A exclusividade da nova reforma adotada pelo Ministério da Educação, da Formação Profissional, do Ensino Superior e Pesquisa Científica, não apenas é baseada e orientada de acordo com uma visão estratégica 2015-2030 projetada pelo CSEFRS, mas ela parece ser regida pela lei-quadro recentemente adotado 51-17 pelo  governo.

O ponto forte desta lei é que ela constitui a estrutura jurídica que regulamenta toda prática pelo setor do ensino. Por seu aspecto constrangedor, ele permitiu aos anos de improvisação e controvérsias ideológicas. Todas as medidas a ser tomadas são limitadas no tempo por um cronograma estabelecido por esta lei-quadro.

Ainda de acordo com esta lei-quadro, uma multitude de medidas devem ser adotadas pelas autoridades governamentais, em colaboração  claro, com os diferentes parceiros, para melhorar o desempenho da escola marroquina em termos da:

- Inovação e adaptação de currículos, de programas, da formação e abordagens pedagógicas;

- Introdução de uma engenharia linguística, cujos princípios são estabelecidos pela lei-quadro;

- Revisão do sistema de orientação;

- Reforma do sistema de avaliação e certificação.

No entanto, dois aspectos principais desta lei provocaram controvérsia e controvérsia, a saber: o fim do ensino superior público gratuito e da diversidade linguística.

Para o primeiro ponto, não entrar em detalhes, pois um decreto de implementação poderia esclarecer as coisas e trazer informações sobre os assuntos.

Minha intervenção a este respeito se limita a questão da engenharia linguística, conforme mencionado na lei-quadro (artigos: 27; 31):

Essa engenharia adotada, ela reflete obviamente sobre a política de linguagem, a qual é baseada sobre os seguintes princípios:

- A prioridade é dada ao papel funcional das línguas adotadas na escola marroquina;

- A fluência do aluno nas línguas oficiais ([Arabe, Amazigh) e as estrangeiras; considerando o Árabe a língua principal do ensino (primeira língua da escolarização); a posição da língua Amazigh é a desenvolver dentro da escola marroquina, de acordo com um plano de ação nacional claro e em conformidade com as disposições da Constituição;

 - A introdução da diversidade linguística, de forma progressiva (no final do ensino médio qualificado, o aluno deve ser capaz de dominar a língua árabe, de se comunicar na Amazigh e dominar pelo menos duas línguas estrangeiros), usando uma abordagem progressiva (do bilinguismo ao plurilinguismo);

  - A adopção do princípio da alternância linguística através do ensino de determinadas matérias, em particular as de dimensão científica e técnica, na (s) língua (s) estrangeira (s);

- A apropriação funcional de línguas estrangeiras pelo aluno desde tenra idade.

No que diz respeito ao árabe dialetal, a lei-quadro não levantou esse assunto; em contra partida, ela decidiu sobre a questão das línguas de ensino adotadas em todos os níveis.

Para a questão da diversidade linguística, levantada pela lei-quadro, trata-se de uma escolha educacional estratégica, que apóia as orientações da Visão Estratégica no campo do domínio das línguas ensinadas e da diversificação das línguas do ensino.

Essa escolha não é aleatória, pois visa, através da alternância linguística a:

- consolidar o domínio das habilidades linguísticas entre os alunos;

   - corrigir o impacto dos desequilíbrios nos rendimentos internos e externos da escola marroquina;

- Assegurar esta coerência linguística entre ciclos, especialmente entre o ensino escolar e superior;

- Estabelecer a eqüidade e a igualdade de oportunidades para os alunos marroquinos, sejam eles de instituições públicas ou privadas,  para atender as seções bilíngues (bacharelado internacional) e depois prosseguir facilmente o ensino superior.

Ninguém, portanto, pode negar o papel e a importância da proficiência linguística na qualidade da aprendizagem, no sucesso acadêmico do aluno e na integração social e profissional.

