MENINO DA CIDADE                               

Belo Horizonte, 10-11-1977

 

O bom menino da cidade

Foi à festa,

Abraçou a Juliana

E começou a apertar.

Pensando estar

Lá na cidade, onde as moças

Lhe convidam pra dançar.

 

Compadre Pedro

Que era pai de Juliana,

Foi logo chegando perto

E gritando, não aceito!

Pois menino da cidade

Isso é casa de respeito.

 

Mas o menino era filho de doutor,

Foi pra roça tomar pinga,

Terminou fazendo briga

E na verdade apanhou.

 

Saiu correndo

Pela estrada de cascalho,

Fugindo apavorado,

Pois as moças lá do campo

Lhe chamaram de paspalho.

 

Compadre Júlio

Que era tio de Juliana,

Pegou logo no facão

E seguiu por entre as canas,

O tirado a bonitão.                                                    

Voltou dizendo                                                                                   

Que o filho do doutor,

Não passava de maricas.

Quando ele deu as caras

O menino se borrou.

 

Depois de tudo,

A sanfona começou

Sua alegre melodia,

E a festa só acabou

Quando começou o dia.