Autor: Bruno Meirino de Andrade

Bruno Meiriño de Andrade é natural de Manaus - Am, formado em Tecnologia em Logística pela Universidade Anhanguera com especialização em Gestão de Estoque pela FGV. Atuando à mais de 10 anos nas principais fábricas do pólo duas rodas da Zona Franca de Manaus.



1 INTRODUÇÃO

A organização hospitalar é uma das mais complexas unidades de trabalho em saúde, constituindo-se em um centro de interação de vários profissionais.

Encontra-sepublicações quase que rotineiramente em todas as mídias em nosso País, sobre administração, funcionamento e atendimento na área de saúde e há um consenso entre os analistas, quanto às grandes deficiências na área, principalmente nos hospitais.

As unidades hospitalares são percebidas pelos administradores como complexas, em virtude da multidisciplinaridade de profissionais que nelas atuam e da divergência de objetivos entre eles. Os gestores buscam obter o equilíbrio econômico-financeiro a partir da recuperação dos custos e da maximização do resultado; os médicos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas, fisioterapeutas e outros buscam prover a melhor assistência possível, independentemente do custo a ela relacionado; os pacientes buscam atendimento cortês, com qualidade, eficiência e eficácia, e a cura de suas doenças; os fornecedores buscam obter o máximo de lucro a partir do maior preço possível dos medicamentos, materiais, serviços e equipamentos; o governo, para evitar custos com acompanhamento e fiscalização, define o sistema de reembolso dos custos hospitalares por pacotes predeterminados, independentemente da intensidade dos serviços prestados pelos hospitais.

 

Assim, gera-se um sistema operacional com interesses dispersos e divergentes, o que dificulta a mensuração da atividade, em decorrência de um processo decisório com diversos níveis de influência desses grupos. O processo de desenvolvimento de gestão da saúde pública não acompanhou o processo de desenvolvimento de gestão ocorrido em outras áreas. Há processos de inovação produzindo um fluxo contínuo de novos serviços, clínicas e laboratórios constituídos e em pleno crescimento no mercado, tecnologia de produção e de informação de marca mundial, mas diariamente há muitas reclamações dos clientes (pacientes), quanto a falta de atendimento e de qualidade nos serviços. Devido às características próprias dos hospitais, as técnicas tradicionais de planejamento, programação e controle de produção utilizadas nas indústrias não se adaptam completamente ao contexto hospitalar. Nos hospitais, o foco principal das atividades é o fluxo de pacientes, nem sempre bem definido e previsível, enquanto as especificações completas e explicitas dos requisitos dos produtos finais possuem consideráveis carências nos sistemas hospitalares.

 

2 DESENVOLVIMENTO

A logística é um verdadeiro paradoxo e ao mesmo tempo, uma das atividades econômicas mais antigas e um dos conceitos gerenciais mais modernos. Explico que a logística envolve a integração de informações, transporte, estoque, manuseio de materiais e embalagem. Todas essas áreas que envolvem o trabalho logístico oferecem ampla variedade de tarefas estimulantes, uma vez que a operacionalidade da logística está relacionada com a disponibilidade de matérias-primas, componentes e estoque de produtos acabados, no local e no momento onde são solicitados.

 

A concepção logística de agrupar conjuntamente as atividades relacionadas ao fluxo de produtos e serviços para administrá-las de forma coletiva é uma evolução natural do pensamento administrativo. O processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de bens, assim como os serviços e informações associados, abrangendo desde aorigem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender às exigências dos clientes.

 

A logística compreende o processo de planejamento, implementação e controle da eficiência, custos efetivos de fluxos e estoque de matéria-prima, estoque circulante, mercadorias acabadas e informações relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo com a finalidade de atender aos requisitos do cliente. É de competência da logística a coordenação de áreas funcionais da organização, desde a avaliação de um projeto de rede, englobando localização das instalações (inclusive estrutura interna, quantidade), sistema de informação, transporte, estoque, armazenagem, manuseio de materiais até se atingir um processo de criação de valor para o cliente.

