Na disciplina de geografia, seu objetivo é discutir a sua definição histórica, assim, formando um pensamento espacial. E para os alunos é muito benéfico, pois se torna um instrumento de potencial transformador em sua construção de realidade em comunidade/sociedade.

            E cabe ao professor como integrante da prática social, elementar os meios cognitivos dos seus discentes para ter consciência dos fenômenos em sua volta, com um olhar espacial. Considerando então, que o espaço geográfico é o objeto de estudo da geografia, podemos partir desse pressuposto e afirmar que, ao lermos o espaço geográfico, estaremos lendo, compreendendo, também, a sociedade que o criou em suas relações complexas.

            Deste modo, para ser desenvolvido olhar espacial, é preciso explorar as relações tropológicas, projetivas e euclidianas no seu espaço vivido, buscado pelo professor, como território, região, lugar e paisagem. Todos esses conceitos formados, se dá por meios de conteúdo geográficos, mostrando ações onde os próprios alunos irão seguir seus conceitos.  Vale ressaltar, que o professor deve adequada seu encaminhamento metodológico com a realidade e a diversidade presentes na turma, visando alcançar os melhores resultados no que se refere a seus objetivos de ensino, neste caso, a formação de conceitos.

            As autoras colocam em discussão os conceitos considerados fundamentais para a compreensão do espaço geográfico. O primeiro a ser abordo é a natureza, onde ganhou um novo significado em função do crescente artificializarão do meio – consequência da globalização – que o autor fala de uma “ciêntifização e de uma tecnificação da paisagem”, ou seja, uma crescente banalização das paisagens culturais.  A chamada primeiro natureza “natural” está, cada vez mais, cedendo lugar para a segunda natureza, aquela produzida ao organizada pelo homem.

            Já o conceito de lugar, é um dos mais ricos do atual período técnico. Pode ser compreendido, ao mesmo tempo, a partir de diferentes enfoques, numa mesma perspectiva teórica. Por um lado, é no lugar que a globalização acontece. É um fragmento do espaço onde se pode aprender o mundo moderno. O lugar, cada vez mais, participa das redes e deixa de explicar-se por si mesmo, ele ganhou novos conteúdos, principalmente técnicos, que hoje definem suas condições de existência com maior pertinência do que os elementos naturais que fazem parte dele. Nessa relação com o global, o lugar traz a discussão dos conceitos de território, de natureza, de técnica, de política, entre outros, tão ricos e necessários as análises mais amplas do espaço geográfico.

            Têm-se clareza de que a geografia estabelece interfaces com outras ciências e outras áreas do saber a fim de explicar seu objeto de estudo e de ensino. Em função dessa afirmação, as autoras apresentam uma lista de dezessete núcleos conceituais, sugeridos por Pereira, no sentido de auxiliar o profissional da educação “geográfica” em sua tarefa de alfabetizar o aluno para a leitura do espaço.

Núcleos conceituais da Geografia

Núcleo conceituais

Conceitos básicos

1

Meio ambiente; biosfera; geossistema; ecossistema; clima; zona terrestre; adaptação ao meio; determinação e determinismo.

2

Ação antrópica; domesticação; sedentarização; nomadismo; migração; população urbana; população geral; cultivos; erosão; regimes demográficos; tradição demográfica; possibilíssimo. 

3

Recursos naturais; recursos não renováveis; avaliação de recursos; substituições de recursos; energia; matérias-primas; conservação; detecção.

4

Degradação do meio; resíduos; industrialização; contaminação; eutrofização ambiental; proteção; desenvolvimento sustentável. 

5

Lugar; paisagem; paisagem cultural; paisagem natural; geomorfologia; síntese; morfologia urbana.

6

Percepção; meio percebido; imagem espacial; mapa mental; comportamento espacial; informação; decisão; espaço vivido.

7

Atitudes em relação ao meio; cultura; valores; imagem visual; imagem simbólica; consciência territorial.

8

Localização coordenadas geográfica; projeção cartográfica; padrões de distribuição espacial; localização absoluta; localização relativa;

9

Formas de atividade econômica; uso do solo; localização industrial; espaço urbano; interação econômica; planejamento; amostragem espacial.

