Seria desumano não voltar à tragédia que ocorreu domingo do mês passado na localidade de Sidi Boulaâlam nas proximidades de Essaouira, onde quinze mulheres foram mortas e pelo menos cinco outras feridas durante um movimento de multidão. Essa tragédia aconteceu durante uma distribuição de ajuda alimentar oferecida por um chamado filantropo, um doador em nome de uma associação de caridade de Casablanca.

.Essas intervenções toleradas pelas autoridades são comuns nas diferentes mercados tradicionais, souks, do país. A ajuda alimentar realiza-se em  forma de sacos de farinha, de óleo, de pães de açucar, de grão de chá, etc. Esta tragédia deste domingo foi causada por um empurrão fatal de uma multidão, composta de quase 800 pessoas, principalmente mulheres.

.Este acontecimento trágico, um a mais, significa muito e em nosso país nenhum precisa, o que interpela cada um, cidadãos, as autoridades, os ONGs, os responáveis  e os eleitos ... 

Em soma, todos os marroquinos que se respeitam devem, para retomar  a fórmula  consagrada, tomar o touro pelos chifres e colocar um termo à miserabilismo  que por trás  se esconde outras ambições interessadas, motivos lucrativos, indo mesmo além do lado do assunto de caridade. 

.Não ha  precariedade e exclusão social que aquelas, estabelecidas por um sistema de assistência que certos clientes ou mecenas impõem e que não têm outra opinião senão a que denota a presunção ou seja, para fins mercantis e outros. O que se acrescenta ao laxismo dos líderes locais e nacionais que fizeram da caridade no Marrocos, um negócio mais comercial, motivo para agir em consequência.

.Hoje, a prioridade não é de buscar piolhos no cabelo de muitos responsáveis, mas definir uma política diferente da atual e de todas as desigualdades sociais. Nosso país tem os meios para atender todas as necessidades, mas para isso, tem que enrolar as mangas e trabalhar para a cessação da marginalização social e da discriminação, sem ocultar esse espírito de culpa de primeiro grau e  maneira descaradamente culposa. neste drama atroz.

A intervenção do Estado, geralmente ausente e circunstancial, o que não pode ser mais fora da cena. Ele deve enfrentar a situação de forma competente, sem que os religiosos ocupem um terreno que eles não possam controlar. A hora, muito mais que as palavrão, é a intervenção para que tais crimes não reproduzem novamente.

.Propagar a consciência através as redes sociais, não evita infelizmente a miséria. Cada um de nós deve ser responsável por esta tragédia, a exemplo  daquela sobre a água na Região de Ouarzazate; localidade de Zagora, ou no espadarte de Al Hoceima; envolvendo os verdes e não os maduros, manifestantes passados ou provavelmente a vir face ao laxismo e ao desprezo latente, pronto a protestar outra vez; ou ainda desde a página virada. Nossa sombria história assim não cessa de nos lembrar.

.Chegou o momento de crescer e  de colocar a disposição do povo o verdadeiro meio para uma vida decente. Não dar um peixe aos necessitados, mas ensiná-los como pescar!

Lahcen EL MOUTAQI: Pesquisador universitário; Rabat - Marrocos