 

A informação é um elemento de suma importância no processo de tomada de decisão. No sistema de saúde brasileiro, mais especificamente nos hospitais, há necessidade de se utilizar instrumentos que auxiliem na produção de informações de apoio a gestão, pois apenas quinze por cento dos hospitais brasileiros tem sistemas informatizados de gestão. Comparando os serviços envolvidos na saúde a outros processos produtivos, as atividades de apoio aos serviços hospitalares representam parte importante do custo total de uma organização de saúde. Portanto, a racionalização de recursos e a busca de otimização da eficiência da logística de abastecimento de um hospital é altamente relevante, especialmente no contexto brasileiro.

 

Geralmente em uma organização de saúde, o hospital utiliza o almoxarifado de medicamentos, buscando redução do custo de transporte do distribuidor até o local desejado pela empresa, quando solicita maiores quantidades de medicamentose materiais diversos, bem como coordenação e regulação da disponibilização de produtos, pois a falta de algum medicamento em uma situação de emergência pode gerar consequências irreversíveis ao cliente que necessita do medicamento. A farmácia hospitalar depende de uma logística bastante complexa quanto ao abastecimento e distribuição de medicamentos, uma vez que, como cabe a elas prestar serviços destinados a saúde, é imprescindível que tenham em estoque todos os medicamentos e materiais necessários para o bom andamento da instituição de saúde. Os estoques da farmácia hospitalar são caracterizados por ciclos de demandas e de ressuprimentos, com flutuações significativas e altos graus de incerteza, fatores críticos diante da necessidade de manter medicamentos em disponibilidade na mesma proporção de sua utilização.

 

Estes medicamentos/materiais são itens que chegam a representar, financeiramente, até 75% do que se consome em um hospital. O pacote de serviços que envolvem a logística é resultante de uma sequencia de passos ao longo do sistema produtivo, incluindo a gestão de fluxos de materiais e informações. Sendo assim, em cada fase do processo logístico ocorre o fornecimento de um serviço que contribui para o resultado final, seja um produto ou a prestação de um serviço ao cliente.

 

Em se tratando dos hospitais, diferenciados por uma variedade de entradas de pacientes, de materiais e de informação, torna-se mais necessária à estratégia da logística. Explica-se que os hospitais têm duas alternativas para melhorar as expectativas de seus usuários: melhorar a capacidade disponível ou aumentar a produtividade do sistema existente. A primeira alternativa encontra resistência na atual diminuição de custos do setor e a constante escassez de recursos. De tal modo, o aumento da produtividade do sistema existente lastreado na redução de custos e incorporado ao aumento da eficiência logística, aparece à melhor alternativa a ser alcançada. Partindo desse ponto de vista, a logística hospitalar merece ser definida e enfatizada separadamente, sobretudo os materiais hospitalares. Destaca-se que os materiais hospitalares são entendidos como conjunto de recursos não humanos e não financeiros que englobam, portanto, materiais de consumo, matérias-primas, medicamentos, gêneros alimentícios, materiais importados, produtos em transito, produtos em processo, produtos acabados, materiais auxiliares, consignações.

 

3 CONCLUSÃO

Os hospitais públicos sofrem da escassez de recursos, principalmente de recursos financeiros, o que gera um impacto negativo nos atendimentos à comunidade. Este artigo responde se as restrições do sistema de armazenagem, de reposição e de distribuição de medicamentos e materiais médicos em uma unidade hospitalar pública, provocam falta de medicamentos e de materiais médico, elevação dos custos e ineficiência no atendimento ao paciente. Para responder essa questão, a pesquisa teve como objetivo estudar o sistema de suprimento, armazenagem e distribuição de medicamentos e materiais médicos. A instituição estudada é caracterizada como hospital geral, localizada no Vale do Paraíba, estado de São Paulo. Foi aplicada a metodologia de estudo de caso, com a finalidade descritiva e abordagem qualitativa. Realizado o levantamento dos serviços prestados, do inventário e do consumo de medicamentos e materiais médico, constatando que é possível tirar conclusões úteis para o planejamento, programação e controle da produção - PPCP dos serviços prestados, com exceção das cirurgias oftalmológicas, pela sua elevada variação, tanto para baixo quanto para cima. Neste caso é necessária uma atenção especial, mesmo com alto estoque, corre-se o risco da falta do medicamento e material médico para o paciente.