Mamíferos representam um grupo com quase seis mil espécies espalhadas pelo mundo e são diversos quanto a forma e tamanho. Isso significa que podem atingir desde três centímetros de envergadura, como é o caso do morcego focinho de porco ou chegar a trinta metros de comprimento como a baleia azul.

De acordo com Hickman Et.al (2016) a partir do registro fóssil, podemos seguir a evolução de mamíferos endotérmicos recobertos por pelos ao longo de 150 milhões de anos desde seus ancestrais pequenos, ectodérmicos e sem pelos.

Atualmente, os mamíferos são divididos em três grandes grupos: Monotrêmata, Marsupialia e Euthéria.

Os Monotrêmatas representam apenas cinco espécies no mundo, sendo eles uma única espécie de Ornitorrinco e quatro de Équidnas. Esses animais não possuem dentes, produzem leite materno e são ovíparos.

Já os Marsupiais são representados por cangurus, coalas, gambas entre outros. Apresentam uma bolsa, marsúpio que dá nome ao grupo. há também marsupiais que no lugar da bolsa apresentam dobras ventrais por onde os filhotes terminam seu desenvolvimento.

E em derradeiro, temos os chamados Euthérios, que são placentários. Ou seja, o filhote termina o seu desenvolvimento dentro da placenta materna.

A classe dos mamíferos divide-se em várias ordens de acordo com as semelhanças que possuem. Nessa perspectiva, podemos citar, por exemplo, a ordem Carnívora, que agrupa ursídeos, felinos e canídeos, caracterizados pelos hábitos alimentares e pela morfologia dentária e a ordem Chiróptera, caracterizada pela presença de membranas alares que dá aos morcegos a capacidade de voo.

Os mamíferos também ocupam diversos territórios do planeta. Para que ocorra essa distribuição, esse grupo conta com diversas formas de adaptação que permitem sua sobrevivência. Temos como exemplos de adaptação, o tegumento, os músculos faciais, o esqueleto e o aleitamento.

 O tegumento dos mamíferos é altamente diferenciado e é formado por três camadas especializadas que constituem uma interface com o ambiente externo: epiderme, derme e hipoderme.  A conquista de diversos ambientes pelos mamíferos é eficaz devido a presença de fatores na epiderme, como:

- A pele queratinizada e os pelos que garantem a proteção contra desgastes e conservação da temperatura corpórea. A queratina, por sua vez, é extremamente importante na formação de chifres, córneos e garras, utilizados como armas de ataque e proteção, sendo que alguns mamíferos têm em suas garras verdadeiras ferramentas para escavar e construir abrigos.

-  A gordura presente na camada hipodérmica forma um poderoso isolante térmico e, junto aos pelos, auxilia na endotermia, além de formar importante reserva de energia.  

- As diversas glândulas na derme, entre elas destacamos as mamarias, que garantem alimentação da prole, a sudorípara que regula a temperatura corporal, e as odoríficas que garantem as interações sociais entre os animais

Outro exemplo de adaptação são os músculos faciais que proporcionam a sucção do leite materno quando lactante e auxiliam na mastigação. Com a adaptação a diversos hábitos alimentares, os mamíferos possuem uma constituição dentaria bem variada e especializada. A herbívora levou a um processo de molarização dentaria onde todos os dentes adquiriram a forma molar, que auxilia a mastigação de vegetais. Carnívoros e onívoros possuem dentição heterodonte com a presença de incisivos, caninos e molares.

 O esqueleto dos mamíferos também sofreu mudanças distintas que os diferenciam do andar dos repteis, como a diminuição da cintura pélvica e peitoral, o desenvolvimento do osso calcâneo e o desenvolvimento do fêmur, essas adaptações permitiram os mamíferos um andar ereto e uma mobilidade mais agil. A viviparidade foi uma condição importantíssima para a sobrevivência dos mamíferos. Os filhotes são protegidos no útero da mãe durante toda gestação, não correndo o risco de predação, como nos ovíparos.

O aleitamento materno também torna- se uma vantagem aos outros métodos, pois o filhote nasce com uma fonte de energia disponível no ninho, não precisando competir por alimento. Todas essas modificações deram aos mamíferos uma ampla capacidade territorial estendendo a todos os cantos do planeta.

O Brasil possui uma das maiores riquezas de mamíferos do mundo com mais 700 espécies reconhecidas. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBIO), das espécies de mamíferos que ocorrem no Brasil, 51 são marinhas, (19 espécies de golfinhos, 24 de baleias, 1 espécie de peixe boi marinho e 7 de carnívoros). Estima-se que no Brasil, das 700 espécies reconhecidas, 102 estão correndo risco de extinção, dentre esses táxons em risco, 53 ocorrem na Mata Atlântica. O Cerrado é o segundo bioma com maior número de táxons ameaçados, ao somar 41 táxons, seguido da Amazônia com 35. No Pantanal existem 16 táxons ameaçados, a Caatinga, 15 e o Pampa, 11.

