Marrocos: "Aulas a distância", um desembolso de bilhões na informatização da educação

Por Lahcen EL MOUTAQI | 29/04/2020 | Tecnologia

O programa de educação a distância, lançado após a suspensão das aulas, devido ao surto do "vírus Corona", não foi o primeiro experimento a introduzir no sistema educacional na era digital, tem sido lançado 14 anos atrás como um programa de uso da tecnologia da informação na educação. Mas este programa não alcançou as metas visadas, apesar de bilhões de recursos públicos gastos neste sentido.

Na última sessão de questões do chefe do governo, na Câmara dos Conselheiros, semana passada, Saad al-Din al-Othmani declarou, indiretamente, o fracasso do programa da educação a distancia, implementado em 2006, quando se refereu ao volume das aulas e do conteúdos produzidos desde a introdução do sistema de educação a distância, após o surgimento da pandemia de Corona, que ultrapassou os programas relaizados em dez anos.

No final de 2018, uma reunião do comitê de pilotagem do programa geral para o uso da tecnologia da informação e da comunicação na sede do governo e entre os pontos incluídos no discurso do primeiro-ministro Saad al-Din al-Othmani, publicado no site oficial do chefe do governo, seu apelo a fornecer conteúdos e recursos digitais para planificar e atualizar os currículos escolares, visando a garantir a prevenção e a complementaridade entre cursos presenciais e conteúdos digitais.

Após a disseminação da pandemia do vírus Corona, a suspensão das aulas, subsequente  a recorrer à educação a distância, deixou claro que o sistema educacional marroquino sofre com um grande vácuo no fosso digital, pois a confusão parecia clara após o programa da educação a distância, uma vez  o Ministério da Educação Nacional recorreu aos canais de TV, e das aplicações de Comunicação direta, visando as aulas para os alunos pelos professores, mas o "programa digital" continua sendo oculto como se não existisse.

Abdel-Razzaq Al-Idrisi, escritor nacional da Universidade Nacional de Educação atribui a razão do fracasso do programa mencionado devido à "ausência de prestação de contas, à persistência da política de punição e à pilhagem de dinheiro público", indicando que o Conselho Supremo de Contas tem determinado anteriormente o tamanho da quantia gasta nesse projeto, sem alcançar seu objetivo. .

Al-Idrisi acrescentou no comunicado à jornal eletrónico Hespress que o programa digital tem recebido enormes somas de dinheiro, gastas na compra de materiais e de equipamentos, para as instituições educacionais, dispositivos eletrônicos e de informação, vinculados à Internet, sem portanto que o dinheiro gasto nesse programa produz resultados tangíveis.

O trabalho sobre o programa de generalização do uso da tecnologia da informação continua ainda em andamento, pois durante a reunião presidida pelo otomano há dois anos, a visão do programa foi aprovada no horizonte de 2030, instando para atingir 100% das instituições de ensino, equipadas com meios modernos no horizonte do ano 2020, cujo programa a ser estudado para esse fim. No entanto, a modéstia dos resultados do processo de educação a distância, atualmente em vigor, cujos problemas levantam os questionamento do programa digital no país.

"Se esse programa tem sido colocado com boa governança e gestão, o Marrocos não teria enfrentado a dificuldade para o oferecer uma educação a distância aos alunos, tornando o processo fácil e sem problemas", diz Abdul Razzaq Al Idrisi, acrescentando: "Essa pandemia descobreu uma série de coisas, a fragilidade do estatuto  da educação, da saúde, da moradia e do emprego".

Al-Idrisi indicou ainda que o fracasso do programa da generalização do uso da tecnologia da informação e da comunicação nas instituições públicas foi assunto do debate no Parlamento, na presença do ex-primeiro ministro Abdel-Ilah Benkirane e do ministro da Educação Nacional da época, Mohamed Hassad, "mas nada mudou na discussão que terminou como se nada tivesse acontecido".

Finalmente, o Secretário-Geral da Universidade Nacional de Educação acredita que a situação do sistema educacional não vai mudar no futuro, a menos que haja vontade política de conseguir mudanças, com base na prestação de contas dos  responsáveis, desenvolvendo programas reais, para erradicar a política de impunidade, e aproveitar da atual crise a ser como uma lição, no sentido a dedicar as verdadeiras mudanças na educação.

Lahcen EL MOUTAQI