10

Distância; acessibilidade; centralidade; espaço absoluto; espaço relativo; localização ótima; econômicas de aglomeração representação cartográfica.

11

Urbanização; hierarquia urbana; área de influência; aglomeração; área metropolitana; megalópoles; sistema urbano; divisão social e espacial do trabalho; organização/territorialidade interna da cidade.

12

Meios de transporte; rotas; conectividade; fluxos; malha viária; custo de transporte.

13

Diversidade espacial; área; gradiente espacial; descontinuidade; país; região; estado; município; região cultural; organização espacial.

14

Região; região homogênea; região funcional; sistema regional; classificação regional; regionalização; escala; mapa; temático; cartograma.

15

Fronteira; fronteiras econômicas, políticas, culturais e religiosas; jurisdição espacial; ...

16

Relações sociais de produção; modo de produção; formação social; formação espacial; ...

17

Diferença e desigualdade social; movimentos sociais; marginalização social; ...

 

           

            Nos estudos atuais, os alunos deixam de ser um receptor de conhecimento e se tornam um ser ativo no processo de aprendizagem, pois a sua visão de mundo vai muito mais além de apenas uma disciplina escolar. Com isso pode-se inserir a interdisciplinaridade, no caso da disciplina geografia que trabalha conteúdos com outras disciplinas, desde a Química até Filosofia, entre outras, desta maneira abandona-se o “conhecimento parcelar”.

            A construção do mesmo, no ensino da geografia não é algo dependente só do professor, pois, há casos em que as escolas que não permitem nenhum um diálogo entre os professores, muito menos a construção das aulas interdisciplinares.

            Também é importante lembrar que o professor de geografia, ao abordar temas vinculares as outras matérias, há uma necessidade de se aplicar um esforço em compreender a lógica desse conteúdo, para depois com os outros professores, aborda-los em sala de aula. Por tanto, a geografia preocupa-se com o social e o espacial geográfico, então o professor deve buscar a harmonia entre as demais formas de conhecimento, com o objetivo de focar sobre o espaço geográfico como transformador da realidade múltipla na formação da sua realidade.

            Há muitos questionamentos quanto a alfabetização cartográfica e a compreensão/leitura do espaço geográfico, por exemplo, “Qual a diferença entre o desenho ou o ´mapa da criança` e os `mapas de adulto`, que frequentemente encontramos nos atlas e livros escolares? Como as crianças constroem e compreendem o espaço em seu entorno? Estas são perguntas pertinentes que o autor Almeida nos faz e que caracterizam o que vem a ser a essência da alfabetização cartográfica.

            Segundo as autoras, essas questões são relevantes para o entendimento de que representação gráfica do espaço é muito mais um instrumento na construção do pensamento geográfico do que um saber acadêmico específico da geografia. Podemos ver que há diferentes fontes de representação gráfica das cidades (plantas, mapa oficiais, guia turísticos, mapa pictóricos etc.). Esse material pode ser útil na abordagem pedagógica da representação cartográfica dos espaços vividos e percebidos pelas crianças. Para cada tipo de atividade com esses materiais, a de se respeitar a idade da criança e seu domínio da leitura e da escrita.

            Para que ocorra o desenvolvimento do raciocínio cartográfico na criança, é preciso que o educador saiba a importância de se trabalharem certas noções espaciais. A leitura de mapas nem sempre é algo acessível às pessoas, só podemos nos interessar por mapas se a prendermos a lê-los de forma que façamos uma interpretação do que está sendo representado.

            O ato de copiar é uma atividade mecânica, e a compreensão do que está sendo feito fica prejudicada, pois não é possibilitada a reflexão, o pensar sobre o como se obteve certo resultado. Já o mapa é a representação do real, é a passagem do tridimensional, de como vamos os objetos (referente as três dimensões: comprimento, largura e altura).

            Em vista dos argumentos apresentados  conclui-se que para que a criança desenvolva o gosto por assuntos ligados à geografia e, mais especificamente, pela representação do espaço, é necessário proporcionar atividades sobre orientação e localização, tanto dela quanto dos objetos e demais elementos  no espaço e realizar atividades de ensino que envolvam relações entre corpo e espaço em todas as idades.