ATENÇÃO PLENA

 

Assuma o controle das suas emoções mais consistentes e comece conscientemente e deliberadamente a remodelar a sua experiência diária de vida.

Anthony Robbins

Atualmente, vivemos em um mundo onde tudo exige pressa na execução de tarefas. Com isso, acabamos inseridos em um ciclo vicioso que rouba nossa qualidade de vida, acarretando inúmeros aborrecimentos, perdas de prazos, frustrações e demandas, aparentemente, insolucionáveis. Infelizmente, esta rotina tornou-se, para alguns, um estilo de vida. E quando nos encontramos, invariavelmente imersos neste modo de “emergência”, nosso corpo acaba pagando um alto preço. Neste capítulo, abordaremos métodos que auxiliam na busca pelo equilíbrio e harmonia, tanto do corpo quanto da mente, buscando alegria e tranquilidade para a nossa vida.

Atenção Plena ou “Mindfulness”

A atenção Plena ou"mindfulness"vem do inglês"mindful"que significa estar consciente. Consciente do nosso corpo, da nossa mente, das nossas emoções. Desde o momento em que você toma consciência daquilo que sente, passa a se tornar capaz de saber, ao certo, quais os sentimentos nocivos estão presentes, antes mesmo de permitir que se fortaleçam em nosso “eu”, desencadeando uma verdadeira catalisação de sentimentos negativos.[1]

Trata-se da concentração no momento presente, com a mente aberta e disposta a compreender os acontecimentos ao seu redor. A nocividade destas emoções nos fazem experimentar o estresse, a irritação e frustração. Por este motivo, torna-se indispensável tomar novas atitudes, trazendo de volta a sua vida, seu equilíbrio emocional e bem-estar, sabendo identificar de imediato, qualquer situação que possa vir a deixá-lo oprimido, cansado, ansioso. Ao reconhecer tais sinais, certamente, você aprenderá a se proteger, seguindo métodos a fim de minimizar suas implicações nocivas.

A atenção plena diz respeito a uma metodologia que designa um estado mental caracterizado pela sua concentração no momento presente, direcionando sua atenção para o agora através de um meio mais amplo e disposto a compreender todos os acontecimentos ao seu redor, com máxima atenção ao que está acontecendo dentro e fora de você.[2]

Sua influência recai significativamente sobre a saúde, bem-estar e felicidade. Institui-se um estado mental, caracterizado através da ação, da atenção plena, visto que tudo que se enxerga, ouve, cheira, sente ou toca em um certo momento não se pode sentir da mesma maneira. Todo tipo de pensamento, fantasia, recordação, sensação e emoção percebidos no campo de atenção são percebidas e aceitas como são.

Quebrando o ciclo de ansiedade

Para que possamos desenvolver a consciência, quebrando o ciclo de ansiedade, estresse, infelicidade e exaustão, necessário se faz ter consciência e saber lidar com suas emoções. Para isso, a consciência plena, na maioria dos casos, só é atingida pela prática constante da meditação, sentando-se calmamente e quieto, focando em elementos como respiração, ideias relaxantes, ou mesmo em nada em particular. As grandes barreiras da atenção plena dizem respeito a sua natureza abstrata e às muitas distrações e tarefas aparentemente mais importantes com que lidamos a todo o momento.

Nosso corpo pode nos dizer várias coisas por meio de emoções, tensões, medo, felicidade... São sensações que mostram uma mente exacerbada de alegrias ou preocupações. Ao percebermos o que o nosso corpo quer dizer, aprendemos nossos limites. O corpo traduz e registra muitas coisas. Infelizmente, ao recebermos os sinais, nem sempre reagimos da forma correta. Tendemos a não nos importar com sensações não confortáveis. É importante saber, entretanto, que não precisamos pensar em tudo o que sentimos. Prestar atenção ao que se passa em nosso interior, para concentrar-se nesta sensação, por si só, é fundamental para o autoconhecimento. Devemos direcionar nossa atenção para o nosso interior, nosso corpo.

Quando nos deparamos com um estado particularmente desafiador, emoções intensas podem se avolumar. Ao não ignorar estes sentimentos, ou desejar que sejam diferentes do que são, naquele instante, você aprende a identificar o que ocorre dentro de você e a se concentrar no que está realmente acontecendo.

Lidando com as emoções

Os sentimentos, as emoções são respostas a alguma situação pela qual estamos passando, pensando ou fazendo. São elas: raiva, medo, tristeza, alegria... Sempre iremos senti-las. Por isso, essas emoções podem, até mesmo, nos desestabilizar.Muitas vezes nos deixamos levar por sentimentos desagradáveis nos tornando, até mesmo, refém deles. Quando nos deixamos dominar por sentimentos mais sutis, quase imperceptíveis, nosso humor também é influenciado.

A reprimenda das emoções negativas, como: raiva, medo e tristeza, instituem ideias de que esses sentimentos não devem ser aceitos. Cria-se, assim, um certo “preconceito” quando os sentimos, mesmo que estejamos todos, sujeitos a experimentá-los. Diferentemente do que imaginamos, as emoções são passageiras, apenas se prolongando quando nos preocupamos com as mesmas. Por isso a importância em saber lidar com elas evitando-se que sentimentos sejam bloqueados, evitados ou modificados. Devemos, sempre, identificar essas emoções e buscar senti-las de maneira positiva.

