deixando as restantes para outro dia.

Outro instrumento foi a observação caracterizada como sistemática não participante, onde observamos por um período de três semanas nas aulas de língua portuguesa, como os alunos se copmportavam a cerca da, totalizando doze horas de pesquisa em cada turma. Para que a investigação fosse a mais fidedigna possível, as observações aconteceram em sala, quatro vezes por semana no período matutino (07h:20min às 11h:30min), com isso a pesquisa atingiu toda a sua população de alunos.

7.2 ANÁLISE DA OBSERVAÇÃO

Com o intuito de ratificar ou refutar as hipóteses levantadas, buscou-se compreender a importância da mitologia grega como instrumento facilitador no processo de leitura e interpretação de texto para os alunos dos 6º anos A, B e C com idade entre 12 a 15 anos.

       As observações foram feitas durante as aulas de Língua Portuguesa do terceiro bimestre, em horário de aula, no turno matutino, de forma sistemática, isto é, com planejamento, realizado em condições controladas para constatar itens previamente definidos. As observações prévias às aulas de Língua Portuguesa foram para detectar a relação teoria e prática, em respostas dadas pelos alunos no questionário com a veracidade em sala de aula e aplicação dos conhecimentos adquiridos sobre a importância da mitologia grega como instrumento facilitador no processo de leitura e interpretação de texto dentro do contexto escolar.

7.3 RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS

 

 

Os dados do questionário aplicado aos alunos, foram processados eletronicamente, fazendo-se uso do programa Microsoft Excel.

Os mesmos foram interpretados de acordo com suas categorias e tabulados para uma melhor verificação, sendo dispostos em gráficos, demonstrando a frequência com a qual aparece as respostas com análises críticas e reflexivas, baseados também nos resultados dos itens observados durante a pesquisa que estão inseridos nas respectivas análises.

O questionário foi elaborado com 10 (dez) questões fechadas onde cada aluno escolheu uma escala de valores conforme sua resposta em relação ao conhecimento sobre o contexto abordado na investigação.

Apresenta-se a seguir de forma conjunta os dados obtidos através da aplicação do questionário e da observação conforme pesquisa realizada com os alunos dos 6º anos A, B e C do Ensino Fundamental II na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professora Carmem Ione de Araújo, no período matutino.

Nos respectivos gráficos abaixo, serão analisadas as informações sobre o conhecimento dos alunos sobre a importância da leitura e posteriormente suas opiniões sobre a mitologia grega como instrumento facilitador no processo de leitura de interpretação de texto.

  Gráfico 1                                                                                                           Gráfico 2

Conforme descrito no gráfico 1, 65% dos alunos respondentes, de ambos os sexos, responderam que gostam de ler, já 35% dos entrevistados, relataram que não gostam de ler. Através desta reposta foi possível perceber que mesmo diante da “crise da leitura” nossos educandos ainda conseguem desenvolver o gosto pela leitura e este fato o auxiliará a se tornar um cidadão conhecedor, crítico e reflexivo, que é capaz de interagir com o mundo a sua volta. Em relação aos 35% que relataram não gostar de ler caberá ao docente buscar subsídios que mudem esta concepção negativa acerca da leitura, fazendo com que os mesmos sejam capazes de compreenderem a importância da leitura para o convívio social.

Lajolo e Zilberman (1996) apud Rocha (2007, p. 27) dizem que:

 

[...] o ato de ler não é decifrar, como um jogo de adivinhações, o sentido de um texto, é ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que o autor pretendia e, dono da própria vontade entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela.  

           

No gráfico 2 apresentamos o percentual dos alunos que responderam ter ou não acesso a leitura. Ao analisarmos o gráfico percebe-se que 88% dos alunos passaram a ter acesso a uma gama maior de material para leitura, mas ainda existe a preocupação acerca dos 12% que ainda não possuem acesso a material de leitura, se a leitura é um ato tão proeminente a população geral deve ter de forma igualitária acesso a material de leitura de qualidade. A leitura precisa romper os muros da escola e passar a fazer parte indissolúvel da vida cotidiana.  

 Gráfico 3                                                                                                                              Gráfico 4

De acordo com os dados obtidos no gráfico 3, percebe-se que, 49% dos alunos entrevistados, leem todos os dias, 24% praticam a leitura semanalmente, 15% lê uma vez por mês e 12% leem aleatoriamente, a somos dos alunos que não leem diariamente supera o percentual dos alunos que afirmaram ler todos os dias e, diante deste fato é necessário que a escola em conjunto com a comunidade escolar desenvolva projetos capazes de instigar a pratica de leitura diária, os discentes precisam compreender a relevância na leitura tornado-se sujeitos da leitura.

