Na inquietude do momento vão
carpindo a angústia de uma dor maior
vestindo a capa da tristeza então
me sinto só, estou só, sou só.
Dentro da noite, escuridão imensa
procuro tensa, lembranças vãs
busco o sonho, uma energia,
falsa esperança, sinestesia.
E longe, muito longe, num céu estrelado
vejo que o sonho, tanto sonhado,
perdeu o encanto, tudo acabado.
Quando retorno dos devaneios loucos,
percebo lenta e pouco a pouco,
que o que procuro nunca existiu,
ou que foi breve e logo partiu.
E encolhida naquele canto,
o desencanto mesclado ao pranto,
ponta de lança sangrando o peito
dor que corrói, mas que ilumina
discernimento, não sou menina,
olho pro lado e com o coração,
vejo sua foto caída ao chão.