A nossa sociedade infelizmente valoriza a aparência e o consumismo. O valor do ser humano consiste na dimensão de seu status externo. Ter um carro, por exemplo, representa o ‘status quo’ capitalista, equivalência de prestigio. Nos ditames da moda desta vida social e seus sequiosos apelos, torna-se difícil mudar a rotina, uma vez que a preocupação com a qualidade de vida e as formas alternativas de vida saudável acaba ficando no esquecimento.

Deixando de lado estes ditames, faz tempo que fiz uma mudança radical, deixei de lado o automóvel e passei a usar minha bicicleta, sem muita sofisticação, mas ela me leva por todos os lugares. Observarmos o modismo consumista, o andar de bicicleta esta em alta, mas como hobby. Minha opção vai além da diversão, andar de bicicleta é a forma escolhida para ir ao trabalho e para as demais tarefas diárias. Faz muito tempo que descobrir o valor do andar de bicicleta, ela proporciona-me, além da qualidade de vida, uma forma de ver o mundo em outra ótica, obviamente que não posso deixar de mencionar a economia no bolso, algo providencial nestes tempos de crise!

Infelizmente nossa sociedade não esta preparada para que minha bicicleta circule livremente pela cidade, assim como vemos nos países desenvolvidos como Dinamarca, Holanda e França aonde a população sabe conviver com a bicicleta; aliás, nestes locais ocorreu a mudanças em seus hábitos consumistas, eles souberam trocar o automóvel pela bicicleta como forma locomoção.

Como seria maravilhoso perceber o respeito e a solidariedade em relação aos ciclistas, algo meio utópico, pois nem entre os motoristas isto existe. Tenho a sensação que quando estou com minha bicicleta sou desprezado, pois na dimensão capitalista e consumista, este meio de locomoção é algo para a classe menos abastada. Triste constatação!

Apesar de viver numa cidade interiorana onde se imagina que andar de bicicleta é prazeroso, mas não é bem assim, nela também existe falta respeito ao ciclista que não é valorizado. Este não é apenas o único problema, os estabelecimentos comerciais e públicos não se importam com a bicicleta, principalmente em relação ao estacionamento! O ideal é que em cada estabelecimento existisse um local apropriado para se deixar a bicicleta!

Enfim, o desrespeito para comigo e minha bicicleta ainda é grande, tanto na cidade como nas rodovias. Fico imaginando quando o ciclista será respeitado, a verdade é que temos motoristas que deixaram de ter a dimensão da tranquilidade e da paz e fazem do trânsito um ‘inferno’.

Eu vou continuar andando com minha bicicleta, vermelha e das ‘bem antiga’, mesmo que seja um dilema, até quando der, vou persistir com esta prática harmoniosa e salutar, tentando vencer o individualismo, a letargia e monotonia de uma sociedade que ainda não aprendeu o valor de se ter qualidade de vida!