Mais um silêncio de inocentes. As crianças aprendem a falar mas demoram a conseguir expressar os seus sentimentos mais íntimos e profundos, até mesmo de amor ou gratidão. Às vezes têm dificuldade até para agradecer, de falar muito obrigada e eu te amo. Nós adultos é que temos que aprender a ler através de seus gestos, olhares ou choro; temos que aprender a interpretar as suas mensagens silenciosas de pedidos de socorro, de seus anseios, de seus medos e vergonha não verbalizados, pois ficam aterrorizadas e se tornam presas fáceis de ser manipuladas e vítimas de todo tipo de covardia e de morte. Os exemplos são múltiplos e quando não acontecem com famílias de classe alta, os assassinos ficam impunes e os casos caem no esquecimento. 

Os algozes podem ser os próprios pais, parentes ou empregados, sempre pessoas que estão acima de qualquer suspeita, e se podem ser, sem bons advogados caros nada se prova e os criminosos entram no paraíso da impunidade. Uns até vão para a cadeia mas conseguem tantas benesses jurídicas que nem chegam perto da pena que mereciam e logo vão pra rua. 

No rumoroso caso atual da morte do menino Henry no Rio de Janeiro, até alguns dias atrás o “suspeito” era gente fina e do bem, rapaz bem apessoado e bem entrosado com gente fina. Mas é burro, escondeu o gato deixando o rabo de fora sabendo que a babá estava em casa. Agora o bonitinho vai ter que morrer numa grana preta pra desatolar o pé. Isto é, talvez. Como sóe acontecer (verbo soer, em desuso), sendo no Brasil de nada se duvida, mas a mulher que contribuiu para se puxar o fio da meada, sei não. Pobre,  a cabeça dela que aguarde, pois é a parte fraca onde o pau vai quebrar. Se tivesse botado a boca no mundo no início, já estaria presa por calúnia e injúria, por não provar o que disse. Teria salvo a vida do menino, mas sem provar nada, ele continuaria caladinho, assustado. Ela estaria presa e a família harmoniosa e feliz, como mandaram ela afirmar e agora se arrependeu.

Autora: Junia - 09.4.21