LÓGICA COGNITVA/VIVENCIAL:

A GESTORA DA NOSSA DINÂMICA VIVENCIAL

Na visão do autogerenciamento vivencial, todo ato humano está fundamentado em uma lógica e, essa lógica é composta de duas faces: a cognitiva, que se refere ao conhecimento que nos ensinam, e a vivencial, que se refere ao conhecimento adquirido através das vivências. Logo, não existem atos cognitivos nem vivenciais que sejam involuntários ou inconscientes.

Esse binômio compõe a dinâmica vivencial, responsável pelo gerenciamento de nossas atitudes e comportamentos, determinando a maneira como interagimos com o mundo interior e exterior.

A lógica cognitiva, por ser fruto de conteúdo formal, sistemático, de natureza empírica, é um conhecimento que existe fora da pessoa, não dependendo dela para ser verdadeiro. O seu conteúdo é aprendido e repassado, como o aprendizado das funções matemáticas e das regras sociais.

Esse conhecimento busca homogeneizar atitudes e comportamentos, onde o direito de escolha se restringe em querer ou não aprender, não podendo de modo algum ser modificado.

O saber cognitivo é resultado de uma acumulação progressiva de verdades objetivas e científicas, a partir das quais, podemos conhecer as coisas e dominá-las. A sua experiência, o seu aprendizado e a interpretação do erro seguem um caminho próprio, sendo nomeados como: experiência cognitiva, aprendizado cognitivo, erro cognitivo.

Já a lógica vivencial é um saber particular, subjetivo e relativo que depende da experiência vivencial para existir.  Um saber ligado não ao que nos acontece e sim, ao modo como lidamos com os acontecimentos.

Existe no íntimo do indivíduo, logo, é indissociável da nossa personalidade, sendo cada pessoa responsável pelo seu juízo de valor e pela maneira que irá viver a vida.

Por ser fruto das interpretações individuais, ninguém pode vivenciar a experiência vivencial do outro. Mesmo sendo alguns acontecimentos comuns a todos, o aprendizado será sempre singular e único, assim como a maneira de reagir e sentir o mundo e a nós mesmo não será igual. Por isso o vivencial é imprescindível.

A sua experiência, o seu aprendizado e a interpretação dos erros além de serem diferentes do cognitivo, seguem uma lógica própria, sendo designados como: experiência vivencial, aprendizado vivencial e erro vivencial.

Ela influi decisivamente na percepção, no pensamento, na vontade, na ação, na harmonia, na saúde e no equilíbrio da pessoa. Ela é a chave da nossa harmonia vivencial.

Dependendo do elemento instigador que estrutura a idéia-força (medo, ansiedade, etc.), que a constituí, a lógica vivencial pode se tornar uma espécie de freio aos nossos processos psíquicos, na medida em que pode criar um estado de dormência em nossa atividade mental, corrompendo o nosso juízo crítico, nos tornando desorientados e submissos. É importante ressaltar que o elemento instigador que compõe a nossa ideia-força e estrutura a nossa lógica vivencial é proveniente das nossas escolhas vivenciais.

A lógica vivencial representa a nossa realidade, seja imaginativa, seja real e terá para cada pessoa um significado específico. A sua importância será sempre proporcional ao valor que os fatos têm para cada pessoa. Somos nós que decidimos o que vamos conhecer, ter e ser, ou ainda, qual a verdade a seguir e a forma de agir. Ninguém faz nada por acaso, sempre existirá um motivo, uma necessidade.

Em nossa interação com o mundo, a lógica vivencial tem como função gerenciar as nossas respostas para cada experiência vivencial, sendo, portanto, a grande coordenadora das nossas atitudes e pensamentos. É através dela que expressamos e damos sentido e valores ao que fazemos e sentimos.

Ou seja, a lógica vivencial é o atributo psíquico que coordena a nossas interações vivenciais com o mundo exterior e interior. Coordena o que está fora de nós, como os fatos e acontecimentos, e o que está dentro de nós, os nossos medos, conflitos e anseios. Atua também sobre os fatos e acontecimentos do passado e sobre as nossas perspectivas futuras.

