Era uma noite de Outono tranquila numa pequena vila chamada  Alber, podia-se ouvir o vento a dobrar pelo cantos das casas perfeitamente alinhadas e uniformes,  como se tratasse de um regimento militar.
As casas eram feitas de madeira, pintadas de branco e debruadas a azul marinho.
A brisa do mar conferia na madeira uma textura viva e húmida, só comparada a uma pintura fresca.
Na rua, os cães orfãos se alimentavam do lixo, junto a uns pequenos contentores que ali se encontravam.
O cantar dos grilos era uma sintonia para quem ali passasse, esses sons, eram produzidos pelos machos para atrair as fêmeas para a reprodução.
O empedrado mal se notava, estava coberto com um matizado de folhas secas, que agora caia das árvores, dançando na atmosfera antes de atingirem o chão.
Acentuava-se o nevoeiro que deixava espreitar uma imagem, através da fraca luz dos candeeiros de metal presos nas fachadas das casas.
Olho para o céu escuro e vasto e encontro as constelações representadas em diagramas,  em que as estrelas são desenhadas com tamanhos diferentes para representarem brilhos diferentes.
Não chuvia a algum tempo, mas ainda se fazia sentir no ar o perfume da terra criado pela geosmina.
Era uma pitoresca vila  e sobrevivia essencialmente do pescado e de uma pequena percentagem de Agricultura, essa assegurada pela população mais idosa enquanto os mais novos se dedicavam-se ás traineiras e às  redes de pesca.
Um trabalho árduo e sem grandes contrapartidas, era assim levado a cabo por uma pequena população que se considerava familia para os bons e maus momentos.
Era nessa rua sem saída onde se faziam as festas da vila, festas das mais variadas e que eram adornadas conforme os seus motivos, o palco era colocado no beco e independentemente de ficar assimétrico todos o achavam que estava na perfeição.
As pessoas encontravam-se na rua para conversar e para pôr os assuntos em dia, também eram muito religiosos e pagãos.
Da minha janela observava  com certa nostalgia este cenário inúmeras vezes e com uma involvência  inexplicavél.
Era a minha rua, onde brinquei, onde cresci e vivi toda a minha vida.