Mérito

Mérito

A palavra mérito vem do latim meritum.

Entende-se que mérito é o conjunto de particularidades que diferenciam alguma pessoa ou alguma coisa como notável e benéfica.

Chega-se a dizer que o mérito é o que faz uma pessoa digna de elogios.

Muitas vezes o mérito é reconhecido através de medalhas ou prêmios, que visam tornar públicos os atos reconhecidos.

Pode-se ver esse reconhecimento de “mérito” desde medalhas de honra ao mérito concedidas a pessoas ou organizações por reconhecimento a atos relevantes praticados por estas ou pela postura ética por elas adotada até prêmios Nobel, como o Nobel da Paz, concedido todos os anos em Oslo, na Noruega, que é entregue, seguindo os preceitos de seu fundador Alfred Nobel (1895), “a pessoa que tivesse feito a maior ou melhor ação pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz”.

Popularmente, pessoas dirão que mérito é “ter honra”; outros já falarão que o mérito tem haver com o “reconhecimento do que é feito”.

A nosso ver, mérito não está diretamente envolvido com o reconhecimento; e sim com o verdadeiro mérito: de fazer algo bom e louvável, sem esperar que lhe reconheçam; fazer por acreditar que aquilo é o melhor a ser feito.

 

O mérito e a religião

É extremamente difícil conceituar o mérito para a Igreja. Pois Lutero (1517) já afirmava que “qualquer valor do merecimento das ações humanas contradiz as exigências da fé” – uma vez que não podemos fazer algo esperando reconhecimento posterior.

Entretanto o mesmo Lutero (1517, 1ª Tese), acreditava que “Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos... etc.,certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo e ininterrupto arrependimento.” – firmando a ideia de que com o arrependimento alcançaríamos o mérito de entrar no reino dos céus.

Para a igreja católica, em seus ensinamentos catequistas é dito que o mérito é fruto da graça, sendo o efeito ou a recompensa da santificação ou da graça cooperante.

Continua neste sentido, dizendo que a doutrina do Mérito afirma que a pessoa humana pode ser aperfeiçoada através da graça de Deus, que as obras da Criação não estão irremediavelmente perdidas pelo poder do mal.

2007. - Em relação a Deus, não há, da parte do homem, mérito no sentido dum direito estrito. Entre Deus e nós, a desigualdade é sem medida, pois nós tudo recebemos d'Ele, nosso Criador.

A recompensa do Mérito pode estar baseada na Justiça (meritum de condigno), ou na equidade (meritum de côngruo).

Com o Mérito "condigno" o prémio é merecido estritamente; mas com o Mérito "côngruo", o prémio é muito maior.

2008. O mérito do homem perante Deus, na vida cristã, provém do facto de que Deus dispôs livremente associar o homem à obra da sua graça. A acção paterna de Deus é primeira, pelo seu impulso, e o livre agir do homem é segundo, na sua colaboração; de modo que os méritos das obras devem ser atribuídos à graça de Deus, primeiro, e depois ao fiel. Aliás, o próprio mérito do homem depende de Deus, porque as suas boas acções procedem, em Cristo, das predisposições e ajudas do Espírito Santo. (Vaticano)

A Igreja Católica traz em seu prefácio sobre mérito, Santo Agostinho, dizendo “Vós sois glorificado na assembleia dos santos: quando coroais os seus méritos, coroais os vossos próprios dons”.

Seguindo Santo Agostinho, relembremos que este nos mostra claramente que somos donos do Livre Arbítrio, e justamente por crermos em Deus, devemos ter consciência de nossos atos.

 Calvino (1509-1564) já excluía a ideia de que Deus nos recompensaria por nós mesmos, dizendo que “Deus coroa suas próprias dádivas, não nosso mérito.” – assim firmava a concepção de que a salvação independia do mérito humano.

O Islamismo prega o mérito pelo arrependimento:

"Deus, louvado seja, disse:

 ' Ó filho de Adão, sempre Me implorares e Me suplicares, Eu te perdoarei o que houveres feito, sem que nada Me importe! Ó filho de Adão, ainda se tuas faltas alcançarem os horizontes do céu, e Me pedires perdão, perdoar-te-ei! Ó filho de Adão, ainda se vieres a Mim depois de haveres cometido tantas faltas que dessem para encher a terra, e te encontrasses comigo sem nada nem ninguém associares a Mim, conceder-te-ia um perdão que cobriria toda a terra.' " (Tirmizi)

Assim notamos que cada religião, com seus próprios méritos e particularidades, define o mérito em Deus e com Deus de uma forma diferente.

 

Conclusão

Conceituar mérito é uma tarefa árdua. Neste ponto já notamos o tão falado mérito: pois cumprir a tarefa de conceituar o mérito, já é um mérito. Não importando o que os outros digam; o mais importante é reconhecer seus próprios méritos.

Pois citamos medalhas e prêmios dados por mérito; mas os verdadeiros merecedores geralmente não possuem medalhas.

Pensemos juntos: Quem merece o Nobel da Paz é Barack Obama? Qual o seu mérito?

Talvez, quem possua o verdadeiro mérito é quem nos ensina o que é o mérito, e como sermos dignos de algum mérito. E essas pessoas não recebem prêmios. Recebem salários que não condizem com o “mérito” do que fazem.

Mas quem somos nós, pobres mortais, para julgar quem é digno de mérito ou não? – O mérito maior é dado por Deus. Pois esse sim, conhece internamente cada um e sabe se este é digno ou não da maior condecoração: Entrar no reino dos céus e permanecer ao Seu lado eternamente.

Bibliografia

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MLA style: “Full text of Alfred Nobel’s Will”. Nobelprize.org. [Internet] Disponível em: <http://www.nobelprize.org/alfred_nobel/will/will-full.html>. Acesso em 24 mai. 2012.

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