LULA FIDELIS: CORDELISTA MISSÃO-VELHENSE

Cássia da Silva

Emiliana Alves Figueiredo

 Nascido no dia 30/09/1953, missão-velhense de naturalidade e de coração, filho entre oito irmãos, Luiz Herivelton Fidelis Leite prestigia e contribui ainda em vida com a produção de cordéis dos mais variados temas: cultural, homenagens diversas, denúncias sociais entre outros.

Casado com Maria Edeneide do Nascimento Fideles com quem teve três filhos Raphael Hernadez do Nascimento Fidelis, Cézary Diego do Nascimento Fidelis e Samille Nayane Nascimento Fidelis Alves Furtado. Reside ainda na cidade de Missão Velha, Ceará, apaixonado pela sua terra, o poeta Luiz Fidelis prestou a ela uma homenagem através do cordel intitulado: Riquezas de Minha Terra.

Formado em Ciências Econômicas pela Faculdade Federal da Paraíba com campus  em Campina Grande; o cordelista exerceu por muito tempo a profissão de Professor, mas atualmente está aposentado. Lula, como é carinhosamente chamado, aprecia o cordel desde muito jovem quando aconteciam as famosas cantorias na feira de sua cidade.

A sua iniciação como escritor começou após um sonho, e desse sonho lembrou-se dos primeiros versos e começou a escrever a sua primeira poesia a qual intitulou de “Saga de um caboclo”. A conclusão de sua primeira obra funcionou como um incentivo para a produção de outras. Admirador da poesia popular desde jovem, sempre estimou todos os poetas, pois ele alega que a arte da poesia é inata. Trabalhando a favor da educação por vários anos, como professor, Lula também defende a ideia do uso do cordel na sala de aula, pois além de oferecer grandes conhecimentos para trabalhos didáticos e pedagógicos interdisciplinares, por meio deste instrumento literário (o cordel), a sala de aula pode tornar-se um ambiente propício no que diz respeito às descobertas de novos talentos na produção desse gênero.

Dentre suas 120 obras produzidas, apenas oito foram publicadas, destacamos aqui algumas que se tornaram públicas à comunidade local:

  • O mundo conflitivo - Setembro de 2001
  • Tributo ao Patativa - Fevereiro de 2002
  • Carcará: O homem mais valente que Lampião - Setembro de 2003
  • A inversão de valores e a mulher fofoqueira - 2004
  • As riquezas da minha terra - Agosto de 2005 e reeditada em 2013
  • O Ébrio - Setembro de 2009
  • Que país é este? - Agosto de 2010
  • A Natureza e o homem - Setembro de 2013

Retratando dedicação e habilidade ao compor seus versos, o autor escreve tanto por prazer como para transmitir mensagens, conhecimentos. Seus cordéis surgem de uma inspiração momentânea, porém sua elaboração é um processo que requer tempo, empenho e ao qual o autor atribui muita importância à forma.

O poeta reconhece que o cordel, como gênero literário, faz parte da cultura brasileira e tem a região do Nordeste como um polo produtor, porém ainda considera que a literatura de cordel não tem a valorização e o reconhecimento que merece, porque, por experiência própria, Lula sabe como é difícil aos cordelistas seguir produzindo sem apoio de nenhum órgão público. Neste contexto, o autor destaca que infelizmente a divulgação e a comercialização de cordéis são realizadas com o auxílio de patrocinadores ou financiadas pelo próprio autor.

Homem atualizado e de uma sensibilidade apurada, Lula além escrever sobre diversos temas, também demonstra em uma de suas obras a sua indignação diante de alguns fatos vergonhosos que acontecem na sociedade brasileira.Vejamos uma trecho desse cordel:

QUE PAÍS É ESSE?

III

Olhando pra qualquer lado

Vemos a corrupção

Bandido de arma na mão

Deixa o povo assustado

Cueca de deputado

Vale mais de um milhão

Não existe punição

Para o colarinho branco

E o povo leva o tranco

No meio da confusão.

Reconhecedor e apreciador de bons versos, o cordelista também publicou uma de suas obras homenageando o ícone da poesia nordestina: Patativa do Assaré:

TRIBUTO AO PATATIVA

II

É meu ídolo na poesia

falado em todo o mundo

de conhecimento profundo

com larga sabedoria

qualquer um ele desafia

mesmo não tendo estudado

enfrenta doutor letrado

está pronto para rimar

venho aqui homenagear

este poeta afamado

 Como defensor da literatura, Lula faz um apelo: que as autoridades invistam na publicação e na divulgação da literatura de cordel. Os cordelistas agradecem, os leitores agradecem, a escola agradece!