MACHADO DE ASSIS: O REALISMO E A REALIDADE

DEORR,COSTA JOICE APARECIDA

XXX  Faculdade Alfa América LTDA

 RESUMO

O objetivo deste artigo é mostrar que a literatura de Machado de Assis, ao mesmo tempo em que contraria o realismo dominante no século XIX, não se afasta da realidade brasileira; antes a incorpora em sua estética moderna e fragmentária. O Realismo existe como tendência e como escola, e dentre os motivos que o levaram a ser escola lembramos a influência do Positivismo na cultura de forma geral, os objetivos específicos são: definir o conceito de Realismo, bem como seus desdobramentos, no que se refere aos diferentes contextos em que ele se apresenta além de destacar o autor Machado de Assis e as principais características de sua literatura. Apresentando trechos e comentários de suas obras sob o ponto de vista de outros autores.

Palavras-chave: Machado de Assis. Realismo. Realidade brasileira.

1. INTRODUÇÃO

A literatura é um importante instrumento de estudo, lazer e, consequentemente,  uma rica fonte de cultura. As histórias narradas têm o poder de ilustrar no imaginário dos leitores as mais diversas situações e acontecimentos, que carecem do apoio de um espaço físico para que as histórias possam se desenvolver. É nesse contexto que o espaço ganha força, e junto com o desenvolvimento das relações entre os personagens, é alvo de diferentes interpretações – inicialmente do ponto de vista do autor, que descreve determinada localidade; e posteriormente do leitor, que passa a ter sua própria percepção daquele lugar, tanto no espaço físico quanto no espaço social. Assim sendo, a literatura tem o poder de apresentar, descrever e criar uma sensação viva na cabeça do leitor de lugares que muitas vezes não visitou, mas que a partir da leitura, passa a ter a capacidade de visualizá-lo; além de fomentar a curiosidade destes, que terminam por ir em busca de informações sobre esses lugares e sua cultura. São os chamados “turistas culturais”, que viajam principalmente em busca de conhecimento (FONSECA FILHO, 2010) Assim sendo pretendemos, com este artigo, um pequeno e rápido sobrevoo pela obra crítica e ficcional de Machado de Assis, demonstrando como o autor, tão recorrentemente intitulado como “precursor de tendências”, representa, diante da literatura brasileira, um importante marco de ruptura com a tradição realista. Através de textos do próprio escritor e também de críticas formuladas por outros autores à sua obra, objetivamos discutir os artifícios a partir dos quais a obra ficcional machadiana se distancia dos pactos realistas-naturalistas vigentes no século XIX, ao mesmo tempo em que se aproxima de um procedimento moderno de escritura, abandonando as estratégias que buscavam tornar a ficção mero espelhamento (ou mera tentativa de espelhamento) de uma realidade exterior ao texto. No Brasil, a literatura conta com inúmeros autores que têm extrema relevância no cenário nacional, mas um se destaca por sua contribuição para literatura brasileira, bem como as inúmeras críticas ao longo de sua carreira, até mesmo após sua morte. Machado de Assis, nascido e criado no Rio de Janeiro, implementa o movimento literário Realismo no Brasil com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, em 1881. O movimento realista, nascido na França em 1857, faz oposição ao movimento anterior considerado utópico, e apresenta a literatura sob uma nova ótica: uma descrição realista e mais fiel da sociedade, carregada por críticas sociais. [...]