Marasmo
Na manada eu apelo para o nada
Madrugada marca o vazio que veleja a vida
Troveja a voz do narrador
Onde no varal da lastima soa a dor.

Apaga o verdejar para anunciar que a seca vem
No calor do desdém
No raiar do alem a fome ira matar
Vai morar e adentrar a dor.

O sorriso já calou, a seca apavorou,
arregou o sertão na contramão da solidão
A palavra vira pão disfarçando o paladar
De um punhado de feijão.
Não basta a ilusão, desse povo na contramão, arruinado
Nessa grande confusão, de barriga vazia e a mente farta de solidão.

Pedimos, oremos aos santos
Nesse pranto e desencanto
Na tortura de cada dia
Na tremenda euforia
De uma sorte conquistar
Sem muito a pelejar
Só me basta acreditar
Que a esperança chegará.

E a peleja bastará
Para nada se findar
Nessa seca de arruinar
Ate a alma clamará
Só nos resta não nos apavorar
Sem muito a desejar
Num olhar sereno
Findado para o céu
No alem do desejar
Na doçura de um beijo
No meu filho a chorar.

Aline Carvalho
Comunicação Social.