O rei Mohammed VI de Marrocos insta o governo para acelerar os programas ligados com a escolarização e  a saúde, sublinhou o rei no discurso transmitido pela rede de televisão domingo a noite 29 de Junho de 2018 para o povo marroquino pela ocasião da comemoração do 19º aniversário de sua ascensão ao trono.

O Rei Mohammed VI tem longamente evocado no seu discurso a "questão social" no Marrocos, exortando o governo a adotar medidas urgentes, no domínio da saúde e da educação. Apesar das "realizações  concretizadas(...)  tenho um sentimento que algo está faltando em matéria social", declatou o rei de Marrocos em um discurso marcando pelas indicações, resultado das reformas implementadas ao longo das duas décadas.

O rei apontou ainda os programas de apoio e proteção social que "se sobrepõem uns sobre outros, falhando por falta de coerência e não alcançam efetivamente as categorias elegíveis". Ele, portanto, tem chamado para acelerar a criação de "um sistema nacional de registo  das famílias. Elas  poderão beneficiar de programas de apoio social", instando o governo a "empreender uma reestruturação profunda e abrangente" dos programas existentes.

" Desigualdades destacadas"

O Marrocos é marcado por desigualdades sociais e territoriais, refletindo um cenário do fundo  do desemprego dos jovens. Em 2017, foi classificado 123º dos 188 países a título do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A busca de um "novo modelo de desenvolvimento" tornou-se então nos últimos anos um leitmotiv para todas as autoridades públicas.

No seu discurso, o rei do Marrocos chamou " para dar um impulso vigoroso aos programas de apoio à escolarização" e uma força a reforma do sistema de saúde "caracterizado por desigualdades gritantes e uma fraca gestão".

O discurso pronunciado da cidade de Al-Hoceima (norte do Marrocos), epicentro de um movimento de protesto às demandas sociais e econômicas que agitaram o país em 2016 e 2017.

Graça Real?

A mídia marroquina tinha visto no anúncio do discurso o sinal de um possível perdão real que deveria ter sido concedido aos detidos do movimento chamado "Hirak" ("mobilidade"), notadamente dos principais ativistas, condenados no final deste mês de Junho, cujas condenações variam indo até vinte anos de prisão.

Em seu discurso, o monarca de 54 anos não evocou a crise na cidade de Al-Hoceima e seus arredores. Um comunicado oficial divulgado na sequência anuncia mais de 1.200 graças concedidas, mas sem especificar se os detidos do movimento destas localidades fazem parte ou não. Uma vez que a mídia marroquina informa a este respeito que nenhum dos detidos de Hirak tem sido perdoado.

Mohammed VI presidiu  sem seguida a uma reunião dedicada a "ativação das medidas contidas" no seu discurso, nas quais fazem parte o chefe de governo e uma dezena de ministros, segundo um comunicado do Gabinete Real.

Lahcen EL MOUTAQI

Pesquisador universitário- Rabat