Eu só queria estar em algum lugar naquele momento, longe de dar dias a distância. Queria estar em um cantinho qualquer, com matas ainda virgens, alimentadas por pequenos córregos de águas correntes e cristalinas.  Nesse lugarzinho especial eu repousaria meu corpo para um breve descanso, descansaria minha mente tão cheio de futilidades que me foram impostas ao longa da vida, me deixaria levar pelo mais íntimo de minha vontade. 

Não estou falando de vagabundice, de fugir da realidade ou de medo frente aos desafios do dia a dia. Não se trata de desistir dos meus objetivos, nem dos meus sonhos.  Estou falando do peso dos anos sobre esta fadigada carcaça, sofrida, surrada pelos ventos impiedosos, neste mar de águas violentas que tentam me naufragar a todo instante.  Dentro desses contratempos, me vejo sempre nesse lugarzinho.  Creio não estar pedindo demais pois, a soma dos meus anos de afazeres e desfazeres, do meu itinerário profissional e social, me fugiu a tempos atrás, quando era mais moço ainda. 

Se fosse por merecimento já estaria desfrutando do meu pedacinho de céu. Tão sublime momento não me pertence ainda por conta da louca e desenfreada luta dos materialistas e capitalistas que estão ao meu entorno.  Se ambos tivessem um pouquinho de juízo próprio, já saberiam que o mais importante da nossa vida é o saber viver, que todos vamos morrer e não levar nada. Como disse um escritor: “não construí nada que me possam roubar. Não há nada que eu possa perder. Nada que eu possa tocar, nada que se possa vender. Eu que decidi viajar, eu que escolhi conhecer, nada tenho a deixar porque aprendi a viver” (Pedro Schmaus, 2018).

Quanta sabedoria em tão poucas frases.  Simples e corretas como o passar do dia para a noite e vice-versa. Ah, se Deus me ouvisse quanto ao que desejo, não estaria eu aqui desejando algo assim.

Marcos Antonio Ferri

2º Semestre do curso de Letras

UNEMAT/Cáceres MT