O menino sem pai 

Ái eu nao queria ser um menino sem pai 
Uai, mas todo menino tem um pai.
Bom eu queria ter um pai vivo um pai que nao morresse uai.
Mas tive um pai que por capricho do destino 
Se foi quando eu era menino
E que eu nao vi jamais.

Cresci e na falta do meu astro
Chamei de pai o meu padastro.

Talvez por que fosse  inconsciente
E como toda criança obediente
Tenha feito a vontade de outra gente.

Talvez porque ninguém quíz aparecer
Nem mesmo ninguém quizesse dizer 
Que aquele nao era meu pai 
E assim me acostumei a chamar de pai 
Alguém que de pai nem tinha sequer um ai.

Olha seu moço viver sem pai e triste de ser
E talvez fosse melhor nem nascer
Para um dia, como hoje, não sofrer.

Queria uma companhia 
Que no meu dia a dia
Me desse um carinho, 
Que me mostrasse um caminho
Mais facil de percorrer.

Mas fui ao mundo atirado 
O certo é que lá do céu
O meu pai, que de sua saúde foi descuidado,
Acabou se redimindo 
E de vagar foi me seguindo 
E sem eu ver meus passos foi conduzindo
E cheguei onde cheguei.

E hoje já bastante escolado 
Com tempo e  sossegado
Estou um tanto desolado
Lembrando do meu passado
Lembrando do pai amado que tão cedo se foi.

Queria estar sempre ao seu  lado
Pirraçando e até sendo meio malcriado
Para ser corrigido e com carinho 
Queria até ser castigado, 
Podia até ficar amuado,
Mas queria ficar Sentado,
Choroso a seu lado
E depois, arrependido, ser consolado.

Saudade, seu moço
Nao é coisa que vem,
É coisa que vai 
E lembrança que vem 
Daquele que foi meu pai.

Domingos Salvio Fiorot