LITERATURA POPULAR

LUZIA-HOMEM – A MULHER QUE TRAIU O CORAÇÃO DE CRAPIÚNA

 

   ¹ JOSÉ WILAMY CARNEIRO VASCONCELOS

 

 

 

No interior do sertão

Numa terra ensolarada

Envaidece uma paixão

Da mulher enamorada

Um soldado sem escrúpulo

Enfrentou a parada

 

A seca castigava o Ceará

Luzia era a retirante

Cabocla formosa do sertão

Numa região quente elegante

Emprega-se numa construção

Num presídio extravagante

 

Nos vestígios dos currais

Um boi na cerca valente

O acoque emergia

Empregando muito gente

Lançava cordas nas vítimas

Essa é a história da gente

 

Assim conta um filho

Que virou escritor

Ele: Domingos Olímpio

Sua obra como autor

Partiu de Sobral à Recife

De lá saiu doutor

 

Seu romance LUZIA-HOMEM

Despertou papel profundo

No regionalismo nordestino

Influência marcante do mundo

Uma obra naturalista

Pesquisou Freud Sigmund

 

O romance rolou em Sobral

Terra de Dom José

Época de grande seca

Do capitão João Tomé

 

Luzia-Homem e Crapiúna

É uma obra rara

Arquivo na Biblioteca do Rio

Leitura que jamais para

Do escritor cearense

Antiga Fazenda Caiçara

 

Veja como tudo aconteceu

Uma historia de amor

Romance não correspondido

Crapiúna se invocou

Tentou conquistar LUZIA

O destino lhe pregou

 

Luzia! Uma bela donzela

Formosa mulheraça

Tinha cabelos ondulados

Vitima de uma palhaçada

Trabalhava dia e noite

Pra sustento da casa

 

O soldado Crapiúna

Era mal afamado

Porém agraciado por mulheres

Com Luzia: Mal amado

N’ele o encanto militar

Caprichoso e desalmado

 

O soldado tinha talento

Apesar de suas feições

Era bom namorador

Despertava corações

Com Luzia não deu certo

A ela: Só ilusões

 

Luzia moça morena

De pele graciosa

Ao passar pelas ruas

Despertava invejosas

Com seu corpo esbelto

Luzia: Flor odorosa

 

Moça esbanjava saúde

Impressionava o estrangeiro francês

Ao fazer sua labuta

Empilhava de uma só vez

Trocava blocos de concretos

Irritando o inimigo freguês

 

Talvez por infortúnio

Tenha sido a razão

De chamá-lo Luzia-Homem

Despertando admiração

Era moça solitária

Afamada pela multidão

 

A curiosidade matou o gato

Fala um grande provérbio

Assim foi com Luzia

Ao chegar bem de perto

Tomando banho no rio

O povo ficava esperto

 

Ao cair da tardinha

Do presídio em construção

Os caboclos disfarçavam

Fazendo aquela enrolação

Ver Luzia se bronzeando

Seu corpo de mulherão

 

Luzia possuía formosura

De moça morena do sertão

Seu sorriso requintado

Humilde de bom coração

Com lenço branco na cabeça

Imitava Nsa. Senhora da Conceição

 

Sua força e desenvoltura

Atraia toda cidade

Invejas de outras moças

Donzelas de meia idade

Infamação e calúnia

Pra Luzia com sua vivacidade

 

O desejo de Crapiúna

Era fazer Luzia sua mulher

Com expectativa, frustrado

Dizia: Luzia mal me quer

Ela tem forte temperamento

Trocou-me por um Zé Mané.

 

Luzia ama Alexandre

Escondendo sua paixão

Alexandre caiu numa armadilha

Foi parar na prisão

Alexandre propõe-lhe em casamento

Com ciúmes, Crapiúna vira dragão

 

Crapiúna rouba um armazém

Desmascarado: jura vingança

Alexandre é absolvido e solto

Com medo: Luzia busca segurança

Foge com seus familiares

Num atalho da serra verdejante

 

No meio do caminho

Luzia vê a amiga no chão

Crapiúna no rio com ela

A culpada de sua prisão

Ele avança em Luzia

Indo em sua direção

 

Uma luta é travada

CRAPIÚNA e LUZIA

Ele desfere uma facada

Em plena luz do dia

Matando-a de uma só vez

LUZIA morre em agonia

 

Na cidade de Sobral

Romance onde aconteceu

Do escritor domingos Olímpio

Fato que o enobreceu

Lá uma estátua de CRAPIÚNA E LUZIA

Propostas em tornar Museu.

 

 

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¹ José Wilamy Carneiro Vasconcelos é  professor, poeta, cronista, pesquisador, memorialista, historiador. Formado em Direito em 2013 pela Faculdade Luciano Feijão em Sobral no Ceará. Possui graduação em Ciências. Pós-graduado em Matemática e Construção Civil (Edificações) pela Universidade Vale do Acaraú (UVA). Especialista em Meio Ambiente pela (UVA) Universidae Estadual Vale do Acaraú em Sobral – Ceará.