Nossos pensamentos são como vozes que nunca calam, interferindo e emitindo opinião sobre quase tudo, sobre pensamentos a respeito de nós mesmos, sobre outras pessoas, etc. Pensamentos caminham, quase sempre, junto às emoções. Eles são produzidos ininterruptamente, ou seja, nunca paramos de pensar. Mas quando essas emoções passam a nos ameaçar, devemos parar e encarar os pensamentos como padrões mentais. Ao saber encará-los, aprendemos que não devemos acreditar em tudo que pensamos, justamente porque muitos não são reais.[3]

Conforme dito acima, pensamentos não param, porém temos a opção de segui-los ou somente analisá-los rapidamente e deixá-los seguir adiante. Podemos optar por acreditar neles ou tão-somente reconhecê-los, para a partir da sua observação, perceber seu direcionamento e compreender a forma como funciona a nossa mente.

As preocupações podem levar nossa mente a sentimentos onde a aversão e a desconfiança se ocultam, nos mantendo, por vezes, acordados durante a noite, sem conseguir dormir.O corpo não relaxa, mesmo que não hajaum dever a ser cumprido. Devemos então, desviar a atenção para fora da cabeça, nos distanciando dos pensamentos que nos afligem. Desapontamentos, tristezas, desejos são sentimentos comuns a todos. É assim que o desejo se revela, através da vontade que as coisas sejam diferentes do que realmente são. Desejos e vontades são importantes e saudáveis, porém, podem ser bastante complexos. Eles desviam sua atenção para o que não possui, ao invés de fazer com que seja grato e feliz com o que tem.

As emoções nos levam a uma melhor compreensão de toda nossa vida e do universo em que vivemos. O impulso é o transporte da emoção e que o mesmo provém de um sofrimento que acaba determinando ações, que podem ser controladas ou não. Há situações que não podem ser modificadas com facilidade, pois são do jeito que são. Todavia, existe a possibilidade de você mudar a sua atitude diante da situação por meio do autoconhecimento, sabendo identificar e dominar suas emoções. A busca incessante pelo autoconhecimento e obtenção de novos conhecimentos para uma aptidão pessoal, melhora a tomada de decisão e a ação perante acontecimentos inesperados.

A emoção serve como um sistema de alerta essencial desde o nosso nascimento que sinaliza mudanças importantes na pessoa e no ambiente. A emoção pode ajudar as pessoas a considerar perspectivas múltiplas, pois conforme o estado emocional do indivíduo que influenciará no seu humor, bom ou mau, as possibilidades poderão ser amplas ou reduzidas.

As emoções ajudam na escolha de soluções, pois o sentimento tem importante contribuição para tomada de decisões na vida. Embora sentimentos fortes possam causar devastações no raciocínio, a falta de consciência do sentimento também pode ser destrutiva, sobretudo para avaliar decisões das quais depende, em grande parte, o nosso destino. A capacidade de gerar sentimentos em si mesmo, pode ajudar uma pessoa em situações de tomada de decisão, funcionando como tolerância e compreensão na medida certa das reações emocionais, agradáveis ou desagradáveis, sem exagero ou diminuição de sua importância, no controle ou expressão no momento apropriado, para promover o crescimento emocional e intelectual. Não existe emoção difícil. Por isso, a importância de sabermos lidar quando são grandes e intensas.[4]

Pode-se refletir que a prática da atenção plena ou “mindfulness” é uma forma bastante eficiente de aplicação, tanto na vida profissional quanto na vida pessoal, auxiliando para os desafios diários que vivenciamos e, fazendo com que esses benefícios promovam o bem-estar emocional e saúde, determinando melhorias no que tange a qualidade de vida.

¥1...2...3...Ação! Vamos à prática!   

Sente-se em algum lugar de maneira confortável, feche os olhos e fique durante um tempo diminuindo a frequência de seus pensamentos, prestando apenas atenção na respiração. Após este período, analise como se sente neste dado momento, tentando responder as seguintes indagações:

- Como se sente no seu “eu” interior?

- O que você percebe?

- Como você se sente: relaxado ou agitado?

- Você consegue se concentrar na emoção e ficar assim por algum tempo?

A partir de suas respostas, procure resumir o que melhor descreve suas emoções neste momento. Tente incorporar esta técnica diariamente.


 

[1]WILLIAMS, Mark; PENMAN, Danny.Atenção Plena:Mindfulness - Como Encontrar a Paz em um Mundo Frenético. São Paulo: Sextante, 2015.

[2] ROEMER, L.; ORSILLO, S. A prática da terapia cognitivo-comportamental baseada em mindfulness e aceitação. Porto Alegre: Artmed, 2010.

[3] KABAT-ZINN, Jon. Atenção Plena para Iniciantes.Rio de Janeiro. Sextante: 2017.

 

[4]GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Edição revista. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.