AO MEU AMIGO DORVALINO!

Professor Me. Ciro José Toaldo

 

            Na busca de minhas memórias ligadas com meu querido Capinzal (SC), trago comigo inúmeras lembranças envolvendo meus tempos de meninice e juventude. A Rua Carmelo Zocolli, onde nasci e vivi por muito tempo é o grande cenário destas recordações, dentre elas, neste artigo, destacarei a ligada a um amigo que ainda se encontra vivo. Ele é uma criatura especial, mesmo com seus cerca de oitenta anos a sua mente é de uma criança.  

            Antes de mais nada, preciso pedir aos responsáveis pelo amigo Dorvalino, que chamamos carinhosamente de ‘Dorvo’, a permissão de colocar seu nome na forma pública, mas o faço para prestar uma homenagem, tendo muito respeito e, principalmente pela amizade e carinho que no decorrer de minha vida consegui cultivar junto desta iluminada criatura que não reside mais em Capinzal.

            Nestes quase quarenta anos que deixei minha terra natal, aonde muitas mudanças aconteceram em sua infraestrutura, lembro que no final de nossa rua, há um moro (como inúmeros existentes) e por meio dele tínhamos acesso à casa do Dorvo aonde viviam seus pais que eram ‘colonos’ e naquele lugar viviam de plantações, vaca leiteira, porcos, galinha e todo contexto da vida da ‘colônia’! Neste cenário conheci meu amigo!

            De pouca fala, com sua face sempre risonha, trabalhador e fazia o que lhe era determinado. Quando o conheci, na casa de seus pais, Adelino e Maria, criaturas fantásticas e forte religiosidade, ocorreu empatia entre nós dois. Outro fato que contribui para o sustentáculo de nossa amizade: todos os dias o Dorvo passava em nossa casa e leva a ‘lavagem’ (restos de comida) para tratar os seus porcos. Apesar de ser adolescente, ele com os seus quarenta anos ou mais, havia respeito mútuo, inclusive comprava balas e outras iguarias, como ‘brinquedos’ que o deixavam radiante de alegria.

            O tempo passou e a família do Dorvo deixou a vida de ‘colono’, pois seus pais estavam com idade avançada e vieram residir ao lado da casa de meus pais. E nossa amizade se fortaleceu. Acabei indo para o seminário e, nas férias encontrava o Dorvo que sempre me espera e aguardava para ganhar um ‘presente’. Depois, ao mudar para o Mato Grosso do Sul, as vezes demorava para visitar meus pais, mas, sempre encontrava meu amigo que expressa alegria ao nos encontrar.

            Em minha imaginação vejo como Deus é maravilhoso ao permitir que criaturas ‘especiais’ (ele frequentava a APAE), façam parte de nossa vida para poder refletir sobre nosso comportamento e se somos humildade na tratativa do semelhante.  

            Essa amizade carregarei para sempre. Ela é parâmetro que demonstra o quanto um amigo é importante, não pelo fato de longas conversas, discussões ou por quantidade de bens materiais, como casa, carro, celular; um elemento que se deve considerar é da ‘dádiva divina’. Isto faz-me acreditar que a amizade que tenho com o Dorvo, vai muito além da dimensão terrena, pois se trata de um ‘ser de luz’ que veio para este mundo iluminar outros seres.

            Faça sua reflexão!

Até o próximo!

Deus abençoe todos!