Rocha (2007) ressalta que educandos precisam ter acesso uma diversidade de textos dentro e fora do ambiente escolar para que a partir disto possa desenvolver com afinco o gosto pela leitura.

Ao analisarmos o gráfico 4, observa-se que 79% que participaram da entrevista leem livros, segundos eles de diferentes gêneros como romances, diários, suspenses, crônicas, terror, etc., 5% relataram que leem mangás e que acompanham as publicações semanalmente, 5% responderam que leem gibis, tendo como preferência unânime os da “Turma da Mônica”, 5% responderam que não realizam nenhuma leitura das descritas no questionário, 4% responderam que leem jornais, uma vez que essa parcela recebe o mesmo diariamente e, para finalizar 2% responderam que leem revistas constantemente.

Para Lajolo (1994) é preciso valorizar a leitura, pois sem a mesma não teríamos como aprimorar o nosso intelecto, uma vez que necessitamos da leitura todos os dias para obtenção de novos conhecimentos e descobertas.

Gráfico 5                                                                                                                 Gráfico 6

De acordo com as respostas obtidas no gráfico 5, observamos que, o maior percentual que é de 44% pratica a leitura dentro do ambiente escolar, 24% realiza a leitura em casa enquanto 16% em outros lugares distintos, 12% pratica a leitura na única biblioteca pública da cidade e apenas 4% realiza algum tipo de leitura na casa de amigos. A escola continua sendo o grande centro no que tange a leitura, por isso se faz necessário que se adote meios para que essas parcelas que realizam a leitura em diferentes localidades se sintam atraídas a realizar também dentro do ambiente escolar. A escola precisa e deve mostrar aos alunos a significação da leitura.

O gráfico 5 marcou o final da primeira etapa de aplicação do questionário, após a apresentação e definição do que é conto, mito, mitologia e mitologia grega aos alunos, com direito a exibição de filme (Hércules – lançamento 2014) retratando personagens da mitologia grega e, posterior leitura de contos pré-selecionados, retratando deuses e semideuses e suas epopeias,  iniciou-se a segunda etapa do questionário, representado a partir do gráfico 6.

Ao questionarmos os alunos sobre seu conhecimento acerca da mitologia grega, verificamos através do gráfico 6 que, 65% dos discentes afirmaram que não possuíam qualquer conhecimento acerca da mitologia grega e seus contos.

Apenas 24% dos discentes afirmaram possuir algum conhecimento, alguns meninos citaram que tinha conhecimento sobre alguns deuses da mitologia grega devido ao game “God of War – Deus da Guerra”, outros disseram que assistiram em filmes, desenhos ou leram o livro intitulado “Os doze trabalhos de Hercules”.

           

Gráfico 7                                                                                                                               Gráfico 8

Sabemos da importância do incentivo a leitura, sendo este um papel que deve ser entendido e executado não somente pela escola, mas também pela família. No entanto, como muitos ainda não compreendem esta responsabilidade, deve partir da escola a premissa de formar leitores seletivos e críticos, capazes de multiplicar esse gosto ao seu redor, interagindo, aprimorando e transformando o interesse e gosto pela leitura no hábito diário.

A leitura é uma atividade construtiva e criativa, tendo quatro características distintas e fundamentais: é objetiva, é seletiva, é antecipatória e é baseada na compreensão, tema sobre os quais o leitor deve claramente, escrever o controle (SMITH, 1989, p.17 ).

Analisando o gráfico 7 percebemos que 91% dos alunos pesquisados mencionaram que gostaram dos contos da mitologia grega que leram, o que evidencia que para incentivar nos alunos o gosto pela leitura precisamos somente descobrir e colocar ao seu alcance textos que chamem sua atenção, que os instiguem a quererem saber sempre mais. Os contos da mitologia grega têm esse poder instigar, uma vez que sempre traz em seus textos a grandiosidade das epopeias gregas.

Grimal (1965) descreve a Mitologia grega como um conjunto de narrativas maravilhosas e lendas que detalhavam toda a sorte de homens e deuses em seus ciclos heroicos.

