Medo

O medo se esconde atrás das decisões e atitudes
que norteiam nosso mundo frágil e manco
O medo campeia e já abandona trincheiras nas cidades e nos campos,
Logradouros da vida dita humana.
A noite traz embutida em seu dorso o temor dos pesadelos dos séculos sem conta
A expectativa das chamas das bombas noturnas
E a fumaça atrasada das balas de revólver.

O medo é a gênese do câncer,
É o campo propício para pragas modernas,
É o objeto que enriquece indústrias e comércios,
Que fazem tratos a portas fechadas e não permitem inspeção
Abastece-se da ansiedade e se fortalece na desconfiança entre os iguais.

Pessoas passam de cabeça baixa
Com o coração fechado
E se esquecem de como são.

O medo é a negação da criação,
O amparo do ódio
Alvo imenso para nossas defesas
Um inimigo comum, tão velho quanto o tempo.
Tão desprezível quanto a cobiça.

O inimigo interno
Pronto para ser atacado,
Antes que nos destrua
Quando devora nossa personalidade.


Ivan Henrique Roberto
4 de agosto de 1986