Meu quintal

Tinha de tudo
Galinhas patos mutuns jacamins
E muitas fruteiras cheias de passarinhos 
Sanhaçus pipiras japiins beija-flores e curiós buscavam alimento fazendo alvorada 
Enquanto bandos de patativa de várias cores revoavam comendo sementes nos ramos do capim que brotava farto no pé de cerca 
Ao cair da tarde as aves se empoleiravam nos galhos das árvores fazendo algazarra até se aquietarem 
De manhã bem cedinho quando surgia o clarão do dia 
As aves voavam dos galhos dos cajueiros e das goiabeiras direto pro chão do terreiro
Atraídas pelo milho que era jogado à mão com fartura no chão do quintal
Em pé no tendal minha mãe com seu inseparável avental mostrava no rosto o prazer que sentia naquela hora do dia
Era bonito de se ver 
A água dos tachos era renovada, bandas de limão eram espremidas na água pra evitar gôgo na pintalhada 
Depois era a vez de espalhar xerém nos pinteiros
Só então de cestinha na mão e turbante nos cabelos minha mãe descia pra apanhar ovos nos muitos ninhos espalhados na parede do galinheiro
O quebra-jejum com pão café e leite in natura era sempre reforçado com tapioca ovos e pão de milho não faltando também uma boa e gostosa coalhada 
Por último era a vez do chiqueiro onde leitoas e leitões baés eram engordados pra ocasiões especiais
Tempo de bom chouriço mexira e sarapatel 
Meu quintal tinha de tudo
Hoje não tenho mais