O referido autor discorre ainda que todos os povos em algum momento usaram a mitologia grega como fonte de conhecimento, de saber, sendo esta com todas as suas maravilhas que deram fé aos povos durante algum tempo.

Grimal (1965, p. 10) relata ainda que:

A essência da epopeia grega é enaltecer a luta dos homens, e pelo mito, ampliá-la até dimensões cósmicas. As suas narrativas, tomadas ao pé da letra, demonstram uma fé religiosa: Zeus e as divindades do Olimpo intervêm materialmente nos negócios humanos; é preciso honrá-los por meio de sacrifícios, acalmar o seu ressentimento, alcançar suas boas graças por todos os modos.

Por serem narrativas tão dinâmicas, envolvendo seres humanos com poderes sobre-humanos, faz com que o aluno ao ler se identifique com o conto, uma vez que nesta fase todos ainda querem e desejam ter poderes excelsos, temos a partir deste ponto a interação entre o aluno e o texto. Para ler e, ler com gosto é primordial com o leitor de alguma forma consiga interagir com o texto, e com isso possa viajar por este mundo esplendoroso chamado leitura.

A oitava questão do questionário indagava aos alunos entrevistados qual dos deuses ou semideuses apresentados eles mais gostaram. De acordo os dados do gráfico 8, é possível perceber que 42% dos alunos gostaram mais do deus Zeus, o que é extremamente compreensível, já que a mitologia grega o retrata como pai de todos os deuses, senhor dos raios, o mais poderosos dos seres, 27% gostaram mais do semideus Hércules, por ser meio homem, meio deus, sendo o filho mais amado de Zeus, 17% gostaram de Poseidon o deus dos mares, 12% gostaram da deusa da sabedoria Atena, apenas 2% dos alunos entrevistados gostaram de outros deuses presentes nos contos que leram.

Para Commelin (1955) o sucesso na mitologia grega, seus deuses e seus semideuses está no fato desta inspirar e sustentar até os dias de hoje a imaginação e a fantasia, ao guiar os leitores por um mundo não forjado na razão, mas nas divindades perfeitas, absolutas, onipotentes, soberanas e, por vezes generosas e extraordinárias.

Ao se adotar os contos mitológicos em salas de aulas estamos incentivando a leitura de forma diligente, podendo-se trabalhar de diversas formas, enfatizando fatos corriqueiros do nosso cotidiano, tratando temas como: inveja, calúnia, curiosidade, desobediência, sabedoria, virtude, verdade, justiça, pobreza e muitos outros. É nossa função enquanto educadores fomentar o gosto pela leitura, não obrigá-los a ler de forma punitiva.

Machado (2002, p. 15) relata:    

Ninguém tem que ser obrigado a ler nada. Ler é um direito de cada cidadão, não é um dever. É alimento do espírito. Igualzinho a comida. Todo mundo precisa, todo mundo deve ter a sua disposição – de boa qualidade, variada, em quantidades que saciem a fome.

              

Gráfico 9                                                                                                                               Gráfico 10

Ao avaliarmos o gráfico 9 e gráfico 10 que trata sobre o aprendizado posterior a leitura dos contos da mitologia grega e sobre a inspiração a ler outros contos, ficamos cada vez mais convencidos da importância da mitologia grega como instrumento facilitador no processo de leitura e interpretação de texto. Vimos que 91% dos alunos tiveram algum aprendizado com os contos da mitologia grega que leram e se sentiram inspirados a ler mais contos. É satisfatório perceber que mesmo com tantos séculos esses contos continuam a dizer tantas coisas, não sendo relevante que os inventou, mas sim seu papel pedagógico ao longo da história da humanidade.      

           

Guardada por tanto tempo e reconhecida como um tesouro da humanidade, a cultura grega antiga sempre despertou o entusiasmo de leitores apaixonados, em diferentes épocas históricas. São uma fonte inesgotável, onde sempre podemos beber. Para muita gente, eles são os mais fascinantes de todos os clássicos. Provavelmente são os que mais marcaram toda a cultura ocidental (MACHADO, 2002, p. 26).

Machado (2002) relata que os contos da mitologia grega ocupam um lugar de destaque a mais de três mil anos, nunca deixando de emocionar um leitor, seja na antiguidade, seja na era contemporânea.