Segundo os expertos na matéria pedagógica ( ciclo primário), vínculo direto com o que está acontecendo na sala de aula, o que suscita uma preocupação comum de elevar o nível de nossos alunos e melhorar a qualidade da produção de do produto educacional, compartilhando a concepção e a reflexão sobre o assunto da alternância linguística, colocando as seguintes interrogações:

Como qualquer medalha tem seu lado oposto, qual é o impacto da francificação das disciplinas não linguísticas (DNL) no ciclo primário?

(As disciplinas envolvidas são as matemáticas e ciências (desperto científico)).

- - Os professores dispõem de ferramentas concretas (guia de alternância linguística, recursos digitais confiáveis etc.) para facilitar a tarefa?

As escolas estão bem equipadas com material didático para apresentar essas disciplinas de uma maneira diferente (demonstração, manipulação, experimentação ...)? ;

Todos os professores se beneficiam de formação / enquadramento ou acompanhamento sobre alternância linguística?;

Os inspectores envolvidos receberam formação real sobre estes novos conceitos, nomeadamente: a engenharia linguística, a diversidade linguística, o bilinguismo e alternância linguística?

É certo que a diversificação das línguas de ensino é uma escolha estratégica, adotada após cuidadosa reflexão, mas  o que se pergunta se não consititui um desafio a ser enfrentado para alcançar os objetivos esperados?

Não somos pessimista, mas temos que essa alternância linguística favorece o desenvolvimento de habilidades de linguagem em detrimento de habilidades disciplinares.

Para evitar reproduzir os fracassos e os desequilíbrios lingüísticos gerados pela apressada arabização da matemática e das ciências por três décadas, e reportar o desafio para um retorno à língua francesa dessas disciplinas não linguísticas (DNL), a este repeito uma panóplia de medida deve ser tomada:

- Pôr em prática a alternância linguística para essas duas disciplinas de maneira progressiva e em todos os níveis, dando tempo aos professores para se formar ou se auto-formar nas diferentes práticas que facilitam sua tarefa;

- Assegurar primeiro a articulação primária /colegio para garantir essa coesão entre os ciclos;

- Conceber e implementar ações pedagógicas de apoio para atender às necessidades de linguagem dos alunos;

- Desenvolver guias ilustrados ou glossários de vocabulários de noções e conceitos científicos;

Iniciar os alunos a trabalhar com mapas mentais para entender, memorizar e revisar seus cursos (desperto científico);

- projetar e implementar sessões de treinamento contínuas em benefício dos inspectores sobre o assunto, para uma possível multiplicação e apoio em campo;

- Desenvolver livros didáticos sobre esses dois assuntos, permitindo que os alunos passem do árabe padrão para o francês padronizado;

- Adotar métodos ativos baseados nos conhecimentos, nomeadamente a demonstração, a investigação e a resolução de problemas;

- Evitar abordagens tradicionais baseadas na transmissão de conhecimento;

- Adotar abordagens participativas e colaborativas (abordagens baseadas em tarefas);

- Transformar e mudar as práticas de ensino, por exemplo, adotando a pedagogia reversa, usando as ferramentas oferecidas pelas TIC, para acostumar os alunos a preparar seu curso com apóio, especialmente para o desperto científico, usando vídeos; a sessão da sala de aula pode se transformar em uma grande sessão de brainstorming;

- Assegurar vínculo entre disciplinas (transversalidade e descompartimentalização);

- Ensinar matemática e ciências por projeto e treino;

- Diversificar técnicas de animação e os métodos de trabalho, favorecendo o trabalho em pequenos grupos, com o objetivo de envolver os alunos na construção e no aprendizado ...

A organização de um sério debate sobre o tema da alternância de idiomas, do qual participem todas as partes interessadas, podendo enriquecer esses pontos e propor outros caminhos a ser explorados, mais de forma eficaz e eficientes.

Lahcen EL MOUTAQI

Professor universitário- Rabat