Eu gostei do livro "Marimbondos de Fogo".

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Eu falei que eu gostei do livro "Marimbondos de Fogo".

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Aquele livro do ex-presidente. Do Zé.

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Ué! Ninguém vai me bater?

Deve ser por que não acordaram direito.

Bom, então eu vou continuando.

Essa crônica de hoje é só para dizer que, uma obra, se for apreciável, não precisa, necessariamente, ter uma pessoa apreciável como autor.

O homem público que ele foi e tem sido, sua trajetória coronelista, o seu posicionamento ultra-direitista, suas condutas políticas atuais, isso não foi levado em conta quando li o livro, muito embora muita gente ache que ele foi fantástico, pelo Plano Cruzado, etc.

Estou falando do livro.

Pois se Hitler tivesse escrito uma grande obra literária, essa obra não valeria nada?

"Mein Kampf" ficou famoso, mas não era uma grande obra.

Se descobrissem, por acaso que a Madre Teresa de Calcutá tinha comportamentos socialmente "errados", de vez em quando, ela teria todo o seu maravilhoso trabalho ido por terra?

Se fosse desenterrado do centro da terra, um fóssil, atestado pela comunidade científica, provando, que Jesus Cristo exagerava no vinho, seria menor sua importância?

O ideal seria que a pessoa fosse um ser humano maravilhoso, idealista, abnegado, justo, fraterno, generoso e ainda assim, oferecesse ao mundo, obras literárias ou qualquer outra, igualmente maravilhosas, para estabelecermos um conto de fadas, com todos os pinos das nossas fantasias encaixando perfeitamente (tipo o que quiseram nos vender com Sandy e Junior).

Mas não é o caso desse livro, nem desse autor.

Bom, deixa pra lá.

Vou confessar para vocês.

Eu nunca li esse livro e nem sei que cor ele tem.

É verdade!

Peço desculpas pela brincadeira (essa é a magia da literatura).

Só sei que se trata de uma coletânea de poesias, e é daqueles livros que, depois que você larga, não consegue mais pegar (piada nova essa!).

Desmembrar as pessoas de seus feitos é um bom caminho para uma apreciação mais isenta das coisas, das nossas formas de relacionamento. Assim como Pelé, que foi um ótimo jogador de futebol, e que em seus posicionamentos políticos parece um perna de pau, tem o Presidente Lula que, se como jogador de futebol, parece um perna de pau, como presidente, joga bem menos.

Sérgio Lisboa.