MANIFESTAÇÕES NO BRASIL: Um olhar sobre Sócrates

1 INTRODUÇÃO

O Brasil está passando por uma onda de protestos. Estes protestos começaram devido ao aumento de R$ 0,20 nas tarifas de ônibus, porém as agitações tomam proporções maiores devido às injustiças, econômicas e sociais.

Estas manifestações são também uma crítica a Proposta de Emenda Constitucional 37 (PEC-37) que limita o poder do Ministério Público de investigar crimes, os altos gastos com a Copa do mundo enquanto que o serviço público encontra-se sucateado, alta carga imposta à população, os políticos que frequentemente se encontram envolvidos em esquemas de corrupção e mau utilização dos recursos públicos, falta de investimento na Educação, entre os problemas sociais.

Segundo Melo (2013) estes protestos surgiram devido à insatisfação do povo, pois o Brasil encontra-se na sétima colocação entre as maiores economias do mundo, porém este país também se encontra na lista dos dez piores países em disparidade de renda.

Portanto este artigo tem por objetivo dispor sobre a política no Brasil e sobre como Sócrates viria esta situação que está acontecendo em 2013.

2 BREVE HISTÓRICO SOBRE SÓCRATES

Segundo Japiassú, Marcondes (2001) Sócrates nasceu em Atenas, sua mãe era parteira e seu pai escultor. Obteve uma educação tradicional, apendeu a ler e escrever a partir das obras de Homero. Fio conhecedor das doutrinas filosóficas de Parmênides, Zenão, Heráclito, participou de movimento de renovação da cultura promovido pelos sofistas, apesar de não simpatizar com estes. Participou da vida da cidade ativamente, dominada pela desordem intelectual e social. Foi convidado para fazer parte do Conselho dos 500, onde manifestou sua liberdade de espírito combatendo as medidas que julgava injustas. Trabalhou gratuitamente como educador público.

Por fim, Sócrates foi acusado de corromper a juventude e de introduzir novos deuses em Atenas, sendo assim condenado a morrer tomando cicuta, sua morte indicou que o filósofo é um servidor da razão, e não da violência, pois este acreditava mais na força das ideias que na força das armas. Sócrates não deixou nada escrito.

3 POLÍTICA PARA SÓCRATES

Atualmente o povo esta libertando-se dos preconceitos, o que o tornou mais  crítico.

Por isso que os livros VI e VII do livro “A República” de Platão, este é um dialogo entre o filósofo Sócrates, Glauco e Adimanto. Nestes livros Sócrates defende porque os filósofos devem ser os governantes, para isto o filósofo lança perguntas aos seus interlocutores, envolvendo-os ao um caloroso debate entre torno da discussão dos filósofos no poder.

Ressalta sobre a educação dos filósofos. Ressalva também sobre a alegoria da caverna. Para envolver seus interlocutores neste debate, Sócrates utiliza-se de métodos tais como a maiêutica, também denominada parição de ideias, ou seja, o filosofo obriga seus discípulos a produzi-las e outro método também muito utilizado é a ironia, haja vista que o filósofo sabe a pergunta, no entanto, este mesmo assim lança a pergunta.

 O livro VI inicia-se pela discussão entre a diferença entre os filósofos e não filósofos e ressalta a razão pela qual os filósofos devem governar  cidade. Sócrates argumenta (p. 209):

[...] os filósofos aqueles que podem compreender o que é eternamente imutável, ao passo que não o são aqueles que se perdem na multiplicidade das coisas mutáveis, cumpre ver a qual dois dos deveríamos confiar o governo dos Estados.

O filósofo reforça seu pensamento quando faz compara o filósofo a uma pessoa com visão e o não filosofo a uma pessoa sem visão, este afirma que o filósofo é um ser com visão, pois tem visão total dos seres e dos tempos, enquanto que os não-filósofos não possuem tal qualidade, sendo assim não são aptos para governar a cidade.

Para ser governante, para Sócrates além de ser filósofo este deve possuir características como coragem, justiça e equilíbrio além de outras qualidades (p.210):

Como se poderia, criticar uma atividade que não se conseguiria jamais exercer bem sem estar dotado naturalmente de memória, de vontade de aprender, de generosidade, de elegância, sem possuir uma afinidade íntima com a verdade, com a justiça, com a coragem, com a temperança?

Na indagação, Sócrates responde quais as características principais dos filósofos e posteriormente Adiamanto corrobora com Sócrates (p.211) “Estas razões são realmente irrefutáveis [...]”.

No livro VII são expostos argumentos que justificam como deve ser educação dos filósofos, neste texto Sócrates afirma que esta deve focalizar em disciplinas tais como geometria para a finalidade de estabelecer o local de um acampamento, tomar posição, estreitar ou alargar fileiras e executar as demais manobras em campo de guerra, outra disciplina indispensável também seria a astronomia para agricultura, navegação e também para estratégia de guerra. O filósofo deve também estudar música além da dialética.

Para Sócrates afirma que apenas depois da criança ter estudado todas estas disciplinas, apenas ao chegar aos cinquenta anos que deverão ser selecionados poucos que se destacaram em todas as disciplinas e atividades para tornar guias do Estado e dos cidadãos e finalmente este pode se dedica a filosofia.

