“MEMORIAL LUIZ GONZAGA EM RECIFE” - UMA HOMENAGEM A CULTURA POPULAR E AO REI DO BAIÃO LUIZ GONZAGA

Minha vida é andar por esse país” música do compositor e cantor nordestino Luiz Gonzaga, faz jus a sua história. “Luiz respeita Januário” é uma das letras de suas músicas, em homenagem ao seu pai – Januário José dos Santos.  

 Quem anda pelas Regiões do Brasil e pelo mundo afora encontram a música popular brasileira. Seus costumes, os artistas, suas histórias. Assim faz jus a vida do cantor Luiz Gonzaga conhecido mundialmente como “Rei do Baião”.

 Luiz Gonzaga está entre os grandes artistas do repertório da música brasileira. Conhecido no país afora com suas melodias: “Asa Branca”. “Karolina”. “É proibido Cochilar”. “Riacho do Navio”. “Ave Maria Sertaneja”. “ABC do Sertão”. “Súplica Cearense”, e outras tantas.  O Rei do Baião fez sua história.

 Em uma de suas frases Luiz Gonzaga descreveu: “Ninguém vai acabar com o forró minha gente, porque o forró é a música do povo”.

 “Eu não inventei só o baião, mas também o forró, as machinhas juninas. Tudo isso que se chama arrasta-pé” 

1- RELEMBRANDO UM POUCO DE SUA HISTÓRIA 

 No interior nordestino, nasceu Luiz Gonzaga do Nascimento, dia 13 de dezembro de 1912, era sexta-feira, numa Fazenda chamada Caiçara, situada próximo a Serra do Araripe, em Exu, cidade do interior de Pernambuco. Filho do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, apelidada por Santana. [1]

 Seu pai Mestre Januário, famoso sanfoneiro afamado por tocar sanfona de oito baixos era muito querido na região, pela intimidade de reparar e tocar com sanfonas. 

 Habilidade herdada por seu pai Mestre Januário, logo na adolescência, torna-se conhecido nas regiões vizinhas, pelo seu talento, tocando em festas tradicionais da época. 

Aos treze anos, Luis Gonzaga consegue comprar sua primeira sanfona de (oito) baixos, igual a do seu genitor Januário, na Cidade de Ouricuri, concedido de um empréstimo feito. Após saldar o empréstimo, a partir de então, Luiz Gonzaga seria um sanfoneiro profissional. [2]

 Sua vida tomou rumo logo por uma paixão proibida na adolescência com Nazarena, moça de família importante, quando Luiz se aventurou no Brasil afora fugindo para a Cidade do Crato, no ceará terra de nascimento de Padre Cícero. [3]

Na cidade de Fortaleza, hoje Capital do Estado de Ceará, Luiz Gonzaga serve o Exército, na década da revolução de 30. No ano seguinte, findo o tempo integral do Serviço Militar, Luiz, conhecido pelos amigos como soldado Nascimento, nome de guerra.

Sempre apaixonado por música e sanfona, no período de descanso acompanhava as músicas da época nos principais programas de rádio. O músico, ainda não conhecido, por não conhecer as partituras musicais é reprovado num concurso, virando tambor-corneteiro, recebendo o apelido de bico de aço.

Por um decreto na época Luiz Gonzaga é forçado deixar o Exército. Começa aí seu itinerário de viagens pelo Brasil. Desembarca no Rio (Cidade Maravilhosa), já com os bilhetes comprados para a Cidade de Recife, de navio e de trem para Exu, cidade do interior de Pernambuco. Nessa época Luiz conhece o músico baiano Xavier Pinheiro, tornando grande amigo e morando num reduto português [4].

Pressionado por estudantes cearenses, num programa de calouro na rádio tupi, Luiz Gonzaga tira nota máxima.

Daí, em diante sua vida toma rumo atuando como sanfoneiro e pela primeira vez grava como artista principal, sendo quatro lançadas em 78 rotações. O sucesso bateu à sua porta, com reportagem numa revista carioca recebendo o título “Luiz Gonzaga, o virtuoso do acordeom”. Luiz é consagrado como “O maior sanfoneiro do Nordeste” e até do Brasil [5].