A lógica vivencial depende da nossa escolha vivencial para ser construída e da memória para ser lembrada, sendo cada nova vivência a força propulsora de criação e/ou alteração da nossa lógica vivencial.

Para o autogerenciamento vivencial, a lógica vivencial determina a nossa dinâmica vivencial, o modo como iremos reagir aos estímulos, tirando da emoção o seu caráter impulsivo.

Surge então a pergunta: será que o emocional é a causa maior dos nossos sofrimentos e dos nossos desequilíbrios, ou será o modo como interpretamos as nossas vivências, através da nossa lógica vivencial, o causador de tudo?

Pensemos: se cada vivência gera uma lógica vivencial que se utiliza de diferentes expressões emocionais para revelar ao mundo o que estamos sentindo, como então manter e justificar uma expressão emocional sem que a razão não esteja presente?

Na visão do autogerenciamento vivencial, na construção da lógica vivencial, razão e emoção são parceiras. Ambas são partes da mesma trama, não podendo ser analisadas separadamente, tendo cada uma sua função dentro da construção e da expressão da nossa lógica de vida.

A razão tem o papel de compor cada situação dentro de uma lógica que explique e justifique o ato vivencial. A emoção, por outro lado, tem como função expressar para o mundo exterior o que estamos sentindo, em decorrência daquele ato vivencial. Assim, a razão precisa da emoção para se expressar e a emoção precisa da razão para saber o que expressar.

É importante gerenciar o nosso estado psíquico para que ele não venha expressar um descontrole no comportamento e na emoção.

Atenção! Ninguém consegue pensar que está alegre e comportar-se de maneira triste ao mesmo tempo. Sabe por quê? Porque a razão e a emoção são parceiras na construção e na expressão de um pensamento, de uma atitude ou de um comportamento.

Analisemos o caso do polígrafo, aparelho detector de mentiras que mede alterações psico-fisiológicas, construído no fundamento de que a pessoa expressa o que pensa e que é difícil desconectar o que se pensa do que se sente. Logo, viver um ato constituído de uma lógica cognitiva/vivencial desprovida de emoção não é possível. Podemos sim escolher que tipo de lógica cognitiva/vivencial nós utilizaremos em nossa interação com ele, o que nos leva a expressar as emoções constituídas de vibrações desagradáveis ou o que nos leva a expressá-las com vibrações agradáveis. Na realidade, não há como vivermos indiferentes aos acontecimentos da vida.

Julgar que estaremos protegidos caso não nos envolvamos emocionalmente, sem dúvida é cometer um engano duplo: primeiro não existe ato vivencial sem emoção, segundo, em vez disso nos ajudar a compreender e superar um conflito nos manterá presos a ele. O medo de vivenciar os próprios sentimentos faz com que a pessoa os isole e, dessa forma, isola a si mesma da vida.

Assim, por meio de uma lógica cognitiva/vivencial responsável, é possível à mente humana alcançar um desenvolvimento equilibrado, isto é, iremos conquistar nossa realização como pessoa e cidadão.  O grande obstáculo é que a nossa mente cria padrões de referências vivenciais (memórias vivenciais) que poderão nos aprisionar a traumas, complexos e obsessões.

Assim, para transmutar um estado emocional, precisamos buscar, com o uso da autorreflexão, novas razões que nos possibilitem expressar novas emoções. Precisamos estar aberto a novas experiências, pois o novo é sempre um estímulo para que haja mudanças em nossa relação com o mundo.

Acreditar que a indiferença é solução para os conflitos, é ignorar o verdadeiro sentido de estar no mundo. É fuga! É ilusão! Coisas que nos transformam em pessoas incapazes de lidar com os próprios dilemas.

                  Alguém deixa de sofrer por que recalca as suas emoções? Por que, então, usarmos a irracionalidade para nos machucar?

Reflitamos! Quando quisermos mudar algo em nós, devemos buscar novas razões, retirando da situação atual qualquer influência sobre os sentimentos e emoções que iremos expressar. Sentimentos, pensamentos e comportamentos são passíveis de mudanças, basta desejar, pensar novas escolhas e agir.

 

“PENSE NISSO”

 

“ASSUMA A DIREÇÃO DA SUA VIDA”


Drº Cláudio de Oliveira Lima – psicólogo

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