O governante ideal para Sócrates é aquele que não se entrega aos impulsos, e os desejos humanos, sua natureza é dotada de facilidade para aprender, de coragem, de generosidade, de memória e este homem deve ter caráter honesto.

Porém não é o que acontece no Brasil, os políticos em sua maioria são corruptos, mesquinhos e egoístas trabalham apenas em beneficio próprio, estes possui uma índole medíocre e jamais faz alguma coisa de extraordinário para ninguém, nem aos cidadãos privados nem ao Estado e pouco se preocupam com a população, estes também são responsáveis pelas piores calamidades do Estado (corrupção, mensalão, desvio de dinheiro público, superfaturamento de obras) e dos cidadãos (fome, pobreza, transporte público precário, abandono do serviço público).

Por isso que no Brasil está acontecendo estas manifestações, além disso, a história nos mostra que os movimentos sociais estão presentes em todas as sociedades, podendo ser interpretado como um fenômeno inerente aos processos de mudanças. É notório que os movimentos sociais se destacam em diversas sociedades, na antiguidade destacam-se os movimentos de escravos e religiosos. Na baixa idade média, os movimentos de camponeses-servos. Na idade moderna, fase de desagregação da sociedade feudal, há os movimentos de religiosos e mercadores. Na idade contemporânea, com o capitalismo já consolidado, destacam-se os movimentos de operários que se insurgiam contra as condições de vida nas fábricas e nas cidades, bem como os movimentos de camponeses. Na fase atual, do capitalismo industrial monopolista, estão na ordem do dia os chamados novos movimentos sociais: feminista, pacifista, ecológico, etc.

Apesar de o movimento social ser fruto de determinados contextos históricos e sociais, duas definições conceituais clássicas podem ser encontradas no objetivo de acrescer à questão. A primeira delas é a de controle de ação histórica de Alain Touraine, ou seja, para ele, os movimentos sociais são a ação conflitante dos agentes das classes sociais (luta de classes). Porém para Manuel Castells (apud Lakatos e Marconi, p.309,1999), movimentos sociais são sistemas de práticas sociais contraditórias de acordo com a ordem social urbana/rural, cuja natureza é a de transformar a estrutura do sistema, seja através de ações revolucionárias ou não, numa correlação classista e em última instância, o poder estatal.

Em outras palavras, o Movimento Social, em sentido mais amplo, se constitui em torno de uma identidade ou identificação, da definição de adversários ou opositores e de um projeto ou programa, num contínuo processo em construção e resulta das múltiplas articulações acima mencionadas. A ideia de rede de movimento social é, portanto, um conceito de referência que busca apreender o porvir ou o rumo das ações de movimento, transcendendo as experiências empíricas, concretas, datadas, localizadas dos sujeitos/atores coletivos.

Os movimentos sociais são ações para estabelecer uma nova ordem de vida. Estes têm inicio numa condição de inquietação e derivam seu poder do descontentamento diante da forma corrente de vida.

Para Turner e Killian (apud Lakatos e Marconi, p.309,1999) movimento social é caracterizado por ação ou agitação concentrada, com algum grau de continuidade, a fim de promover ou resistir à mudança na sociedade ou grupo de que faz parte.

Portanto a população está cansada de tanta corrupção, ação ou efeito de corromper, de fazer degenerar; depravação. Ação de seduzir por dinheiro, presentes etc., levando alguém a afastar-se da retidão; suborno. 

4 CONCLUSÃO

 

A corrupção no Brasil afeta diretamente os cidadãos brasileiros quando diminui as aquisições públicas na educação, na saúde, em infraestrutura, habitação, segurança entre outros direitos fundamentais à vida, e golpeia a Constituição quando amplia a disparidade econômica e exclusão social e exclusão social. Na prática a corrupção acontece por meio de irregularidade de recursos das verbas públicas dos Estados, da União e dos Municípios destinados à aplicação na educação, na Previdência, na saúde de infraestrutura e em programas sociais que, entretanto, são desviados para financiar campanhas eleitorais, perverter funcionários públicos ou mesmo para contas bancárias particulares no exterior.

Por parte da sociedade civil, instituições como a Transparência Brasil fazem o seu papel de denunciar e combater as manifestações de corrupção.

REFERÊNCIAS

JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de Filosofia. 2 ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,2001. Disponível em: <http://dutracarlito.com>. Acesso em: 22 jun. 2013.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade Marconi. Sociologia Geral. 7.ed. rev. e ampl. São Paulo : Atlas, 1999.

TOMAZI, Nelson Dacio. Iniciação à Sociologia. 2. ed. rev.ampl. São Paulo: Atual, 2000.

MELO, João Ozorio de Melo. Para jornais dos EUA, há razões para protestos no Brasil.

PLATÃO. A República. Trad. Ciro Mioranza. 2 ed. São Paulo: Escala.

TOMAZI, Nelson Dacio. Iniciação à Sociologia. 2. ed. rev.ampl. São Paulo: Atual, 2000.