Agora reconhecido nacionalmente, Luiz com influência sertaneja e com a cultura do povo cearense, conhece o poeta e advogado Humberto Teixeira. A parceria deu certo começando, porém gravações e viagens para  Rio de Janeiro, e em Exu, sua terra natal que após 16 anos de sua ausência, e associando com vários programas de rádio, festas em Recife.

Luiz Gonzaga, motivado na tradição do repertório nordestino grava “Asa Branca” em parceria com Humberto Teixeira tornando-se um clássico da música brasileira. A partir daí Luiz adota o “Chapéu de Coro” – inspirado por Lampião com quem tinha grande estima. (grifo do autor) 

 3- TURNÊ – SHOWS E PRÊMIO DE LUIZ GONZAGA

 “Luiz Gonzaga fez história no Brasil a fora, celebrizado e consagrado como O Rei do Baião e o amigo advogado Humberto Teixeira o “Doutor do Baião”.

Data da primeira participação de Luiz Gonzaga, No dia 5 (CINCO) de março de 1941 numa gravação da Victor, atuando como sanfoneiro da dupla Genésio Arruda e Januário França, na "cena cômica" [6]

Assim vejamos dados de sua vida profissional:

“E no dia 14 de março Luiz Gonzaga grava, assinando pela primeira vez como artista principal, e exclusivo da Victor, quatro músicas que são lançadas em dois 78 rotações. É publicada a primeira reportagem sobre Luiz Gonzaga na revista carioca Vitrine, com o título Luiz Gonzaga, o virtuoso do acordeom”. [7]

Na Capital cearense em 1980, Luiz Gonzaga canta para o Papa João Paulo II. Em parceria com Gonzaguinha numa turnê percorre várias cidades brasileiras, lançando álbum duplo ao vivo. [8]

Em Bobino - Paris Luiz apresenta-se na casa de espetáculos a convite de Nazaré pereira, cantora amazonense. A partir daí Luiz passa assinar como “Gonzagão”

Gonzaga recebe o primeiro disco de ouro com o LP Danado de Bom, em parceria com João Silva. Gonzaga recebe também o prêmio Shell.

Luiz Gonzaga recebe no ano de 1985, dois discos de ouro para o LP Sanfoneiro Macho e prêmio Nipper de ouro, uma homenagem internacional da RCA.

Um ano após em 1986, na França Luiz Gonzaga participa do festival de música brasileira, inaugurando o programa dos anos Brasil- França 86-88. Com o LP Forró de Cabo a Rabo, Luiz Gonzaga ganha dois discos de ouro e um de platina.

No ano de 1989 Luiz Gonzaga, grava seus últimos discos. No mesmo ano é internado em Recife, no Hospital Santa Joana.

Aos 76 anos de idade, no dia 02 de agosto de 1989, morre o Rei do Baião Luiz Gonzaga- filho de Januário.  

3.EM RECIFE- PERNAMBUCO- Um Tributo ao Rei do Baião-(Luiz Gonzaga) 

Quem anda pelas ruas de Recife, costuma-se a grande influência deixada por  Luiz Gonzaga, Rei do Baião.

Em uma de suas frases Luiz Gonzaga decifrou: “Uma esmola para o homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão” (grifo do autor).

Nas calçadas de recife e Olinda, nos bares, nos clubes a representação de seus pertences usados por ele na época, como o chapéu de coro, a sanfona, o triângulo o gibão.

Nas casas noturnas, comumente ouvimos suas melodias, o xote , o xaxado seu nome e sua cultura com o povo nordestino.

Recentemente, em 2016 um programa Super Star exibido aos domingos na TV Asa Branca, afiliada a Rede Globo, a banda Fulo de mandacaru recebeu em Caruaru- Pernambuco a medalha de Honra ao mérito. O grupo caruaruense participou da nova temporada do programa, com um repertório regional cantando as músicas “É proibido Cochilar e ‘Chilique” [9]

Luiz Gonzaga até hoje continua vivo na memória do povo brasileiro, com sua música nordestina, e é lembrado pelos programas de TVs, nos shows com cantores sertanejos e nas tardes de domingo.

 No “Ceará, tem casas de shows que a semana inteira é vivenciada o grande forró “Pé de serra”, representando o Rei do Baião”.