Em um levantamento feito pelo ICMBIO constou-se 12 ordens de mamíferos (Didelphimorphia, Pilosa, Cingulata, Perissodactyla, Artiodactyla, Sirenia, Cetacea, Primates, Carnivora, Chiroptera, Rodentia, Lagomorpha) sendo que 12 táxons estão criticamente em perigo 43 em perigo de extinção e uma espécie está possivelmente extinta. Destaco abaixo as 12 espécies mais suscetíveis à extinção:

  1. Caluromysiops irrupta (cuíca): ocorre no estado de Rondônia e Mato Grosso.
  2. Balaenoptera musculus (baleia azul): espécie ocorrente na costa brasileira.
  3. Pontoporia blainvillei (toninha): espécie ocorrente na costa brasileira.
  4. Alouatta guariba (barbado, barbado-vermelho, bugio, bugio-marrom, bugio-ruivo, guariba, bugio-marrom-do-norte): habita a mata atlântica.
  5. Brachyteles hypoxanthus (muriqui-do-norte, muriquina, mono-da-cara-manchada, mono, mariquina, mono-carvoeiro): espécie endêmica à Mata Atlântica.
  6. Saguinus bicolor (sauim-de-coleira, sauim-de-Manaus): possui distribuição restrita, compreendida entre os rios Cuieiras e Urubu, no estado do Amazonas.
  7. Cebus kaapori (caiarara, macaco-cara-branca, piticó): ocorre no Leste do Pará e Maranhão.
  8. Callicebus barbarabrownae (guigó): endêmica à Caatinga da Bahia e Sergipe.
  9. Chiropotes satanás (cuxiú-preto, cuxiú): ocorre no leste da Amazônia.
  10. Cavia intermedia (preá): é endêmica do Brasil, ocorrendo exclusivamente em Santa Catarina.
  11. Phyllomys unicolor (rato-sauiá): endêmica do Brasil.
  12. Juscelinomys candango (rato-candango): é conhecida apenas para a localidade-tipo, a Fundação Zoobotânica de Brasília, Distrito Federal.

 

A espécie Caluromysiops irrupta sofre com o desmatamento Amazônia Brasileira. As espécies aquáticas como B. musculus e P. blainvillei correm risco devido a pesca acidental, a colisão com navios, a poluição química e sonora e os resíduos sólidos despejados no mar.  As espécies pertencentes ao grupo dos primatas, como A. guariba guariba , B. hypoxanthus, S. bicolor , C. kaapori, C. barbarabrownae e C. satanás sofrem principalmente  com a exploração agropecuária e com a redução e fragmentação de seu  habitat, fatores de impactos associados a rede viária como atropelamentos e eletrocussão ligados a rede de energia urbana, além da captura e comercialização de pequenos primatas. Os roedores C. intermedia, P.unicolor, J. candango são atingidos pela expansão de atividades agropecuárias e rodoviárias que contribuem para redução do habitat desses animais. Além desses táxons, a onça pintada (Panthera onca) e a onça parda (Puma concolor), juntamente com outros carnívoros, enfrentam vários problemas relacionados ao conflito com produtores rurais, que eliminam esses animais com a justificativa de proteção de seus rebanhos.

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

BOTAR ovos pode ter levado dinossauros à extinção. Revista Veja, 2012. Disponível em https://veja.abril.com.br/ciencia/botar-ovos-pode-ter-levado-dinossauros-a-extincao/ Acesso28/02/2020

BUENO, Adriana de Arruda. Pequenos mamíferos da Mata Atlântica do Planalto Atlântico Paulista: uma avaliação da ameaça de extinção e da resposta a alterações no contexto e tamanho dos remanescentes. 2008. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

CHIARELLO, A. G. et al. Mamíferos ameaçados de extinção no Brasil. Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção, v. 2, p. 680-880, 2008.

CABRAL, Marcus Vinicius Bonaf. SÍNTESE EVOLUTIVA DOS MARSUPIAIS,Araras,São Paulo, Brasil. Revista Científica da FHO|UNIARARAS v. 3, n. 2/2015

Hickman, Cleveland P., Larry S. Roberts, and Susan L. Keen. Princípios integrados de zoologia . Grupo Gen-Guanabara Koogan, 2016.

KERMACK, K. A.; MUSSETT, F.; RIGNEY, H. W. The lower jaw of Morganucodon. Zoological Journal of the Linnean Society., n. 53, p. 87-115, 1973.

PAGLIA, Adriano Pereira; FONSECA, G. A. B.; SILVA, J. M. C. A fauna brasileira ameaçada de extinção: síntese taxonômica e geográfica. Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção, v. 2, 2008.