Analisando a política sob o prisma da filosofia podemos constatar que fazemos pouco; no que realmente tange a esfera etimológica do sentido político. O que realmente confrontamos tem mais haver com a perspectiva da politicagem. Interpretando a história podemos ter uma boa base argumentativa.

Na antiga Àgora encontrávamos os cidadãos atenienses de maior prestígio, aqueles que detinham da oratória, é certo que alguns poucos intelectuais pagavam os grandes oradores para falar em nome de suas propostas. Propostas essas que sempre giravam a redor de festas e interesses particulares. O próprio Platão chegou a desenhar todo o ambiente vivido pelos gregos.

Na era contemporânea percebemos algo semelhante, ou seja, não pensamos no discurso, mas em quem fala o discurso, pouco vale o seu conteúdo ou sua forma, algo triste e de extrema fragilidade no que diz respeito à ideia de democracia.

Não consigo aqui pensar outro sistema, ou quem sabe uma política melhor do que a que estamos, porém, quando o povo torna-se mecanismo de alienação este mesmo perde a capacidade de escolher livremente os melhores candidatos. Sobrevivemos da miséria e esquecemo-nos de por a ela um fim.

Freud nos ajuda a pensar a política, quem quiser fazer esse trabalho de fino trato deveria ler "Da Orda ao Estado" de Eugenio Enro Enriques. O autor apresenta Freud como um novo propositor do processo político-civilizatório. O que nos propõe Freud? Poderíamos exemplificar e conceituar apenas a questão das esferas da personalidade.

A primeira seria a respeito do estado psíquico, ao nascer, somos pura energia (id) e essa energia vai receber o nome de libido, que funciona segundo um princípio que Freud denomina princípio de prazer. O fato é que inseridos em uma sociedade passamos a adquirir uma consciência pré- estabelecida segundo os critérios e vontades de um mundo já externo a nós. Para solucionar essa instância de busca constate pelo prazer, temos o ego que seria a articulação do juízo, a articulação do valor, a consciência em todos os seus atributos que é formada ao longo do processo civilizatório. 

O grande problema neste processo é que já encontramos uma ideia de sociedade determinista, onde quem governa manda e quem é governado obedece. Criamos a ideia de assistencialismo, da caridade e não aquela que realmente venha a resolver por completo os problemas que emanam dessa mesma civilização. Esta é a única e real função do Estado representado pelas figuras políticas.

O que desejo apresentar neste artigo é sangue em forma de palavras, é uma ética pautada nas relações de como as pessoas encaram a sociedade, o voto e conseqüentemente passam a deliberar juízos e valores já prontos e acabados que muitas vezes se assemelham a uma cultura do ressentimento aceitando a corrupção como algo intrínseco e próprio do DNA.

É preciso pensar, é preciso agir, a função de todos é participar ativamente da vida pública e se possível sempre buscar analisar puramente o diálogo mais condizente com a realidade, pois, somente assim sairemos do papel das propostas para entregar nossas vontades a uma personalidade pública capaz de solidificar dias melhores.