Este texto vai conduzir o leitor a uma breve síntese histórica da minha vida profissional, através de um memorial descritivo, elucidando alguns motivos que levaram, em determinado momento do processo de construção da identidade profissional pessoal, abraçar o desafio de trabalhar e viver a Educação. Primeiramente, meu nome é Enéias Monteiro da Silva, nasci em 04 de outubro de 1989, natural do Município de Oriximiná-PA, localizado no interior da Amazônia, onde passei boa parte da minha vida.

Venho de uma família com valores éticos e morais cristãos que me ensinaram a respeitar o próximo e conviver com as diversidades, bem como  ajudaram-me a refletir sobre os ideais de uma vida cidadã íntegra, ética e moral. Família humilde do interior do município, eles vieram para a cidade para galgar novas perspectivas pessoais e também para seus futuros filhos. Meu pai antes de finalizar o Ensino Médio (naquele tempo profissionalizante) foi Professor do Ensino Fundamental na comunidade do Sapucuá, no interior de Oriximiná. E minha mãe, anos depois, concluiu o Ensino Médio Magistério já na cidade. Vale ressaltar que eu tinha 14 anos de idade, conclui o nível superior quando tinha 16 anos, mulher e homem guerreiros, um dos motivos que me fizeram enxergar os desafios da educação com outros olhos, pois atualmente ela é professora.

Hoje, vejo isso como exemplo, pois os dois conseguiram galgar suas titulações depois de adultos, casados e já com as responsabilidades da criação filhos, que foram dois, mostrando um exemplo de que sempre ainda há tempo para quem não teve oportunidade de estudar, de conquistar essa façanha.

Meu primeiro contato com a educação foi na própria alfabetização, feita em casa pelos meus pais, que me ensinaram a ler e a escrever aos 4 anos de idade, ou seja, quando cheguei no ensino pré-escolar, na Escola Branca de Neve, aos 05 anos de idade, já sabia ler e escrever. Frequentei, em todo o processo de minha carreira estudantil, a rede Pública de Ensino, consolidando todas as etapas com bom rendimento dentro da idade estipulada pelo sistema educacional nacional vigente, isso se aplica ao Ensino Pré-escolar, Fundamental e Médio.

Vale ressaltar que foi no Ensino Médio que começou minha afinidade com a Informática, área que futuramente, escolheria para seguir profissionalmente, depois de muitas especulações em outras áreas do conhecimento, fato que acontece com a maioria dos jovens, até conseguirem definir sua identidade profissional. Lembro-me que o primeiro contato com o computador veio através de um amigo que estudava informática básica e compartilhava seus conhecimentos dentro da sala de aula no Ensino Médio. Como não tinha computador em casa, nesse tempo muito caro, acabei aprendendo a usar para meu primeiro acesso a internet na Biblioteca Municipal Enéas Cavalcante, no município de Oriximiná.

Foi mágico, sabia que iria, daí em diante usar aquele equipamento para alguma finalidade em minha vida, curioso como sou, comecei a pesquisar tudo sobre o que era o computador. Logo incentivei meus pais a adquirir este equipamento para poder entender como tudo aquilo funcionava. Isso deu certo, pois meu pai que recentemente havia rescindido contrato com uma empresa, pegou sua indenização e resolveu comprar o computador para nossa família. Depois desse fato, só usar e olhar já não bastava, precisava conhecer mais sobre essa caixa mágica que fazia praticamente tudo o que queria, então, a internet em casa foi o próximo passo, tudo muito apertado financeiramente, mas conseguimos.

Percebi que poderia ganhar dinheiro com o computador. Então, comecei a fazer meu primeiro curso de Informática, nos últimos meses de 2007, dos 17 aos 18 anos de idade, mas infelizmente, não consegui muita coisa, apenas trabalhos feitos em casa para formatar textos, manutenção e serviços básicos de Informática. Terminei o Ensino Médio, agora queria estudar em uma universidade, o curso na área de Informática, mas as condições financeiras da família aliada à escassez de uma instituição de ensino superior na minha cidade, inviabilizavam a minha saída para outra cidade. Precisaria trabalhar, para poder ajudar meus pais a me ajudarem a estudar. Foi aí que apareceu uma empresa nova na cidade de Oriximiná, oferecendo um curso pré-vestibular. Pensei: para viajar, eu preciso estudar em uma escola pública, assim consigo com que meus pais me ajudem apenas com as despesas da casa. Entusiasmado,  matriculei-me e comecei a estudar nessa instituição.