 Em Recife, Caruaru, Juazeiro do Norte, Juazeiro da Bahia Crato, Sobral no Ceará todas as sextas é relembrado o forró Pé- de -Serra em tributo ao grande nordestino e maior sanfoneiro “O Rei Luiz Gonzaga, filho de Januário, nascido em Exu, cidade interior de Pernambuco.

 Em outras cidades do Brasil, a cultura do sertanejo nordestino também é lembrada pelo forró, com muita alegria e em homenagem o seu povo simples e trabalhador.  Encontramos também um Grande filme de Breno Pereira – “De pai pra filho”

 Em Pernambuco, seu estado de origem todo ano é comemorado a missa do vaqueiro em memória a morte de seu primo Raimundo Jacó. Desde então a missa é celebrada anualmente, tornando tradição em Pernambuco.

 Recentemente a festa do vaqueiro fora relembrado na “Novela Velho Chico” da TV Globo, uma homenagem ao vaqueiro nordestino. [10]

 Atendendo o apelo popular, a Cidade de Recife cria um centro de preservação de sua obra, homenageado pelo seu estado de origem o “Memorial Luiz Gonzaga” (grifo do autor)

  O “Memorial Luiz Gonzaga” instituído pela Prefeitura de Recife, traz de volta as preservação do Rei do Baião a seu povo. Inaugurado em 02 de agosto de 2008, com intuito de preservar a cultura nordestina e preservar sua memória.

Localizado no Pátio São Pedro – Casa 35, Bairro de São José – Recife. [11]

 No memorial encontramos sua história, gravações, discos, alguns pertences de Luiz Gonzaga; chapéu, sanfona, os primeiros LPS, fotos de amigos, casamento, sua família, os contratos com gravadoras e um grande arquivo musical.  Atendimento ao público de segunda a sexta-feira. [12]

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 CONCLUSÃO 

 Luiz Gonzaga, nordestino, nasce em Exu interior de Pernambuco, herda do pai Januário uma grande profissão de sanfoneiro. Aos 13 anos já domina a arte de tocar sanfona.

 Seu exemplo até hoje é seguido por grandes repentistas, tocadores de viola, sanfoneiros e duplas sertanejas. Sua história vive há mais de um século após sua ida.

 Inaugurado em 02 de agosto de 2008, o Memorial Luiz Gonzaga na Cidade de recife com intuito de preservar a cultura nordestina e preservar sua memória.

 No ano de seu centenário em 2012, foi lançado o filme “De Pai para Filho”, narrando a relação entre Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, seu filho.

 Neste dia 13 de dezembro de 2016, comemoramos (cento e quatro anos) de seu nascimento. 

 REFERÊNCIAS  

[1] Luiz Gonzaga (1912-1989) nasceu na Fazenda Caiçara, em Exu, sertão de  Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 1912. Filho de Januário José dos Santos, o mestre Januário, "sanfoneiro de 8 baixos" e Ana Batista de Jesus. O casal teve oito filhos.

 [2] Enciclopédia. Nordeste. Biografia de Luiz Gonzaga.

http.// www.onordeste.com/portal/luiz-Gonzaga.

 [3] Cícero Romão Batista foi um sacerdote católico brasileiro, conhecido como padre Cícero ou na devoção popular de Padim Ciço (Crato. 24 de março de 1844- Juazeiro do Norte,

 [4] Exu – O nome da cidacde de Exu origina-se da língua Tupi. É uma corruptela derivada de Ançu ou Inchu, ou eira-exu. Ançu é o nome do antigo povo indígena do Arraripe , Inchu é eira-exu, são espécies de abelha abundantes na região.

 [5] https:// www.ebiografia.com/luiz_gonzaga. Acesso em 22 de maio de 2016.

[6][7][8].http://g1.globo.com/turismo-e-viagem/noticia/2012/10/luiz-gonzaga-criou-museu-proprio-em-sua-cidade-natal-no-pe.html

 [9]http://redeglobo.com.pe/tvasabranca/notíciaq2016/04/banda-caruaruense-fulo-de-mandacau-participa-do-supertar.html

 [10] globoplay.globo.com/v/5185647. Acesso em 28 de maio de 2016

 [11] http://www.recife.pe.gov.br/mlg/gui/Memorial.php. Acesso em 22 de maio de 2016. Acesso em 22 de maio de 2016.

 [12] site: www.parqueazabranca.com.br. Acesso em 22 de maio de 2016

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