LUZIA-HOMEM – A MULHER QUE TRAIU O CORAÇÃO DE CRAPIÚNA
Publicado em 19 de dezembro de 2017 por Jose Wilamy Carneiro Vasconcelos
LITERATURA POPULAR
LUZIA-HOMEM – A MULHER QUE TRAIU O CORAÇÃO DE CRAPIÚNA
¹ JOSÉ WILAMY CARNEIRO VASCONCELOS
No interior do sertão
Numa terra ensolarada
Envaidece uma paixão
Da mulher enamorada
Um soldado sem escrúpulo
Enfrentou a parada
A seca castigava o Ceará
Luzia era a retirante
Cabocla formosa do sertão
Numa região quente elegante
Emprega-se numa construção
Num presídio extravagante
Nos vestígios dos currais
Um boi na cerca valente
O acoque emergia
Empregando muito gente
Lançava cordas nas vítimas
Essa é a história da gente
Assim conta um filho
Que virou escritor
Ele: Domingos Olímpio
Sua obra como autor
Partiu de Sobral à Recife
De lá saiu doutor
Seu romance LUZIA-HOMEM
Despertou papel profundo
No regionalismo nordestino
Influência marcante do mundo
Uma obra naturalista
Pesquisou Freud Sigmund
O romance rolou em Sobral
Terra de Dom José
Época de grande seca
Do capitão João Tomé
Luzia-Homem e Crapiúna
É uma obra rara
Arquivo na Biblioteca do Rio
Leitura que jamais para
Do escritor cearense
Antiga Fazenda Caiçara
Veja como tudo aconteceu
Uma historia de amor
Romance não correspondido
Crapiúna se invocou
Tentou conquistar LUZIA
O destino lhe pregou
Luzia! Uma bela donzela
Formosa mulheraça
Tinha cabelos ondulados
Vitima de uma palhaçada
Trabalhava dia e noite
Pra sustento da casa
O soldado Crapiúna
Era mal afamado
Porém agraciado por mulheres
Com Luzia: Mal amado
N’ele o encanto militar
Caprichoso e desalmado
O soldado tinha talento
Apesar de suas feições
Era bom namorador
Despertava corações
Com Luzia não deu certo
A ela: Só ilusões
Luzia moça morena
De pele graciosa
Ao passar pelas ruas
Despertava invejosas
Com seu corpo esbelto
Luzia: Flor odorosa
Moça esbanjava saúde
Impressionava o estrangeiro francês
Ao fazer sua labuta
Empilhava de uma só vez
Trocava blocos de concretos
Irritando o inimigo freguês
Talvez por infortúnio
Tenha sido a razão
De chamá-lo Luzia-Homem
Despertando admiração
Era moça solitária
Afamada pela multidão
A curiosidade matou o gato
Fala um grande provérbio
Assim foi com Luzia
Ao chegar bem de perto
Tomando banho no rio
O povo ficava esperto
Ao cair da tardinha
Do presídio em construção
Os caboclos disfarçavam
Fazendo aquela enrolação
Ver Luzia se bronzeando
Seu corpo de mulherão
Luzia possuía formosura
De moça morena do sertão
Seu sorriso requintado
Humilde de bom coração
Com lenço branco na cabeça
Imitava Nsa. Senhora da Conceição
Sua força e desenvoltura
Atraia toda cidade
Invejas de outras moças
Donzelas de meia idade
Infamação e calúnia
Pra Luzia com sua vivacidade
O desejo de Crapiúna
Era fazer Luzia sua mulher
Com expectativa, frustrado
Dizia: Luzia mal me quer
Ela tem forte temperamento
Trocou-me por um Zé Mané.
Luzia ama Alexandre
Escondendo sua paixão
Alexandre caiu numa armadilha
Foi parar na prisão
Alexandre propõe-lhe em casamento
Com ciúmes, Crapiúna vira dragão
Crapiúna rouba um armazém
Desmascarado: jura vingança
Alexandre é absolvido e solto
Com medo: Luzia busca segurança
Foge com seus familiares
Num atalho da serra verdejante
No meio do caminho
Luzia vê a amiga no chão
Crapiúna no rio com ela
A culpada de sua prisão
Ele avança em Luzia
Indo em sua direção
Uma luta é travada
CRAPIÚNA e LUZIA
Ele desfere uma facada
Em plena luz do dia
Matando-a de uma só vez
LUZIA morre em agonia
Na cidade de Sobral
Romance onde aconteceu
Do escritor domingos Olímpio
Fato que o enobreceu
Lá uma estátua de CRAPIÚNA E LUZIA
Propostas em tornar Museu.
_______________________
¹ José Wilamy Carneiro Vasconcelos é professor, poeta, cronista, pesquisador, memorialista, historiador. Formado em Direito em 2013 pela Faculdade Luciano Feijão em Sobral no Ceará. Possui graduação em Ciências. Pós-graduado em Matemática e Construção Civil (Edificações) pela Universidade Vale do Acaraú (UVA). Especialista em Meio Ambiente pela (UVA) Universidae Estadual Vale do Acaraú em Sobral – Ceará.