Meses depois, descobri que essa instituição ministrava curso de Informática e que estavam precisando de estagiários para atuar como professor de Informática. Nesse momento, vi a oportunidade de ganhar um aporte financeiro e aprofundar os conhecimentos na área de Informática, fui contratado, trabalharia pela manhã e à tarde e continuaria a estudar a noite.

Depois de algum tempo na empresa, agora efetivo, descobri que a empresa tinha sua sede no município de Santarém, cidade onde havia universidades que disponibilizaram o curso que tanto almejava. Não demorei muito para solicitar minha transferência, consegui, depois de cumprir todos os desafios colocados pelo proprietário da empresa para que pudesse ir para uma filial em Santarém. O desafio era deixar pessoas formadas com qualidade para substituir-me no curso de Informática Básica e avançada e no curso de manutenção de computadores (aperfeiçoei-me em um curso à distância), depois de muito trabalho e dedicação consegui alcançar o desafio.

Fui para Santarém, e como já havia perdido o vestibular para escola pública, matriculei-me, pela fé (pois não tinha dinheiro para pagar) em curso de Tecnologia em Redes de Computadores, em uma instituição de ensino superior privada. Passei, nesse momento em Santarém, morando com mais três pessoas, vi meu salário durante 1 ano ir para a mensalidade da instituição, isso até conseguir uma bolsa integral de estudos nos anos seguintes. Gostei demais do curso, mas, mesmo assim, ainda queria entrar em um curso de Ciência da Computação, que só tinha em uma Universidade pública de ensino na cidade. Quando estava prestes a terminar meu primeiro curso superior, passei no vestibular para a Universidade Federal do Oeste do Pará  (UFOPA) e comecei a estudar para o Curso que tanto queria, mas tive que sair do trabalho de professor de Informática, pois não conseguiria estudar nas duas instituições e continuar trabalhando 8 (oito) horas por dia.

Pedi demissão e voltei a minha vida, apenas para os estudos. Como precisava sustentar-me e ajudar meus pais na despesa, procurei bolsas de estudos na Universidade Pública, pois flexibilizaria a continuidade dos estudos. Não encontrei, naquele tempo, aplicado dentro da minha área. Foi aí que a minha vida começa a encontrar defensivamente o rumo da educação.

Nessa busca, conheci ainda no início de minha formação, na UFOPA, o Prof. Dr. Doriedson Almeida e a Prof. Dr. Tânia Brasileiro, ambos da área da Educação. Estes haviam montado um grupo de pesquisa denominado OFICIBER (Oficinas em Ciberculturas), eles estavam selecionando bolsistas de iniciação científica para seus projetos de pesquisa na área de educação, mas utilizando os recursos tecnológicos.

Nesse momento, vi a oportunidade de conseguir a bolsa de estudos, e ainda continuar aprendendo na minha área, vislumbrei através das leituras densas, no primeiro momento complicadas, subsidiadas pelos professores aliados às pesquisas pessoais, a importância do educador e as concepções teóricas e práticas que podem ajudar a melhorar a qualidade do ensino no Brasil e no mundo. No grupo de pesquisa, trabalhei com dois projetos de extensão, com o professor Doriedson, sendo um PIBEX e FADESP e um projeto de pesquisa do CNPQ com a professora Tânia, onde conheci as teorias das concepções psicológicas para a construção do aprendizado, ou seja, três anos que ajudaram a enxergar a profissão de educador como um viés de conscientização e formação de pensamentos críticos e reflexivos para a sociedade. Aprendi que poderia, com minha formação tecnológica e científica, potencializar a disseminação do conhecimento adquirido para meus alunos.

Ainda, no último semestre do Curso de Ciência da Computação, e já tendo concluído o curso em Tecnologia em Redes de computadores, ano de 2015, prestei o concurso para ser professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), processo em que fui aprovado. A partir daí, comecei um novo desafio, o de continuar aprendendo e aperfeiçoando meus conhecimentos na área de atuação, afim de contribuir com a melhoria do Ensino, Pesquisa e Extensão.

Em suma, nessa constante busca pelo conhecimento, e visando tornar meus alunos cidadãos mais reflexivos, críticos e atuantes na sociedade, abracei a condição e o dever de ajudar meus alunos a enfrentarem seus medos e conquistarem seus sonhos, afim de galgar melhores oportunidades, respeitando a ética e a moral, pois temos em mãos um importante balizador que contribui para essas melhorias, a Educação.