Ao longo de nosso estudo, acabamos por promover um intercâmbio para que a metodologia de ensino-aprendizagem pudesse irromper positivamente com engajamento entre o docente e discente devido à leitura ser uma atividade completa que proporciona ao leitor viajar por lugares nunca dantes imaginados, mente e alma, não limitando ou podando a criatividade, por esta magnificência faz-se necessário à introdução desta pratica não somente no âmbito escolar, mas também no âmbito, social, familiar ou cultural, a fim de que as crianças/adolescentes tenham através da leitura sua amplitude intelectual e sociocultural de forma esplendorosa.

O incentivo a leitura deve partir de todos os envolvidos e não somente aos professores de língua portuguesa, é fundamental que todos percebam a relevância da leitura e que a cada dia aumente a busca por textos dinâmicos ou até mesmo por ferramentas lúdicas associadas a tecnologia da informação somar e tendenciosa auxiliar no aprimoramento da habilidades de leitura, interpretação e produção textual; visando proporcionar a aquisição de conhecimento de forma não opressiva e sim mais diligente, o que melhora em todos os aspectos a concepção de cidadãos mais seletivos, flexivos e maleáveis em diferentes situações cotidianas.

Os benefícios proporcionadas pelo leitura são imensuráveis, é uma arte que melhora em todos os aspectos o desenvolvimento escolar e social do aluno, deixando-o livre para se comunicar e interagir com o mundo a sua volta, exercitando a mente, o corpo e a alma. 

           

 

 

 

6 CONCLUSÃO

Durante a realização deste estudo evidenciou-se que mesmo sendo conhecedores da relevância da leitura na era contemporânea, ainda nos deparamos com uma parcela significativa de alunos que rejeitam e que não conseguem compreender tamanha a proeminência do ato de ler. E, para estimular esta pratica é preciso instigar neste aluno o prazer pela leitura, fazendo com que o mesmo se habitue e posso interagir com o mundo ao seu redor, sendo conhecedor que o aluno que lê consegue interpretar e produzir bons textos.

Por meio dos dados coletados, compreendemos que havia uma grande dificuldade em relação à leitura e à interpretação textual, e esse déficit é ainda maior no âmbito escolar, e isso se deve principalmente a falta de diversidade de material de leitura.

Procuramos ressaltar a importância da diversidade textual em nosso artigo dando ênfase aos contos da mitologia grega que possuem uma diversidade textual sem igual, nos atemos aos seus significados e o que os mesmos representaram a toda uma geração.

Percebemos que a mitologia grega em seus diversos aspectos tem o poder de estimular a imaginação do leitor, causando-lhe sensações nunca antes imaginadas. Através da mesma, os leitores terão maior prazer na realização da leitura, superando suas dificuldades em interpretação de texto, passando a compreender melhor o que leem.

Como resultado final, esperamos que os alunos sejam capazes de utilizar os ensinamentos dos contos da mitologia grega, em sua vida diária, elevando sua imaginação a outras dimensões, tornando-se leitores críticos, seletivos e acima de tudo reflexivos.

Ao propormos a mitologia grega como instrumento facilitador no processo de leitura e interpretação textual aos alunos, estamos tentando despertar nestes o gosto pela leitura, mostrando-a de forma instigante e sedutora. Portanto, buscamos expor nossa ideia de forma atrativa destacando nosso objetivo em relação a esta propositura.

Procuramos fazer com que os alunos envolvidos no projeto notassem nos contos da mitologia grega uma metodologia dinâmica e moderna para a leitura.

Desta forma, com a presente pesquisa pode-se concluir que é possível despertar nos alunos o gosto pela leitura, para tanto basta apenas que o professor queira e esteja envolvido em ampliar esta prática, buscando de forma incessante maneiras de acender o interesse do aluno e o seu próprio, pois a finalidade não é ler por ler, mas sim ler como forma de compreensão e interação social.

Esta pesquisa não é conclusiva e nem buscou esgotar o assunto, na realidade é sugerido ampliação em virtude de sua relevância.

Espera-se que essas reflexões levem a novas ideias e discussões, sobretudo, do aprofundamento da relevância da leitura em todo e qualquer lugar, ou seja, não se atendo somente aos espaços escolares. Enquanto um conteúdo importante para auxiliar o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, tendo em vista que nossos estudos evidenciaram que devido ao seu caráter primordial de ensinar os contos da mitologia grega é capaz de fornecer ao educador uma relevante ferramenta educacional, que permitirá uma gama de experiências que contribuirá de forma gradativa e positiva para a formação de cidadãos mais críticos e flexivos

 

 

 

 

 

 

 

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